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O papel do RH na inserção de pessoas com deficiência no mercado de trabalho| Fonte: Shutterstock

Um dos assuntos em alta no mundo corporativo é a inclusão. No entanto, de acordo com relatório divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 7 em cada 10 pessoas com deficiência estão fora do mercado de trabalho. Esse levantamento mostra que os deficientes continuam enfrentando dificuldades para entrar no mercado de trabalho, lidando com o preconceito e falta de oportunidades. 

A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência Lei nº 13.146/2015 visa a inclusão e cidadania de pessoas com deficiência, como ter o direito de trabalhar. Mas conseguir uma vaga de emprego está cada vez mais difícil e fica a pergunta: qual o papel do RH na inserção desses profissionais no mercado de trabalho?

Papel do RH: Inclusão de pessoas com deficiência vai além de preencher cotas

A Lei 8213/91 art. 93 diz que empresas com mais de 100 empregados ou mais são obrigadas a preencher de 2% a 5% dos seus cargos com pessoas portadoras de deficiência ou beneficiários reabilitados.

Em tese, essa lei é cumprida, mas ainda falta muito para que a inclusão seja realmente eficiente. O relatório do IBGE “Pessoas com deficiência e as desigualdades sociais no Brasil” divulgado em setembro de 2022, mostra que a realidade está bem longe do cenário ideal.

Tendo como base dados de 2019, o relatório aponta que no ano da pesquisa a taxa de participação do público PCD no mercado era de 28,3%, enquanto que das pessoas sem deficiência era de 66,3%.

Além disso, também tem a questão salarial. As pessoas com deficiência recebiam o salário médio de R$1.639,00 mensais, já as pessoas sem deficiência o rendimento médio era de R$2.619.

Observando esses números podemos perceber que a descriminação com o público PCD é gritante. De nada adianta abrir vagas para esse público, se não há o respeito devido. É preciso lembrar que a pessoa que está do outro lado também pode ser mãe, pai, com responsabilidades financeiras e sonhos. 

Logo, contratar uma pessoa com deficiência e oferecer um salário baixo é discriminatório e sujeito à punição. Cabe ao RH ajudar a empresa a mudar essa visão limitada e ver além das cotas, pois existem pessoas que desejam e precisam trabalhar.

Como trabalhar os Recursos e lembrar dos Humanos

O trabalho do RH também consiste em alinhar de forma concreta os Recursos para que os colaboradores consigam trabalhar. Para isso, é preciso pensar em questões de acessibilidade para que os funcionários PCDs consigam exercer o seu trabalho.

Por exemplo, ao contratar uma pessoa surda a sua empresa está preparada para se comunicar com esse funcionário? Vai ter um intérprete nas reuniões ou os líderes e colegas serão treinados na língua brasileira de sinais? Por que não as duas coisas? 

Os recursos são importantes, mas também é preciso lembrar que existe um ser humano por trás do número. Por isso, é preciso implementar uma inclusão realmente efetiva, um trabalho de experiência desse funcionário que ele se sinta realmente parte da empresa. 

Sendo assim, treinamentos, palestras e até um happy hour que abrace a todos os funcionários, sem distinções, faz a diferença e influência na satisfação desse colaborador.

O trabalho de inclusão e sua influência no Employer Branding

Quando uma empresa se empenha de fato a trabalhar a inclusão, isso ajuda na reputação da marca empregadora. O que isso significa? É criada uma percepção positiva sobre a empresa e ela se torna um local de trabalho desejado.

Uma corporação inclusiva, além de fazer o seu papel na sociedade e contribuir com a economia, também atrai e consegue reter talentos. 

Deficiência não significa incapacidade

O preconceito ainda é uma realidade e combater esse problema é fundamental. Ainda existem muitos casos de pessoas com deficiência que sofrem preconceito e que não são valorizadas. Por isso, o papel do RH é essencial para conseguir fazer a diferença dentro do ambiente corporativo.

É preciso entender que a deficiência de uma pessoa não significa incapacidade de ela exercer uma determinada função. Como vimos, o RH juntamente com a liderança da empresa tem que oferecer equipamentos, ferramentas e acessibilidade para que esses funcionários possam exercer o seu trabalho. 

Fazer o trabalho de uma maneira um pouco diferente, não significa que será mal feito. O que muitas empresas não percebem é que esse olhar limitado de “capacitismo” pode deixar passar despercebido muitos talentos.

Case Natura: uma visão além da cota

A Natura é uma das empresas mais admiradas pelo mundo devido ao seu trabalho de sustentabilidade, mas também pela inclusão. Desde 2019 a empresa está trabalhando para aumentar o número de funcionários PCDs e capacitá-los profissionalmente. A primeira iniciativa foi investir na capacitação de, 50 colaboradores, nomeados como padrinhos. Eles aprendem voluntariamente a Língua Brasileira de Sinais para apoiar os colegas com deficiência auditiva e ajudar no dia a dia. 

As iniciativas não são restritas aos escritórios. Atualmente 23% dos pontos de venda contam com colaboradores com deficiência intelectual. O ganho da empresa está em  contratar talentos que muitas vezes passam despercebidos devido a deficiência. Esse é um exemplo claro de que o papel do RH em contratar pessoas com deficiência vai muito além de preencher cotas e fazer bonito para o mercado.

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