Por Priscila D’Amora
Engana-se quem pensa que um veterinário está restrito ao ambiente das clínicas e pets shop . Para ser bem sucedido e fugir da obviedade da profissão são necessárias, além de noções de mercado, conhecimentos administrativos, de finanças, marketing e vendas.
Reconhecendo essa necessidade e preenchendo uma lacuna ainda pouco conhecida pelos profissionais da área, Flávio Hirose apostou no sucesso de quem procura um diferencial na carreira e hoje é gerente de vendas da divisão veterinária do laboratório farmacêutico Boehringer Ingelheim do Brasil. Confira na entrevista exclusiva que concedeu ao Empregos.com.br como ele fez para superar esse desafio e abrir um novo campo de atuação para os veterinários e as dicas que dá para os jovens estudantes e profissionais.
Empregos.com.br – Qual a sua formação?
Flávio Hirose – Sou veterinário desde 1987 pela UNESP, em Jaboticabal, e pós-graduado em Administração e Marketing, trabalhei em áreas técnicas como veterinário de campo em fazendas, ligado à produção de suínos. Sou consultor nessa área há aproximadamente sete anos. Atualmente, sou gerente de vendas da divisão veterinária do laboratório farmacêutico Boehringer Ingelheim do Brasil.
Empregos.com.br – Como é a atuação de um gerente de vendas que também é veterinário?
Flávio Hirose – Exerço atividades ligadas diretamente ao cliente, que vai desde contatos comerciais até contatos técnicos. Ir a campo, viajar bastante e lidar com planejamento são algumas das minhas funções. O mais importante é a parte que envolve gestão de pessoas. Quando técnicos não sabemos fazer esse tipo de gestão que envolve o estímulo e o desenvolvimento de potencial para que as funções sejam cumpridas. E isso tem que ser feito em setores como, TI, finanças, por exemplo, que são áreas das quais, indiretamente, dependemos.
Empregos.com.br – Como foi feita essa transição em sua carreira?
Flávio Hirose – Já faz 13 anos que trabalho com marketing. Um dos motivos para essa escolha foi o fato de encontrar ali um ambiente mais amplo. O que marcou essa transição foi um feedback negativo de uma entrevista de emprego, pois eu tinha todas as qualificações para preencher a vaga e não fui escolhido. A empresa precisava de um profissional que detivesse outras características além do conhecimento específico de veterinário. Eu era muito qualificado, porém o mercado queria um profissional renovado com uma visão mais ampla de marketing. Foi um retorno negativo que serviu como dica e orientação para arriscar novas áreas para futuramente encarar o mercado de trabalho de uma maneira diferente.
Empregos.com.br – Essa área hoje em dia é bastante conhecida? Existe algum tipo de treinamento e referência para esse profissional?
Flávio Hirose – Em determinadas empresas as pessoas que ocupam esses cargos foram promovidas não porque foram preparadas, mas, sim, porque desempenhavam um bom papel. Então, para se ter exemplos ou referências foi muito difícil, já que o número de pessoas nessa área era bastante reduzido. Quando comecei na parte comercial fui ganhando espaço e experiência com a minha vontade e esforço, tive que correr atrás.
Empregos.com.br – Como está o mercado atual para esse profissional?
Flávio Hirose – O mercado é bastante interessante. O veterinário não está sabendo aproveitar e explorar as oportunidades do mercado, ele está se restringindo e perdendo o espaço. Por exemplo, o engenheiro agrônomo tem uma abertura maior que o veterinário porque se destaca em áreas que envolvem atividades de marketing e finanças, por isso transita com mais facilidade. Comércio exterior e agronegócios são áreas promissoras, já que o Brasil é conhecido como celeiro do mundo em alimentos. Embora ache que é uma área que ele não atue, está deixando um campo que pode ser muito promissor.
Empregos.com.br – No que diz respeito ao incentivo da empresa e preparação dos profissionais, como é a postura da Boehringer ?
Flávio Hirose – O que me atraiu na Boehringer foi o fato de que embora seja uma multinacional, é uma empresa extremamente acessível. Um local onde as informações e o convívio são muito fáceis, você se sente bem. Mesmo trabalhando no Brasil, tenho livre acesso a qualquer unidade da empresa. No que diz respeito ao suporte, são realizados cursos de início de ano que fazem parte do processo de desenvolvimento de pessoas. Cada funcionário passa por uma avaliação para trabalhar pontos que precisam ser melhorados. Temos cursos e treinamentos para aprimorar e desenvolver os funcionários, além da liberdade de participar de congressos dentro e fora do Brasil.
Empregos.com.br – Quais são as dicas para o profissional que quer se colocar bem no mercado?
Flávio Hirose – Sair da faculdade com uma cabeça apenas técnica de veterinário não é um bom caminho para quem quer alcançar um bom posicionamento no mercado, já que na veterinária existem muitas áreas que são interessantes e muitas atividades a se seguir. Ele tem que continuar a se preocupar e se adaptar à realidade fora das universidades, conhecendo quais são as áreas que ele pode atuar. Durante a formação é preciso se interessar por atividades que não sejam somente presentes em sala de aula. É necessário Inglês, pois muitos mercados fora do Brasil podem ser explorados. Você ganha uma experiência fantástica, além de engrandecer seu currículo e expandir suas possibilidades. Enfatizar o fato de que, independentemente de ser um veterinário, 99,99% da chance de sucesso depende dele. Antes de esperar algo, ele tem que correr atrás. E o mais importante, muitas pessoas acham que acabando a graduação é hora de parar de estudar. Muito pelo contrário, não podemos nos acomodar e parar no tempo nunca, o caminho é continuar se aprimorando e agregando conhecimentos sempre.
Veterinário que vende
Flávio Hirose, gerente de vendas da Boehringer Ingelheim, conta como é possível ir além da profissão
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