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Você sabe o que faz um gerente de finanças estruturadas? Nós também não sabíamos. Para descobrir do que se trata e contar para você, fomos conversar com Carlos Ferreira de Araújo, o gerente de finanças estruturadas do banco Unibanco. Além de falar de sua rotina, ou falta dela, Carlos também deu dicas para aqueles que quiserem seguir por esse caminho. Boa leitura e descubra essa profissão!
O que é
Carlos é gerente de finanças estruturadas da divisão internacional do Unibanco – como é montada em moldes internacionais, a área é chamada de Structured Finance. “De forma simplificada, meu trabalho consiste em convidar e ser convidado por outros bancos para dividir riscos em uma transação”. Quando o banco visa um negócio com uma empresa, mas precisa dividir os riscos da operação, entra em contato com outras instituições para formar um sindicato. O banco que toma a iniciativa da negociação e obtém a aprovação da empresa tomadora dos recursos possui o mandato do sindicato e costuma disponibilizar a maior parte do risco, além de, ao final da operação, obter mais retorno financeiro.
A profissão, de acordo com Carlos, surgiu em meados dos anos 70 na Europa, mas foi rapidamente incorporada ao Brasil. “Possuímos um sistema bancário muito eficiente e que se equipara aos melhores do mundo”. Se você gosta lidar com finanças e tem interesse pelo mercado internacional, essa carreira pode ser uma boa opção – mas há muitos degraus a subir para os que desejam conquistar o posto (leia abaixo em Dicas para chega lá ).
Requisitos
Para atuar em finanças estruturadas internacionais, Carlos afirma ser importante conhecer a fundo o mercado e possuir uma boa rede de contatos. Não há um curso de graduação específico para o cargo, mas possuir sólida base de conhecimentos financeiros e falar inglês fluentemente é imprescindível. “Eu diria que quem fala inglês e espanhol fluentemente já absorve 98% do mercado”, diz ele, que também recomenda o alemão como terceira língua. Como trabalha na divisão internacional do banco, ele precisa ter conhecimentos profundos em finanças e legislação internacionais. “Há profissionais que atuam na mesma área, só que nacionalmente. O trabalho é basicamente o mesmo, mas as leis de cada lugar são muito específicas”. Ou seja, para obter êxito em finanças estruturadas, é preciso ser um especialista na área.
Perfil do profissional
Segundo Carlos, os profissionais de finanças estruturadas normalmente são pessoas mais formais e muito práticas. Mas quem pensa que esse perfil encaixa-se melhor ao universo masculino, engana-se. “Há, sim, muitas mulheres na área. Algumas até comandam equipes”. Organização e flexibilidade são outras características inerentes ao profissional, já que deve possuir excelência na resolução de questões urgentes e ter a habilidade de conquistar novos clientes e parceiros.
Dia-a-dia
O gerente diz que não há rotina em seu trabalho – e é justamente isso o que ele mais gosta em sua profissão. As atividades diárias giram em torno das negociações vigentes e exigem muito dinamismo e flexibilidade do profissional. “O estresse existe, pois a maioria das tarefas é ‘para ontem’”, conta. Por isso, praticidade e agilidade são competências fundamentais para atuar na área.
Como já dito anteriormente, Carlos pode tanto convidar outros bancos para formar sindicatos como ser convidado por eles, dependendo do “apetite” de cada instituição. “Atualmente, sou mais convidado por outros bancos. Apesar de o convidado receber uma fatia menor do montante de verba, quando se recebe muitos convites a receita acaba sendo maior”.
Formação
Carlos é formado em administração com ênfase em comércio exterior pela Umesp (Universidade Metodista de São Paulo). Para complementar seus conhecimentos, ele fez pós-graduação em Comércio Exterior também na Umesp, MBA em finanças pelo IBMEC e MBA em gestão na Fundação Dom Cabral.
Histórico profissional
Ele iniciou sua carreira em 1986 no Banco Geral do Comércio, onde trabalhou na área de câmbio. Em 92, transferiu-se para o Banco Nacional onde também operava na área de câmbio, até a instituição ser adquirida pelo Unibanco em 95. Passou então para a área de controle e informação gerencial das agências do Unibanco no exterior até, em 97, ser convidado para atuar no setor de bancos correspondentes. Iniciou essa atividade buscando recursos junto a bancos situados na América Latina para financiar exportadores e importadores brasileiros até 2005, quando já era responsável pelo relacionamento com bancos das Américas e Ásia bem como pelo gerenciamento das contas mantidas pelo Unibanco no exterior . E há cerca de um ano assumiu o cargo atual, de gerente de finanças estruturadas da divisão internacional do banco.
Desafios
Entre os desafios diários enfrentados por Carlos, ele destaca a habilidade em convencer gerentes de outras instituições para a realização de operações em conjunto. “Além disso, preciso me manter ativo e alimentar o networking para gerar a possibilidade de futuras operações”. Em meio a tantas transações, Carlos destaca o sucesso que obteve em uma operação sindicalizada de R$ 20 milhões com mais dois bancos internacionais, em que o Unibanco possuía o mandato.
A importância do network
Carlos afirma que em sua função boa parte dos negócios é gerada (ou sugerida) em eventos específicos promovidos por empresas do ramo onde o networking é de vital importância. Ele conta que há quatro principais congressos de bancos durante o ano e outros eventos em que a participação pode gerar ótimas possibilidades. “O networking é a porta de entrada para fazer negócios com outros bancos”, diz. Ele conta que, durante os eventos, as abordagens a outros profissionais ocorrem de maneira natural e informal. “Quando se é novo no meio, um colega costuma apresentá-lo a outros profissionais. Depois disso, as coisas fluem naturalmente”.
Dicas para chegar lá
Se você se interessou pela atividade de Carlos, é bom saber que é preciso acumular muita experiência em áreas específicas antes de chegar lá. Mesmo sem a necessidade de uma graduação específica para a área, é imprescindível possuir aptidão para lidar com finanças. “É recomendável fazer um estágio na área de câmbio e crédito para adquirir experiência”. Fluência em inglês e espanhol também é fundamental, além de conhecimentos gerais sobre a cultura de outros países. Carlos também dá uma importante dica para quem já está iniciando carreira na área. “Como essas operações costumam ser de médio a longo prazo (dois a oito anos), o mais importante é conseguir manter sua participação até o fim”. Ou seja, nada de tirar o corpo fora no meio de uma transação. Assim, você demonstrará credibilidade e profissionalismo, o que se reverterá a seu favor na hora de fechar novos negócios.

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