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Por Rômulo Martins

Inovações em todas as áreas do conhecimento humano têm sido estimuladas pelas organizações sob o jugo do impacto causado ao meio ambiente. Afinal, estamos na era da sustentabilidade e a ideia é criar produtos “limpos” e renováveis. Nesse sentido, o Ministério Federal de Educação e Investigação da Alemanha promoveu o Concurso de Tecnologia Ambiental “Green Talents”, que premiou três pesquisadores brasileiros.
Realizado pela primeira vez, o “Green Talents” tem por objetivo encontrar talentos científicos no campo da tecnologia ambiental. Um total de 156 jovens cientistas de 43 países participou do concurso para uma das 15 vagas. No Brasil, foram 29 candidatos.
Os vencedores foram selecionados por suas investigações que visam contribuir a longo prazo para solucionar os desafios globais, como as alterações climáticas, a diminuição dos recursos energéticos e a poluição ambiental em grande escala. Eles se reunirão em um fórum de Ciência na Alemanha.
Caetano Dorea, um dos brasileiros vencedores e pesquisador na área de Engenharia Ambiental e Hidráulica pela Universidade de Glasgow no Reino Unido, diz que o networking e a troca de ideias sobre o tema que o concurso propicia são relevantes para a sua carreira. Para ele, os profissionais devem saber que a sustentabilidade abrange diversos campos do conhecimento humano e, dessa forma, precisam identificar seus interesses e ficar atentos aos requisitos de sua área para atuar com sucesso.
Os outros brasileiros vencedores do concurso foram Antonio Carlos Caetano de Souza pela Universidade Estadual Paulista com pesquisa sobre células de combustível e utilização da biomassa como uma fonte de energia renovável e Juliana Aristéia de Lima da Universidade Estadual de Campinas com pesquisa sobre gestão sustentável na indústria química.
A onda da sustentabilidade que se apoderou das empresas devido às mudanças ambientais e climáticas e à pressão da sociedade promete mudar as formas de trabalho e os profissionais terão de se adequar a esta realidade, dizem especialistas.
“Como diz [o presidente dos Estados Unidos] Barack Obama é um novo mercado de ‘empregos verdes’. Ou seja, as pessoas vão trabalhar em indústrias de reciclagem, de produção de energia verde, de novos ciclos de produção”, diz Alexandre Spatuzza, sócio e editor da Revista Sustentabilidade.
Segundo ele, a relação emprego-salário e direitos-benefícios está ultrapassada e os profissionais terão de levar em conta conceitos de sustentabilidade para a sua carreira, já que as companhias começam a enxergar seu papel dentro desse ciclo. “As empresas vão perceber uma mudança total no jeito de encarar o sistema produtivo”, afirma.
“As mudanças serão significativas”, diz Cláudio Boechat, professor do Núcleo de Sustentabilidade e Responsabilidade Corporativa da Fundação Dom Cabral. Para o professor, estamos em uma nova era de paradigma que inclui os temas meio ambiente e sociedade com grau de importância sem precedentes, o que vai exigir dos profissionais novos conhecimentos.
“As modificações vão atingir desde os administradores aos profissionais técnicos que deverão se adequar às novas demandas. Na área de Recursos Humanos, por exemplo, será preciso selecionar pessoas, contratar e gerenciar carreiras visando a sustentabilidade”, fala.
Especialistas admitem que a sustentabilidade foi transformada em “modismo” por companhias que visam puramente a visibilidade e o lucro, porém reforçam que a temática é uma preocupação real nas empresas, tendo em vista as consequências do aquecimento global e a consciência ambiental.
“As organizações têm um posicionamento de mercado e podem aproveitar o discurso sustentável para ganhar pontos. Mas há um outro fator que está mudando as relações de demanda entre mercado e empresas. Existe a questão da produção como demanda efetiva, como também necessidades alinhadas às novas atividades que surgem. É um jogo amplo e dinâmico”, afirma Boechat.
Nova Era Segundo especialistas, as empresas estão enfrentando restrições financeiras e no mercado que as obrigam a se posicionar, melhorando suas práticas comerciais e de produção. Investimentos em pesquisas são realizados para a criação de produtos inovadores que protejam o meio ambiente. Assim, as ações dos diversos países envolvidos com a temática da sustentabilidade apontam para uma nova era.
Membro do júri no Concurso “Green Talents”, o professor Hans Joachim Schellnhuber disse que “o espírito inovador dos jovens cientistas é condição básica para a Terceira Revolução Industrial […]”.
Para Spatuzza, o conceito de sustentabilidade frente às alterações climáticas é que as tecnologias ambientais permitam novos padrões de consumo de energia, recursos naturais ou materiais. E a sociedade tem papel primordial para que esta ideia seja levada a cabo.
“Tudo começa com a conscientização das pessoas. Hoje em dia, as empresas se preocupam muito com a percepção que as pessoas têm dela. Como a consciência ambiental é crescente existem vários índices socioambientais e consultorias sobre o tema. É uma pressão que vem do público”, diz.
O pesquisador Antonio Carlos afirma que a maioria das pesquisas no Brasil é financiada pelas universidades e institutos da área e que falta investimento por parte do setor privado para propiciar um modo de vida mais sustentável à população. “Uma desburocratização na obtenção de recursos financeiros e nos registros de patentes também são itens igualmente importantes. Além disso, no Brasil, ainda não há uma consolidação no que concerne à inovação tecnológica por parte da iniciativa privada. Muitas empresas ainda compram tecnologias prontas do exterior sem geração de conhecimento no país”.
Na visão do professor Cláudio Boechat, para garantir um modelo de vida sustentável em termos de moradia, transporte e alimentação, por exemplo, a sustentabilidade precisa avançar em áreas como Medicina, Economia e Engenharia. É aí que entram os pesquisadores e os profissionais da “era verde”.

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