Carreiras | Empregos

por Luiz Alberto Marinho*
Qual é, afinal, o verdadeiro sexo frágil? Fiquei pensando nisso depois de ler duas importantes matérias publicadas agora em maio nos EUA – uma na Newsweek e outra na Business Week. Em ambas, uma avalanche de dados comprova o avanço das mulheres no mercado de trabalho. E tudo indica que a situação vai ficar ainda mais preta para o lado masculino daqui para a frente.
Nas terras do Tio Sam, assim como na Austrália, Canadá, França, Japão e Espanha, há mais mulheres do que homens, entre 25 e 34 anos, com diploma universitário e pelo menos um curso de pós-graduação. Nos EUA, em 1983, elas ocupavam somente 34% dos cargos mais altos e bem pagos nas empresas. Em 2001, esse percentual chegou a 50%. No Brasil, estudos da Fundação Dom Cabral apontam uma tendência semelhante – cresce anualmente o número de mulheres em cargos de direção nas nossas corporações.
Mais estudiosas, sensíveis e determinadas, as moças parecem mais competentes do que os rapazes para lidar com este mundo caótico em que vivemos. No passado, quando o braço valia mais do que o cérebro, e a razão falava mais alto que a emoção, o planeta era compreensivelmente dominado pelos machos. As fêmeas restava achar um parceiro, de preferência bem forte e habilidoso na caça e na defesa da família, para cuidar delas. Mas hoje as coisas são diferentes, claro. Embora muitas mulheres ainda priorizem a formação de uma família, aumenta diariamente o número das que colocam a carreira em primeiro lugar. E assim, lentamente, elas vão mudando a feição das empresas.
Quais as consequências desta tendência? Bem, de cara dá para prever uma revolução no papel tradicional de homens e mulheres. Em muitos lares elas já vão para o trabalho enquanto eles cuidam da casa. Na atual temporada americana de ‘Friends’, por exemplo, isso está acontecendo com Mônica e Chandler. Podemos também imaginar que muito em breve as empresas apresentarão culturas mais femininas e valores diferentes dos que dominaram o mundo corporativo, eminentemente masculino, até hoje.
Como seriam as empresas dirigidas por mulheres? Em seu livro ‘Marketing to Woman’, Martha Barletta resume as diferenças principais entre o modo de pensar de homens e mulheres em quatro pontos:

  • Mulheres valorizam mais as pessoas e o time, enquanto os homens procuram destacar-se individualmente.
  • Mulheres conseguem pensar em várias coisas ao mesmo tempo e sao integradoras, enquanto os homens sao mais focados e pensam em uma coisa de cada vez.
  • Mulheres sintetizam melhor, juntando as diferentes partes do quebra cabeças, enquanto os homens analisam as partes separadamente.
  • Mulheres querem conhecer a história toda, enquanto os homens preferem ficar com as manchetes e depois pedir mais detalhes do que for necessário.

Essas características femininas se encaixam mesmo muito melhor no novo cenário que se desenha para a sociedade do século 21. Empresas que valorizam ainda mais seus empregados, capazes de integrar diferentes disciplinas e mais atentas as histórias de seus clientes, fornecedores e colaboradores certamente terão mais sucesso no futuro. Resta saber se haverá lugar para nós, homens, nessas novas empresas. Ou se devemos nos matricular desde já em cursos de administração doméstica… 🙂
* Luiz Alberto Marinho é colunista do Blue Bus, de onde saiu esta coluna originalmente. Publicitário de formação, iniciou a carreira em agências de propaganda do Rio, nas áreas de planejamento e atendimento. No início dos 90, passou para o outro lado do balcão – começou a trabalhar no marketing de shopping centers. Recentemente montou sua empresa de consultoria especializada em marketing de varejo. Agora é também diretor de operações da Publicom em São Paulo. Sua coluna sai às segundas-feiras no BB.

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