por Nelson Viviani*
Hollerith ou Nota fiscal? Essa dúvida tem crescido muito nos últimos anos. Por falta de oportunidades no mercado de trabalho ou por sonhar em ser dono do próprio nariz, muitos jovens recém-formados ou não, têm sido mobilizados a escolher a segunda opção: montar um negócio.
Muito fácil, se considerarmos apenas os aspectos financeiros – dependendo do tamanho ou tipo do negócio – agregados ao talento profissional e conhecimento da atividade. No entanto, o sucesso de um empreendimento depende muito mais do que esses ingredientes. Mesmo porque muitas empresas, hoje grandes organizações, começaram do nada e algumas vezes o proprietário não tinha o mínimo talento nem conhecimento suficiente do negócio.
Se a decisão por um negócio próprio estiver sustentada, por exemplo, no fato de “não ter mais chefe” ou “não ter a obrigação de cumprir o horário da empresa”, é bom repensar ou até mesmo desistir.
Num negócio qualquer, por menor que seja, o empreendedor tem que entender que o chefe é todo o mercado e as horas de trabalho, na maioria das vezes, são maiores do que um turno normal numa empresa.
O que, então, deve ser avaliado e levado em consideração para o sucesso de um empreendimento? Antes de mais nada, gostar da atividade. Se o candidato a empresário entende que o sucesso e a realização virão puramente pelos lucros do negócio, já está começando errado. Se ele não gosta do que faz, não terá prazer em trabalhar e, por conseqüência, o mercado não vai aceitar a falta de empenho necessário para a atividade.
Muitos negócios fracassaram porque o empreendedor entendeu que “fazer pizza”, por exemplo, é um prazer enorme e, de fato, um talento indiscutível. Gostar e saber fazer uma boa pizza é apenas um dos ingredientes, porque, antes e depois da pizza pronta, existe uma série de outras atividades, burocráticas ou não, que fazem o pizzaiolo torcer o nariz e errar o ponto da massa.
Uma outra questão é a persistência. Abaixar as portas ao primeiro sinal de chuva demonstra a incapacidade de lidar com as variações do mercado e seus momentos de altos e baixos. E debruçar os cotovelos no balcão com ares de “meu Deus, não aparece ninguém aqui?”, afasta todos os clientes potencias que não gostam de cara feia.
O sucesso de um empreendimento depende de dois compromissos básicos: satisfação pessoal pelo negócio e superar as expectativas do mercado. Ser mais um, em meio à tamanha concorrência, é perder tempo e dinheiro. Seja um fã do seu negócio, um encantador de clientes, um incansável trabalhador, um perseguidor de objetivos claros e mensuráveis.
Essas são questões muito mais comportamentais do que organizacionais. Mas todas andam juntas. Afinal de contas, todas as qualidades mencionadas podem derrubar um negócio se ele não estiver bem cuidado em relação às contas, impostos, custos do negócio, preço e lucratividade, marketing, fornecedores, enfim, uma série de itens essenciais. Fazer pesquisas, mesmo por conta própria, conversar com pessoas, deixar a “papelada” para ser cuidada por quem entende, manter as contas em dia, contar com apoio de entidades ligadas a pequenas ou média empresas, são algumas opções para cuidar bem do seu empreendimento.
O verdadeiro empreendedor não é aquele que monta uma sala sofisticada com ar condicionado, secretária e frigobar. É aquele que, quando não está no balcão, está na rua, de olho na concorrência.
* Nelson Viviani é diretor da Estímulo e consultor em RH e Gestão da Qualidade
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