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Por João Prado
Não é fácil. Para quem pretende seguir uma carreira de diplomata o caminho é duro. Entre algumas coisas, a profissão exige muito estudo e boa formação escolar, o que para a maioria dos brasileiros se torna um problema. E para afunilar mais os candidatos, o curso de Relações Internacionais (RI) é um dos mais concorridos nas grandes universidades brasileiras e todo o mundo – na USP perde só para medicina.
A RI surgiu entre a Primeira e a Segunda Guerra mundial, quando o governo dos EUA entendeu que seria primordial para o futuro da econômica um profissional que fosse capaz de costurar os cenários destruídos pelo homem. Um negociador, culto, intelectualmente tenso, um estrategista. Era exatamente isso que o governo americano buscava na época. E desde então as exigências para se tornar um diplomata não mudaram, ao contrário, são cada vez mais estabelecidas com os avanços da ciência e tecnologia.
Já há algum tempo, o diplomata ocupa cargos em multinacionais que, tomadoras de decisões que afetam a economia do mundo todo, precisam de um “bom jogador de xadrez” para manter os negócios de pé. Para saber mais sobre a carreira e o mercado de RI, a reportagem do Empregos.com.br entrevistou o coordenador da Graduação de Relações Internacionais do Ibmec, José Luiz Niemeyer, que mal esperou a primeira pergunta para definir: “O diplomata é uma figura ímpar. Não existem milhões de diplomatas, mas no máximo milhares”.
Boa Leitura!
Empregos.com.br – Como surgiu a figura do diplomata?
José Luiz Niemeyer – Foi entre a Primeira e a Segunda Guerra mundial, para ocupar cargos governamentais. Os EUA buscavam um profissional que fosse um ‘costurador de cenários’, com amplo conhecimento cultural. No Brasil surgiu na década de 50, sendo assim uma profissão mais recente que as outras mais tradicionais como medicina e direito. A primeira Universidade que estabeleceu curso foi a UNB (Universidade Federal de Brasília).
Empregos.com.br – Como é a formação do diplomata?
José Luiz Niemeyer – É para poucos. As exigências são muito grandes, sendo que geralmente o estudante já chega ao curso com mais de um idioma e uma cultura elitizada. Definitivamente, os cursos de Relações Internacionais não formam milhões.
Empregos.com.br – Como é o trabalho de um diplomata?
José Luiz Niemeyer – Ele é responsável por montar as estratégias de uma empresa ou organização em momentos cruciais. O diplomata pensa como um estrategista militar, que gosta de analisar as probabilidades. Por isso o perfil de intelectual.
Empregos.com.br – Num cenário como o Brasil, as exigências educacionais tornam a profissão mais fechada?
José Luiz Niemeyer – Em relação à educação sim. Estamos falando de cidadãos que tiveram boa formação desde o ensino fundamental, o que no Brasil é um problema. Em contrapartida, cada vez mais multinacionais vêem no país uma chance de alavancar os negócios, abrindo dessa forma mais oportunidades para os candidatos.
Empregos.com.br – Em países com baixo desenvolvimento social e econômico, a figura do diplomata é ainda mais restrita?
José Luiz Niemeyer – Sim. O diplomata é peça central em países em desenvolvimento, onde as multinacionais estão chegando. Esse é um bom cenário para a profissão.
Empregos.com.br – Muito mais do que trabalhar no Itamaraty, hoje as multinacionais são as grandes oportunidades para o diplomata?
José Luiz Niemeyer – Sim. As multinacionais participam das decisões que regem a economia e conseqüentemente os governos dos países, portanto, já contam há um tempo com a figura do diplomata. Países emergentes, como o Brasil, com a chegada dessas companhias, são lugares promissores para a carreira.
Empregos.com.br – Qual o conselho para quem pretende seguir a carreira?
José Luiz Niemeyer – Que ele chegue à faculdade já com uma boa carga de leitura, conhecimento em pelo menos dois idiomas e esteja interessado em dominar assuntos como economia, cultura, negócios e política. Esse é o perfil que buscamos.

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