Você sabia que, oficialmente, o Dia do Nordestino é comemorado dia 2 de agosto? Segundo Francis Bezerra, porta-voz do Copane (Conselho Estadual de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Nordestina de São Paulo), a referência do dia 8 de outubro é “um jogo político de mau-gosto e estamos lutando para informar a população que a data correta é 2 de agosto, que também homenageia o maior expoente nacional da cultura nordestina, o Rei do Baião, Luiz Gonzaga”, explica. A data está prevista na Lei Estadual nº 8.441, de 23 de novembro de 1993.
Além da Região Nordeste do país, São Paulo é a cidade que mais abriga nordestinos. Segundo último levantamento de ampla divulgação da Fundação Getúlio Vargas, 82% da população de cidades na Grande São Paulo têm origem nordestina e nortista. Anualmente, a Secretaria da Justiça e Cidadania, por meio do Copane, promove uma série de eventos em comemoração ao Dia do Nordestino. Esse ano, as festividades aconteceram no Pátio do Colégio.
Agora que você já entendeu a importância do Dia do Nordestino (e a data correta da comemoração), o blog Carreiras apresenta duas histórias inspiradoras de nordestinos que vivem em São Paulo e que mudaram as próprias vidas. Acompanhe:
José de Nazaré
Coletor da Loga
José de Nazaré (48 anos) nasceu em Campo Lindo, mas viveu em Cariré, no Ceará. “Conheci minha mãe, mas fui criado por outra família, a de coração”, explica. Nazaré trabalhava como jardineiro, não tinha salário fixo e a cidade onde morava era muito pequena. “Vim para São Paulo com a minha tia e resolvi ficar depois da morte dela. Sabia que aqui teria mais empregos, mas nem pensava no que poderia encontrar”, relata.
Em São Paulo, seu primeiro emprego foi em uma marcenaria. Depois, se tornou ambulante e vendia água e refrigerante na rua. “Isso porque eu não sabia ler nem escrever. Era analfabeto. Era muito mais difícil para mim. Depois de um tempo trabalhando como ambulante, fiz um cadastro para ser coletor de lixo e até hoje trabalho na mesma empresa”, diz. Nazaré trabalha na Loga (Logística Ambiental de São Paulo S.A.), empresa que oferece serviços especializados de coleta, transporte, tratamento e destinação final de resíduos domiciliares e dos serviços de saúde gerados no Agrupamento Noroeste do Município de São Paulo.
Nazaré aprendeu a ler aos 43 anos e, dois anos depois, lançou um livro de poesias. “Eu havia começado a estudar no Nordeste, mas lá eu precisava trabalhar para ajudar a família e não me esforcei muito na época. Quando surgiu a oportunidade na Loga, decidi aceitar que eu precisava estudar e nunca mais parei”, comenta. “Quando meu livro foi lançado, até chorei. Eu me senti emocionado porque muitos que passaram de cargo falaram que eu nunca iria passar para motorista, pois não sabia ler. E foi muito emocionante ver que a gente é capaz e consegue!”, comemora.
Apesar das dificuldades e de aprender a ler e a escrever depois dos 40 anos, Nazaré é motivado a continuar transformando a própria vida e de sua família por meio do trabalho, que se orgulha muito, e por meio do ensino. “Nossa vida é uma luta. Vencemos uma coisa, aprendemos outra. Temos que nos esforçar sempre. Eu não sabia ler nem escrever e fiz um livro. Por isso, recebo sempre com alegria e humildade no coração toda oportunidade que tenho, isso é ser humilde. Tenho dois filhos, uma menina de 25 e um rapaz de 20, os dois são muito orgulhosos de mim porque eu soube aproveitar o que a vida me deu. Vim do Cariré, do Nordeste, e quem vem de lá tenta e sempre consegue!”, finaliza.
José Jesus Brito (Chef Brito)
Chef de cozinha e dono do restaurante Kiichi
José Jesus Brito saiu com 17 anos do sertão da Bahia para tentar a vida na capital paulistana e, logo quando chegou, enfrentou sua maior dificuldade. “Antigamente, as pessoas falavam que haviam duas opções de vida aqui em São Paulo: trabalhar em restaurante ou em uma obra. Eu preferia trabalhar em restaurante, mas tive que virar pedreiro antes”, diz. Assim, antes de entrar para o ramo da gastronomia, Brito trabalhou como auxiliar de pedreiro e lavador de peças automotivas.
No ramo culinário, Brito começou a trabalhar como ajudante de cozinha no restaurante do clube Hebraica, a convite de seu primo. Em pouco tempo, foi promovido a saladeiro. Após três anos no Hebraica, outro convite apareceu para trabalhar no extinto Mioko, na Rua Barão de Capanema, que tinha como sócio o Pelé. Em seguida, foi para o Nakombi que, de ajudante, foi promovido a Sushiman e ficou por nove anos ao lado dos chefs internacionais Ignácio Ito e Shigue Shimizu. “Foi quando realmente me encontrei e tive certeza que minha vida estaria ligada à culinária japonesa”, relata.
Quatro anos de dedicação e aprendizado como chefe de cozinha, em 2005, Brito conseguiu ir atrás de seu grande sonho: abrir o próprio restaurante. “Foram anos de pesquisa de mercado e trabalho duro em vários restaurantes japoneses, em alguns, até de graça”, comenta. Em 2007, ele convidou alguns sócios, em grande parte garçons, para abrir a primeira unidade do Kiichi, na Vila Olímpia, e em 2009, abriu a segunda na Alameda Lorena. Na sequência, vieram as da Vila Mariana e Morumbi, além do aplicativo para delivery próprio da marca.
Além do Kiichi, Brito também é sócio do restaurante Kyuurai, em Santos, e do Kiito, em Santo André. Quando o chef é perguntado sobre como conseguiu se transformar nesse empresário bem-sucedido, ele explica que depende muito da força de vontade, da dedicação e, principalmente, de fazer o que se gosta. “Quando escolhemos o que gostamos, é muito provável dar certo. Também estou sempre me atualizando com muitos cursos relacionados à culinária japonesa”, finaliza com firmeza.
O Chef Brito é casado há 20 anos, tem dois filhos: Bruno, 14 anos; e João, 18 anos, que já está seguindo os passos do pai e trabalha com ele na unidade da Alameda Lorena. Além do filho, quatro dos 11 irmãos do empresário atuam na empresa também.
O Empregos.com.br apoia a iniciativa e homenageia a comunidade nordestina que sempre desempenhou um papel importante de contribuir com o avanço das nossas cidades, além de propagar suas riquezas culturais tão marcantes.
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