Carreiras | Empregos

Se você, caro leitor, é daqueles que vive sonhando com uma carreira profissional de sucesso, repleta de realizações e reconhecimento financeiro, mas no dia-a-dia continua tentando descobrir por que é que não lhe dão uma chance para que isso aconteça, precisa saber de duas coisas importantes: a primeira, é que você não é o único. Milhares de pessoas passam muito tempo ou a vida toda cansadas de trabalhar sem obter o retorno desejado. A segunda é mais importante informação é a de que o erro está exatamente na ordem dos fatores. É preciso, primeiramente, procurar fazer algo que nos realiza e dá prazer, já que assim o talento surgirá naturalmente e com ele, o reconhecimento. O dinheiro vem como consequência pelo trabalho bem feito.
Essa é a idéia central do livro “E agora, o que é que eu faço?! – Tudo que você precisa saber para construir a carreira dos seus sonhos”, do jornalista Adriano Silva, lançado pela editora Alegro. Aos 28 anos, ele abandonou uma carreira sólida na área de Marketing para seguir pelo caminho do jornalismo, sua verdadeira vocação. Com base na própria experiência, Adriano reflete juntamente com o leitor sobre como descobrir os sinais que indicam nossas aptidões e vontades profissionais, para assim evitar que as circunstâncias nos levem a atividades realizadas por obrigação, não por prazer.
Adriano é publicitário e mestre em marketing internacional pela Universidade de Kyoto, e atualmente dirige a redação da revista Superinteressante, da editora Abril. “Você tem que olhar para o mercado e negociar com ele, mas sempre com o olho, a mão, o dedo no pulso dos seus sonhos, dos seus desejos, da sua felicidade”, afirma ele, com a segurança de quem vai todo dia para o trabalho com a certeza de ter feito a escolha certa.
O jornalista reconhece que a tarefa é árdua. Descobrir e investir em nossa verdadeira vocação exige reflexão e auto-conhecimento. Mas, segundo Adriano, não há outro caminho para o sucesso. “O importante é não duvidar daquilo que a sua voz interior está dizendo a você. As respostas não estão no mercado, nos amigos ou no professor. Elas estão dentro de você”. Confira a entrevista concedida por ele ao Empregos.com.br.
Empregos.com.br – Você mudou de carreira aos 28 anos. Existe idade ideal para fazer isso, ou para planejar a carreira?
Adriano Silva – Não, não existe. Esse livro é destinado a pessoas que têm 17 ou 18 anos, que estão em fase de decidir algo sobre a vida profissional, mas também a quem precisa reprojetar a carreira, uma vez que entendeu que há algo a ser revisto. É um livro para pessoas de todas as idades.
Empregos.com.br – Você acha que ao mesmo tempo em que existem jovens com carreiras meteóricas, existe muita gente defasada no mercado? Como resolver essa dualidade?
Adriano Silva – Essa é uma idéia que perpassa o livro todo, porque quando se fala em sucesso é impossível não pensar em ser feliz com aquilo que se faz todo dia. Para isso é preciso olhar para dentro, e não só para as demandas do mercado, para não correr o risco de acordar na segunda-feira com a sensação de que a última coisa que você quer fazer é sair para trabalhar. É preciso arrumar um tempo para refletir, apesar de ser uma reflexão dura e doída. Quando não fazemos isso, acumulamos infelicidades que pesarão no futuro próximo.
Empregos.com.br – Mas o ideal é começar a pensar cedo?
Adriano Silva – Sim. E há um outro ponto a ser considerado: no mundo em que vivemos hoje, talvez não haja só uma possibilidade de carreira. Primeiro porque vamos passar a viver mais, cerca de 80 ou 90 anos, e não dá para pensar como numa época em que as pessoas viviam menos e tinham menos expectativas. Não há preço que pague a falsa sensação de segurança e comodidade que um bom salário, benefícios ou um carro à disposição provocam.
Empregos.com.br – É necessário ou possível para o jovem livrar-se das imagens pré-concebidas sobre as profissões e das influências para tomar decisões sobre a carreira a seguir? Como?
Adriano Silva – Sim, é necessário e possível ouvir os outros, mas não introjetar os conselhos como verdades. É preciso ouvir os próprios sonhos, que são a fonte mais verdadeira.
Empregos.com.br – Você tem a carreira dos seus sonhos?
Adriano Silva – Tenho. Não foi fácil mudar e não me arrependo dos 10 anos em que trabalhei como executivo. Aprendi muito, me diverti muito, mas esgotou, e aí foi o momento de dar um salto. Não é uma questão de arrependimento, porque o que foi feito anteriormente sempre tem um valor, sempre serve para agregar algo em nós, mas sim de descoberta da verdadeira vocação.
Empregos.com.br – Você comenta no livro sobre várias coisas que gostaria de ser quando era criança. Qual a importância do sonho ou de manter o sonho de criança para a vida profissional?
Adriano Silva – O jovem é alguém que não experimentou muito a vida ainda, por isso a base de suas ações é o sonho. Isso não pode ser encarado como problema, porque é exatamente o que nos move. O problema está no adulto que deixou de sonhar, geralmente em nome de algumas garantias que não valem muito a pena. Principalmente hoje, em que quase não há mais garantias no âmbito profissional. Algumas pessoas procuram ser médicas, engenheiras ou profissões que de alguma forma transmitem segurança. Aonde é que um médico pode encontrar segurança hoje em dia? A escolha tem que ser por vocação, por prazer, porque está na sua alma. Atualmente trabalhamos cerca de 10 ou 12 horas por dia, mergulhados nas atividades. Passamos mais tempo no trabalho do que com a família. Imagine viver isso diariamente sem prazer. O cuidado que deve ser tomado ao escolher um companheiro para casar deve ser o mesmo ao escolher a profissão.
Empregos.com.br – Você dedica um capítulo do livro para falar sobre o amor. É para alertar sobre essa comparação ou porque há uma relação direta entre bem-estar profissional e pessoal?
Adriano Silva – Eu vejo muitas pessoas priorizando a vida profissional. Acreditam que é preciso primeiro ter uma profissão, se formar e se estabelecer profissionalmente para depois cuidar da vida afetiva, quando na verdade as duas coisas se completam. É assim que se constrói a felicidade. Nós estamos nesse planeta para sermos felizes, e isso acontece por meio da somatória de fatores de realização. É uma ilusão achar que podemos focar em um aspecto da vida e deixar todas as outras áreas descobertas. Em algum momento nosso coração vai reclamar.
Empregos.com.br – Você diz no livro que é preciso fazer de tudo para evitar a pergunta “E se eu tivesse feito aquilo?”, em tom de arrependimento por deixar as oportunidades fugirem. Isso é realmente possível diante das nossas condições econômicas e da urgência com que se exige formação e experiência?
Adriano Silva – Não há uma resposta geral, é preciso avaliar cada caso. Mas a idéia de que não vale a pena deixar as oportunidades da sua vida passarem em nome de dinheiro ou segurança, vale para todo mundo. Eu não nasci em família abastada, nunca tive recursos para estudar e no entanto consegui achar os caminhos para trilhar minha carreira, inclusive estudando no exterior. Mas as respostas que eu obtive serviram para mim, Adriano Silva, naquela época. Quem estiver lendo essa entrevista agora certamente obterá as suas próprias respostas, mas o importante é buscá-las.
Empregos.com.br – Quais as etapas e os itens indispensáveis para um bom planejamento de carreira?
Adriano Silva – Primeiro, claro, realizar um processo de auto-conhecimento para fazer as escolhas e o planejamento com base em suas reais aptidões. Depois, negociar permanentemente com escolas, com o seu bolso, com o mercado, empresas e instituições, sempre a fim de encontrar atalhos e condições necessárias para o seu desenvolvimento. É preciso considerar também alternativas fora do mundo corporativo, porque lá pode estar a sua felicidade também. O número de pessoas que chega aos cargos de diretoria ou presidência de empresa é mínimo, e essas poucas pessoas também correm o risco de ser infelizes. Posições de poder não garantem felicidade.
Empregos.com.br -E para atuar no mundo corporativo, qual a sua dica?
Adriano Silva – Enfoque a negociação nos problemas que você poderá resolver para a empresa e não nos que ela poderá resolver para você. Ao apresentar soluções, consequentemente os seus problemas serão resolvidos. Esse é um diferencial competitivo para quem vai participar de entrevistas de emprego, por exemplo. Soluções para os problemas é tudo o que o empregador espera de você.

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