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Formado em Administração de Empresas, com especialização em Gestão Financeira pela Universidade de Havard, o executivo Daniel Levy, novo diretor do Centro de Serviços Financeiros para a América Latina da Johnson & Johnson, relata com exclusividade ao Empregos.com.br um pouco de sua experiência e também fala de como novos profissionais devem administrar sua carreira para obter sucesso na profissão.
O executivo, que já atuou em empresas de grande porte como Gilette, Nestlé, Price Waterhouse e Organon Brasil, irá coordenar a consolidação dos processos financeiros da companhia em toda a região. Confira abaixo quais são suas expectativas e como conduziu sua carreira.
Empregos.com.br – Conte-nos um pouco sobre sua carreira como administrador? O que marcou o início da sua profissão?
Daniel Levy – Comecei a minha carreira na empresa de auditoria e consultoria Price Waterhouse, onde tive a oportunidade de desenvolver os aspectos mais técnicos da profissão. Nesse período, acumulei a função de professor do curso de pós-graduação na Universidade Federal do Rio de Janeiro e, a partir daí, a dicotomia entre o universo corporativo e o humano me encantou. Posteriormente, fui para a empresa Gillette e trabalhei em diversas funções de responsabilidades crescentes, no Brasil e no exterior. Tal diversidade de experiências contribuiu significativamente para o meu desenvolvimento como gestor. Adaptabilidade e o entendimento de como gerir o meio para obtenção de resultados foram aprendidos e desenvolvidos nesse período. Após mais de uma década trabalhando na Gillette, voltei ao Brasil como principal executivo financeiro do laboratório farmacêutico holandês Organon, com a missão de transformar uma área de finanças que era percebida como burocrática e não-agregadora de valor em parceira do negócio. Acredito que o sucesso dessa jornada foi mais uma vez fundamentado no aspecto organizacional, em que trabalhamos ferramentas de liderança fundamentais, como feedback , coaching , accountability , entre outras. E desde outubro de 2007 estou nessa grande empresa que é a Johnson & Johnson, com a responsabilidade de implementar um modelo de centro de serviços compartilhados de finanças para a América Latina.
Empregos.com.br – Quais os pontos fortes que considera em sua administração?
Levy – Foco no desenvolvimento das pessoas e da organização. A habilidade de um gestor deve ser medida pela sua capacidade de montar e desenvolver uma equipe de alta performance. Criar uma organização que reflita suas idéias e pessoas que ajam como agentes multiplicadores são fundamentais em ambientes de recursos limitados e objetivos desafiadores.
Empregos.com.br – Houve dificuldades para se adaptar a cada nicho de mercado que você atuou?
Levy – Dificuldades sempre existem, o importante é a forma com que as enfrentamos. As mudanças sempre fizeram parte de minha vida: mudanças de países, de funções, de responsabilidades, de chefes, de equipes. Quando entendemos que para sobrevivermos temos que nos adaptar (ou mudar), alteramos nosso estado normal de consciência para aceitar as mudanças como fatos naturais da vida. Todos os processos de mudança passam por algumas fases, dentre as quais: o entendimento do novo, o desprendimento do antigo, a avaliação das competências que temos, que nos ajudarão face à nova realidade, e a percepção de novas competências que teremos que desenvolver para obtermos novos sucessos. E adaptar não significa “zerar” sua bagagem cultural, mas, sim, combinar suas experiências passadas com as novas, criando assim novos modelos, esses seguramente mais ricos e vantajosos.
Empregos.com.br – Quais foram ou ainda são os maiores desafios na sua carreira? Levy – Os maiores desafios são sempre aqueles que estão por vir. Pessoas que almejam o sucesso e que o perseguem como parte da busca constante pela realização pessoal e profissional devem necessariamente se arriscar, desafiar seus próprios limites. Algo que me move muito é a incerteza do sucesso, aquele momento em que nos perguntamos se somos capazes de realizar as tarefas que nos são incumbidas. Funciona como o friozinho na barriga antes de andar na montanha-russa ou pular de pára-quedas. Ele nos avisa que estamos nos arriscando, mas nos deixa alerta para fazermos o nosso melhor a todo momento. Meu maior desafio é implementar o Centro de Serviços Compartilhados de Finanças na Johnson & Johnson América Latina.
Empregos.com.br – Explique, por favor, quais os seus planos para o seu novo cargo na Johnson & Johnson?
Levy – Em poucas palavras, queremos transformar a cara da área financeira da Johnson & Johnson na América Latina e no mundo. Encaro esse desafio como uma oportunidade única em minha carreira de promover uma mudança tão significativa em uma empresa de porte gigantesco, com faturamento mundial na ordem dos 60 bilhões de dólares. Pretendo contribuir de forma marcante na implantação de processos globais e, ao longo do caminho, preparar a organização para os modelos futuros de negócio, moldando novos talentos para formar a futura liderança da companhia.
Empregos.com.br – Como você pretende coordenar a consolidação dos processos financeiros da companhia?
Levy – Primeiramente, existe uma necessidade de alinhamento organizacional, ou seja, mobilizarmos a empresa para o entendimento de que Excelência Operacional é uma vantagem competitiva. Porque, na verdade, o que buscamos com a implementação de um Centro de Serviços Compartilhados de Finanças é excelência operacional. Paralelamente a isso, necessitamos desenvolver e implementar processos que estejam na vanguarda da indústria, que nos proporcionem uma maximização da eficiência, uma redução dos custos operacionais e fortalecimento do ambiente de controles internos.
Empregos.com.br – Atualmente, o mercado de administração está em ascensão. O que o profissional pode fazer para se manter no mercado e se tornar um executivo de sucesso?
Levy – O meu conselho aos profissionais em formação é que tenham uma percepção completa de suas necessidades de desenvolvimento. Além do seu auto-julgamento, perguntem aos seus líderes, colegas e subordinados quais são as suas percepções sobre aquelas funções ou habilidades que você demonstra e quais as que você precisa se desenvolver. É importante a humildade de saber que a nossa percepção de nós mesmos representa somente parte daquilo que realmente somos. O restante é formado pela percepção das pessoas que nos rodeiam. Devemos buscar feedback constante para que tenhamos sempre uma visão atualizada de nossas necessidades de desenvolvimento. Um outro ponto fundamental para que o profissional seja diferenciado hoje em dia é o que chamamos de curiosidade intelectual ou o incansável questionamento do status quo . Essas habilidades, quando exercidas construtivamente, levam a pessoa, o time, e a organização a um estado de busca pela melhoria contínua. No mais, falem outras línguas, trabalhem em equipe, e tenham os seus princípios éticos acima de tudo.
Empregos.com.br – Você enfrentou alguma dificuldade para aplicar algum método administrativo em toda a sua carreira? Explique por quê?
Levy – Meritocracia. Grandes organizações têm certa dificuldade em deixar a complacência de lado e implementar sistemas que recompensem e incentivem a alta performance dentro da organização. Porém, essas mesmas organizações têm em seu discurso um forte apelo de desenvolvimento e gestão de talentos. É certo afirmar que profissionais talentosos e com performance acima da média tem em seu DNA uma insatisfação com o tratamento igual para desempenhos diferenciados – e normalmente tendem a não coexistir em igualdade de condições com seus colegas medianos, fazendo com que o tiro saia pela culatra e a retenção de talentos seja um desafio muito grande. O regime de meritocracia seria como a cenoura de Adam Smith, movendo sempre adiante aqueles que querem se mover adiante, porém também deixa para trás aqueles que não têm a mesma motivação. A meritocracia traz resultados efetivos em termos organizacionais, mas tem também um custo humano, uma vez que, de tempos em tempos, reestruturações se fazem necessárias.

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