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Com 29 anos e residente da capital paulista, Elise Passamani acaba de assumir a diretoria de Recursos Humanos do Grupo Newcomm, uma associação formada em 2004 pela junção do grupo britânico WPP com o empresário / celebridade Roberto Justus.
Passamani pode parecer um tanto nova para o cargo (e de fato é), mas garante: “sou nova, mas tenho experiência”. E não exagera ao afirmar.
Nascida em Brasília e criada em Quirinópolis, município localizado no sudoeste do estado de Goiás, Elise Passamani teve seu primeiro emprego aos 8 anos, quando acabara de aportar na capital Goiânia. Trabalhou como caixa de fast food aos 13, morou nos EUA com 15 anos, foi micro-empresária aos 16, estudou na Espanha com 20 e, um ano depois, cursou Engenharia da Administração na Universidade de Karlsruhe, Alemanha.
À primeira vista, um currículo exemplar. Entretanto, nada disso se compara à última experiência, que deu a grande guinada em sua vida. Com 24 anos, Elise participou do primeiro programa O Aprendiz , reality show produzido pela Rede Record em parceria com o canal pago People & Arts e apresentado por Justus. No programa, 16 candidatos concorreram a um contrato em uma das empresas do publicitário e apresentador.
Elise não venceu a disputa, mas, com a sua dedicação, vontade e paixão pelo trabalho, conquistou a confiança e o respeito de Roberto Justus. E ele não teve dúvidas: demitiu-a por sua juventude no show de televisão, mas contratou-a na vida real.
No Grupo Newcomm, Passamani teve uma ascensão meteórica, passando de assistente a diretora em apenas quatro anos. Como isso é possível?
Ela responde.
Boa leitura!
Empregos.com.br – Elise, você é formada em Administração de Empresas, tem curso de extensão em Engenharia da Administração e é pós-graduada em Gestão Financeira e Controladoria. Como aportou no universo dos recursos humanos? Conte-nos, por favor, um pouco da sua trajetória.
Elise Passamani – Foi uma coincidência. Após minha participação no programa O Aprendiz que tive a oportunidade de entrar nesta área específica. Anteriormente eu tinha sido micro-empresária e atuava em todas as áreas, desde recrutamento e seleção da equipe até precificação de produtos, negociação com fornecedores entre outros trabalhos. Eu tinha uma loja de conveniência num posto de gasolina, que era uma loja bastante grande se comparada com o padrão do mercado. Então tive a oportunidade de atuar em todas as áreas de uma empresa, mas sem foco específico.
Empregos.com.br – Você começou a trabalhar com quantos anos?
Elise Passamani – Eu comecei a trabalhar, na realidade, com 8 anos de idade. Passava as férias de julho trabalhando na recepção do hospital do meu pai, ajudando a telefonista. Meus pais sempre fizeram questão que, desde cedo, eu e meu irmão tivéssemos um senso de responsabilidade e trabalho.
Empregos.com.br – E depois disso, como seguiu sua vida acadêmica e profissional?
Elise Passamani – Meu pai é médico, e minha mãe, empresária. Quando eu tinha 13 anos, minha mãe era dona de uma loja de fast food no shopping center de Goiânia, e eu era caixa desta loja. E era dona do meu caixa. Tinha que fechar e prestar contas. Enfim, tinha todas as responsabilidades mesmo. Fiz High School nos EUA com 15 anos, depois fui para Salamanca estudar espanhol na Universidade de Salamanca. Quando resolvi estudar alemão, perguntei no primeiro dia de aula para o professor em quanto tempo estaria pronta para morar na Alemanha. Ele respondeu “daqui a dois anos”. No mesmo dia, sentei com os meus pais e falei que em dois anos iria morar na Alemanha. Aí fiz tudo o que tinha que fazer e acabei conseguindo uma bolsa para estudar na universidade de Karlsruhe, onde fiquei por 13 meses, cursando Engenharia da Administração, que é um curso de administração de empresas, como eu fazia no Brasil, na Universidade Católica de Goiás, mas com foco em negócios.
Empregos.com.br – Como aconteceu sua participação no programa O Aprendiz ?
Elise Passamani – Eu era viciada no The Apprentice (versão norte-americana do programa O Aprendiz ). Mas viciada mesmo, de não marcar nenhum compromisso na hora do programa. Uma tia minha ficou sabendo que teria uma edição brasileira do The Apprentice e, como já sabia que eu adorava o programa, me ligou para avisar. Eu sou do interior, sabe, e tudo o que acontece na ponte Rio-São Paulo parece uma realidade muito distante. Então achava que era impossível eu entrar no programa. Mas, ao contrário do que pensava, fui passando nos processos seletivos.
Empregos.com.br – E como foi sua participação?
Elise Passamani – F ui demitida no oitavo episódio da primeira edição. Eu fiquei em oitavo lugar.
Empregos.com.br – Por que você acha que foi demitida no programa?
Elise Passamani – Por várias razões. O Roberto disse na minha demissão que eu era muito júnior para aquela posição que ele tinha para oferecer e, realmente, eu era a segunda mais nova dos 16 participantes. Mas o Justus também disse naquele dia que ele me via no futuro da empresa, que eu tinha o perfil, mas que não era naquele momento para aquela vaga. E acho que foi justamente isso. Não me sentia preparada para assumir nenhum tipo de diretoria naquele momento.
Empregos.com.br – Quando entrou no programa, você acreditava que poderia ganhar?
Elise Passamani – Eu entrei muito confiante, mas, sinceramente, depois que conheci a Viviane, que foi a vencedora, olhei para ela e falei: ‘não sei o que estou fazendo aqui’. E ela perguntou por quê. E eu falei: ‘porque você é quem vai ganhar’. Hoje trabalhamos juntas e de vez em quando a gente brinca relembrando do O Aprendiz . Ela é brilhante, e eu vi isso com cinco dias de convivência, que ela era realmente imbatível. Mas, enfim, lutei e dei o meu melhor em todas as tarefas.
Empregos.com.br – Por que você acha que o Justus resolveu contratá-la depois do programa?
Elise Passamani – É muito difícil falar de si, mas eu acho que tenho realmente um perfil em que, literalmente, visto a camisa. Quando me apaixono por alguma coisa, eu realmente me apaixono. Então acho que isso tenha a ver.
Empregos.com.br – Como foi sua entrada no Grupo Newcomm? Por que você foi escolhida para atuar na área de RH?
Elise Passamani – Acho que foi uma visão do Roberto com a ex-diretora de RH do Grupo Newcomm, que era conselheira dele no programa. Acho que, a partir da minha atuação dentro do programa, eles sentiram que eu poderia desenvolver uma carreira nesta área e já fizeram o convite bem direcionado. Então, quando fui convidada, já era para a área de recursos humanos.
Empregos.com.br – Como foi o processo de crescimento dentro do Grupo Newcomm?
Elise Passamani – Foi rápido. Eu comecei, verdadeiramente, como assistente. Fiz questão e tive que aprender tudo o que uma estagiária faria, o que uma assistente faria ou o que uma supervisora faria. Qualquer tarefa eu encarava. Acabei até fazendo um pouco de secretariado para a diretora.
Empregos.com.br -Apesar de você ter estudos na área de RH, você não tinha experiência …
Elise Passamani – Tinha pouca, aprendi mesmo no dia-a-dia. Como comecei bem lá detrás, tive a oportunidade de aprender todos os processos e de ver outros profissionais da área atuando de formas mais estratégicas. Então, foi dentro do ambiente de trabalho onde absorvi todo o conhecimento de RH. A partir daí, busquei outras formas de me especializar, como com alguns cursos, seminários e palestras.
Empregos.com.br – Em quatro anos você passou de assistente a diretora. A que você atribui essa ascensão meteórica?
Elise Passamani – Eu já tinha um conhecimento de negócio, como tocar um negócio. Hoje faço recrutamento e seleção de profissionais e vejo que as pessoas são muito despreparadas, que muitas delas não têm a oportunidade de realmente saber o que acontece e como as coisas acontecem dentro de uma organização e no mundo dos negócios. Como tive meu próprio “micro-negócio”, tinha que saber negociar, saber o que é uma nota fiscal, quais eram os trâmites dentro da prefeitura para abrir uma empresa, o que era um CNPJ, quais eram os investimentos que eu tinha que fazer, o que é capital de giro e, querendo ou não, acho que esse foi o grande diferencial que tive.
Outra coisa, eu sempre fui atrás e nunca tive vergonha de falar “não sei”, “me ensina” ou “me ajuda”.
Empregos.com.br – Você acaba de assumir um novo cargo, passando de gerente para diretora de RH do Grupo Newcomm. O que muda? Quais são os desafios?
Elise Passamani – Como diretora, agora, preciso ter uma visão estratégica das quatro empresas do grupo (Y&R, Wunderman, Energy e Ação). Antes eu tinha um foco mais direcionado para a Y&R, que é a unidade na qual fico alocada e a unidade em que era gerente. Cada unidade tem uma gerente. Agora elas se reportam para mim, e eu preciso atender as expectativas dos quatro presidentes, além de administrar uma equipe que oficialmente se reporta para mim. Eu tenho que implementar todas as estratégias de negócios de RH em todas essas unidades, com essa visão global.
Empregos.com.br – O que essas estratégias englobam?
Elise Passamani – Todos os pilares de recursos humanos estão agora na minha diretoria. Então, recrutamento e seleção, avaliação de desempenho, treinamento e desenvolvimento, qualidade de vida, sustentabilidade etc.
Empregos.com.br – Um dos lemas do Grupo Newcomm, segundo o próprio site, é que mais importante do que a própria empresa são as pessoas que fazem parte dela. Como o RH da Newcomm atua dentro desse conceito?
Elise Passamani – É a nossa vida. Cuidar das pessoas e fazer com que as pessoas se sintam queridas, importantes e valorizadas. O Roberto valoriza o capital humano efetivamente. Acho que a minha promoção é uma prova disso, que o Roberto quer investir em pessoas, quer pessoas felizes e ganhando dinheiro, então esse é o pilar do nosso trabalho.
Empregos.com.br – Até que ponto o reality show consegue traduzir em realidade o cotidiano do mercado de trabalho?
Elise Passamani – O Aprendiz foi um MBA intensivo num curtíssimo espaço de tempo. Às vezes, quando a gente vê na TV, achamos que certas situações nunca aconteceriam, mas quando estamos ali executando a tarefa que é passada, temos que pensar rápido e tentar fazer coisas diferentes. Pra mim, é a realidade nua e crua o que acontece ali. Tem também o fato da equipe, na verdade, estar competindo com você. Isso deixa tudo mais aflorado, e temos que ser os melhores num negócio em que às vezes nunca ouvimos falar, em que nunca atuamos. Você acaba buscando no fundo da alma o que pode doar para cada tarefa. E no dia-a-dia os desafios que surgem são de certa forma assim também.
Empregos.com.br – No final das contas, o que você leva de experiência do programa para a vida profissional e pessoal?
Elise Passamani – Que podemos fazer qualquer coisa se corrermos atrás.
Empregos.com.br – Qual é a dica que você pode dar para as pessoas que estão iniciando a carreira profissional e para as pessoas que trabalham com recursos humanos?
Elise Passamani – Para quem está começando na carreira, eu acho que é importante ter certeza de que vai conhecer todo o processo. Não querer dar passos muito largos sem saber o básico. Para o profissional de recursos humanos, primeiro o dever de ser um apaixonado por pessoas. Se não for, não deve entrar nessa profissão, porque não vai ser um bom profissional. E saber que você tem que se dedicar de corpo e alma, porque afinal você está lidando com a vida dos outros. Então você tem uma responsabilidade e um poder muito grande.

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