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por Camila Micheletti
Empregos.com.br: Fale-me um pouco sobre o curso. Quais os objetivos? O que vai ser abordado?
Ken O´Donnel: O programa Self Managing Leadership (Autogestão e Liderança) foi criado em 1992 pela Oxford Leadership Academy e tem sido um dos programas mais efetivos, utilizado por empresas multinacionais, ministérios e agências internacionais no mundo inteiro para o desenvolvimento pessoal de líderes durante épocas de crise. O curso aborda o aspecto mais desafiador de qualquer programa de “transformação organizacional” que é
alinhar o desenvolvimento pessoal com a vida profissional e o contato com o mundo. Aborda a questão da liderança como algo que começa com a capacidade de administrar a si mesmo. Os objetivos são:
– Desenvolver um sentido claro de propósito e um ‘norte’ pessoal
através de um plano prático de auto-gestão;
– Ter mais controle sobre os pensamentos, sentimentos e comportamentos nas interações com os outros;
– Assumir mais responsabilidade por sua vida ao invés de culpar os outros ou as circunstâncias.
Empregos.com.br: O curso é indicado para todo tipo de profissional? Quem pode aproveitar melhor o curso, profissionais com ou sem experiência? Todos precisam ser líderes?
Ken O´Donnel: O curso é indicado para aqueles que precisam manter a calma no caos, ou seja, manter a objetividade enquanto lidam com a complexidade dos relacionamentos do trabalho e as tarefas diárias. Neste sentido o curso serve para todo tipo de executivo ou profissional que já está buscando este tipo de equilíbrio ou pretende assumir um papel de liderança, desde uma equipe até de uma empresa.
Empregos.com.br: Quais competências que um líder precisa ter? Qual o perfil do líder ideal?
Ken O´Donnel: Para um líder que quer trilhar um caminho claro pela complexidade alheia, é imprescindível entender e apreciar as interações internas pessoais que são a base das ações e seus resultados. O líder de hoje precisa ser mais como um surfista e não como nadador de piscina. As capacidades de força e controle rígido podem nos ajudar num ambiente passivo como uma piscina. Assim foi o mundo até o fim dos anos 80. Entretanto, no mar bravo das circunstancias de hoje precisamos da paciência, agilidade e rapidez de pegar a melhor ‘onda’ das situações do trabalho ou do mercado, além do equilíbrio e do posicionamento correto para manter-nos na ‘prancha’. Hoje sabemos pela quase total imprevisibilidade e interdependência do mercado global que cada onda tem uma duração curta e sempre há outras ondas. Tudo isto implica num trabalho profundo de flexibilização pessoal, de saber que mais vale mudar atitudes do que mudar pessoas ou estruturas.
Empregos.com.br: Porque o autoconhecimento é tão importante nos dias atuais? Qual a relação deste conhecimento com a melhora das relações de trabalho?
Ken O´Donnel: O autoconhecimento é necessário para saber como administrar o que está acontecendo internamente, especialmente em relação à resposta que vem dos sentimentos, às circunstâncias externas. Administrar projetos, organizações, lar e relacionamentos só pode acontecer quando nós aprendemos a administrar o eu interior e as respostas que vêm de dentro para fora. A pessoa que consegue se auto-administrar possui, em primeiro lugar, a clareza de ver o que está acontecendo e não ser enganada pelas aparências. É calma e não se abala facilmente. Quanto mais compreende o problema, menos poder o problema tem de a abalar. Quanto mais a pessoa aumenta sua própria força interior, menos complicado é o problema. Elaborar uma lista de qualidades que indivíduos precisam para trabalhar bem juntos é fácil — respeito, tolerância, humildade, cooperação, flexibilidade, criatividade, percepção, sensibilidade, sinceridade — e assim por diante. No papel parecem maravilhosas. Colocá-las na prática requer um entendimento mais profundo, além de um esforço pessoal diário.
Empregos.com.br: Pessoas que não conhecem seus pontos fortes e fracos tendem a ser menos produtivas no trabalho? Porquê?
Ken O´Donnel: Certamente elas se tornam mais engajadas no trabalho e por isso tendem a ter mais produtividade. Tendem a ser mais firmes porque têm menos surpresas que vêm do seu próprio caráter. Elas usam seus pontos fortes para neutralizar os pontos fracos.
Empregos.com.br: Como desenvolver a linha da vida e o plano de ação pessoal?
Ken O´Donnel: Basicamente consiste em olhar o passado para compreender o propósito profundo do indivíduo e entender para onde ele está apontando no futuro. O propósito então é visto em termos do seu efeito na vida – profissional, financeira, social, familiar e de desenvolvimento pessoal – e alguns objetivos, estratégias e ações são determinados para cada área.
Empregos.com.br: Podemos citar os principais bloqueios que comprometem o desenvolvimento das pessoas? Você pode listar alguns deles, os mais comuns?
Ken O´Donnel: Na implantação de novas estratégias a paralisia de implementação é comum. Falta de comunicação, falta de compromisso, corporativismo e ceticismo acabam matando os melhores planos. Apesar das excelentes intenções a natureza humana tem a suas resistências. Ninguém é contra as mudanças em si, mas certamente há resistência às mudanças de comportamentos. É necessário fazer uma abordagem mais profunda e desmistificada dos valores humanos necessários para efetivar as mudanças. Na implantação de qualquer programa – seja de qualidade total, reestruturações, formação de novas equipes etc., vale a pena preparar as pessoas mental e emocionalmente para as implicações de trabalhar nesta nova realidade. Muitas vezes, a energia humana da organização se perde em confusão e
conflitos e a adaptação à nova cultura é insuficiente. A otimização do potencial humano para trabalhar de forma mais integrada acaba sendo um fator crucial de sucesso ou fracasso.
Empregos.com.br: O período atual está repleto de guerras, incertezas, instabilidades na economia e política, no trabalho… Como conviver com os outros e manter o equilíbrio em um cenário tão nebuloso?
Ken O´Donnel: A confusão interna do indivíduo tende a multiplicar a confusão externa do mundo. É verdade que há muitas barreiras e desafios na vida. Mas, se ele se concentrar nos aspectos sobre os quais ele pode exercer algum controle, por exemplo, nas suas próprias atitudes, ele ganha mais força para lidar com as situações sobre as quais ele não tem nenhum controle.

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