A liderança tem sido alvo de interesse ao longo de centenas de anos. Desde os primeiros filósofos gregos, tais como Platão e Sócrates, até a infindável gama de gurus de gestão e liderança – cujos livros saltam das prateleiras de livrarias.
Na verdade, a liderança é um fenômeno. No campo dos estudos organizacionais e do comportamento humano, é um dos fenômenos mais complexos e com mais facetas, que é investigado por pesquisadores que, por séculos, tentam identificar os aspectos associados ao líder eficaz.
A liderança tem ampla presença na literatura sobre gestão e ainda assim é um fenômeno pouco compreendido.
As definições de liderança são infindáveis. No ambiente organizacional ou social, embora se tenha um núcleo comum entre as várias definições – a capacidade de influenciar pessoas, grupos e coletividades – ainda não existe uma elaboração teórica consistente sobre a repercussão desse fenômeno.
Fatores que influenciam a comunicação
O contexto atual envolve fatores ambientais e organizacionais, tais como mudanças nos valores da sociedade e pessoais, alterações nos relacionamentos das organizações com seus diversos stakeholders, demandas quanto a novos papéis das empresas na sociedade, que, por sua vez, demandam novas práticas de gestão e reforçam a relevância de novos perfis de liderança.
Neste ambiente dinâmico e instável, as práticas de liderança tendem a se apresentar mais complexas, uma vez que as organizações se deparam com a demanda por configurações mais orgânicas, adaptáveis, com múltiplos fluxos de comunicação, que requerem novas formas de vinculação e relações sujeito-trabalho-organizações-sociedade.
Comunicação direta
Pesquisas indicam que os administradores passam cerca de 80 % do seu dia de trabalho em comunicação direta com outras pessoas, o que representa 48 minutos de cada hora gastos em reuniões, em conversas pessoais, ao telefone ou falando informalmente com outras pessoas.
Os outros 20 % do tempo do administrador são gastos em trabalhos escritos, o que nos permite afirmar que as pessoas se encontram constantemente envolvidas por um campo interacional.
Além disso, 90% dos problemas das organizações giram em torno de uma comunicação imprópria, base dos principais conflitos que ocorrem dentro das organizações, sabotando decisões, ações e o alcance das metas organizacionais e individuais.
Fica evidente que, em uma organização, a comunicação é essencial para a efetivação do processo de liderança, e que grande parte do sucesso do líder está relacionado com a sua habilidade de comunicar-se com outros.
Líderes precisam aprender a ouvir, observar tendências e perceber as necessidades de outras pessoas. A mais importante, a mais difícil e mais negligenciada das habilidades na comunicação é o ouvir, pois requer que nos concentremos nos significados, nas palavras não ditas e nas expressões das pessoas.
Além de compreender e compartilhar mensagens enviadas e recebidas, o processo da comunicação deve incluir gestos, posturas, expressões faciais, orientações do corpo, singularidades somáticas, a organização dos objetos no espaço ou até a relação de distância mantida entre os indivíduos.
Todos esses são fatores de influência no comportamento das pessoas envolvidas no processo de liderança, a curto, médio ou longo prazo. Tudo isso nos leva para um patamar mais abrangente: a competência interpessoal.
Ter competência interpessoal significa ter habilidades para mediar de maneira eficaz as relações entre a necessidade das pessoas e as exigências do ambiente em que estão inseridas.
Uma das atuações de líderes é no sentido de impulsionar o grupo na execução de suas metas. Os autores que estudam o comportamento humano no trabalho, argumentam e sustentam que o equilíbrio entre as características “tarefa” e “sócio-emocional”, resultariam em um líder eficaz.
No entanto, sabe-se que as habilidades interpessoais ou competências sócio-emocionais ou competências interpessoais são negligenciadas no processo formativo, em todas as suas etapas, desde a escola até a pós-graduação.
O processo formativo ainda prioriza desenvolver capacidades e conhecimentos que possibilitem o líder a executar suas funções administrativas, sem levar em conta o fator interpessoal de suas atividades.
O fator interpessoal é um grande diferencial de uma liderança eficaz, pois ao relacionar-se com um grupo, o líder de hoje depara-se cada vez mais com diversidade: com pessoas com suas diferenças individuais, sejam essas de conteúdo, intelectual, emocional, físico, cultural, religioso, ambiental, entre tantas outras.
Logo, a maneira como a diversidade é manejada, influencia o grupo em seus processos comunicativos, relacionais, comportamentais e finalmente na produtividade, e a partir daí é definido o tipo de relação que vai ser estabelecida.
A carência de habilidades interpessoais tem como consequência a desintegração de esforços, desencontros na comunicação, deterioração do desempenho grupal, diminuição da produtividade e a consequente dissolução do grupo de trabalho.
Um ambiente organizacional que comporta a atuação de um líder com habilidades interpessoais desenvolvidas proporciona, desenvolve e mantém um ambiente de trabalho cooperativo, no qual as opiniões são ouvidas e respeitadas.
Há aceitação das diferenças individuais, conjugando-se os esforços para a integração da equipe de forma a somarem-se conhecimentos e experiências, a fim de fortalecer uma cultura organizacional que viabilize o melhor proveito da diversidade por todos os seus componentes.
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