Carreiras | Empregos

por Juliana Ricci
“Comunicação é sobrevivência. Quando ouvimos de alguém a frase ‘não quero mais falar com você’ é como se o outro nos matasse, nos tirasse do mapa”. A afirmação da fonoaudióloga e consultora de comunicação humana, Mara Behlau, que proferiu a palestra “Comunicação como ferramenta de sucesso” no primeiro dia da Career Fair, mostra a influência dessa habilidade nas vidas das pessoas.
Isso porque a comunicação funciona o tempo todo como um seletor de pessoas. A partir do padrão de comunicação, o que inclui a fala e também a expressão corporal, conseguimos detectar classe social, conhecimentos e hábitos de nossos interlocutores e assim definir qual será nosso nível de relação com eles.
No ambiente de trabalho não é diferente. A comunicação se dá de forma diferente de acordo com os grupos e as profissões. “Médicos têm uma forma própria de conversar entre si, assim como professores ou advogados. Além disso, encontrar alguém que exerce a mesma atividade e fala a mesma linguagem é algo que nos agrada, porque sabemos que o padrão de comunicação será o mesmo”, explicou Mara.
A partir de alguns padrões gerais de comunicação que transmitem vários estados do ser humano, a palestrante mostrou como desenvolver a competência comunicativa sem perder a naturalidade. Veja:
1. Negociação. Segundo os padrões, tons mais graves de voz revelam um clima triste e seriedade, enquanto tons agudos denotam alegria e surpresa. Falar muito forte é sinal de invasão e muito fraco, de insegurança. Numa negociação, para mostrar disponibilidade é preciso modular a voz de acordo com o momento. Quem não varia o tom demonstra rigidez.
2. Articulação. A forma de pronunciar as palavras e expor as idéias diz muito sobre nós. Articulação clara é sinônimo de clareza de idéias; articulação imprecisa, de desinteresse e desorganização e articulação excessiva significa narcisismo. “Algumas pessoas têm ótimo currículo mas não se destacam porque não se comunicam com clareza”, alertou Mara.
3. Estilo do falante. O segredo aqui é adequar-se ao modelo de comunicação do outro, para criar empatia. Quando o estilo de transmissão das mensagens é agradável e amigável, a pessoa é geralmente fácil de lidar, porém difícil de negociar. Os analíticos e reflexivos precisam de números, fatos, provas convincentes para estabelecer a relação com o interlocutor. Diante dos autoritários e controladores, Mara sugere deixar sentirem que eles têm o domínio da situação e com os expressivos e narcisistas use a tática do holofote: deixe que se sintam o máximo.
4. Falar em público. É considerado um dos piores temores. Segundo pesquisa do jornal Sunday Times, realizada com 3 mil americanos, 41% têm medo de falar em público enquanto 32% têm medo de altura e 22% têm medo de insetos. Para tranquilizar a platéia, Mara lembrou que o treino leva à qualidade e quanto mais natural a pessoa for, melhor. “Isso não significa relaxar, porque aí você fala demais, esquece o tempo e age como se estivesse no sofá de casa. Ser natural significa estar ambientado na situação”, disse ela.
5. Apresentações. Fazem parte da rotina de várias profissões e exigem muito treino. As dicas da palestrante foram estas:

  • Converse com algumas pessoas antes
  • Seja pontual e vá direto ao objetivo
  • Domine o assunto
  • Prepare um roteiro básico
  • Modere o uso de citações
  • Organize com detalhes sua apresentação
  • Cuide de sua imagem
  • Desenvolva uma boa postura
  • Deixe os gestos livres, acompanhando a fala
    Mantenha a distância social de um metro
  • Mostre confiança, fluência e conhecimento
  • Deixe o outro falar, expor e perguntar
  • Responda de forma objetiva
  • Se não souber, anote e devolva a informação

6. Ao telefone. Cumprimentar é ser educado, por isso cumprimente e identifique-se imediatamente. Use seu nome e o da empresa e pergunte com quem está falando. Não interrompa o falante e espere o interlocutor desligar antes. Ao celular, pergunte se o outro está disponível para falar no momento e seja rápido e direto.
7. Barreiras verbais. São obstáculos à efetividade da comunicação, provocados por palavras ou expressões que geram antipatia, crise, antagonismo e desprazer. Fique atento a elas porque infelizmente são coisas que costumamos utilizar com frequência: “pograma”, “adevogado”, “pisicóloga”, “não tem poblema, pobrema”, “uma telefonema”, “não pude vim”, “a nível de”, “vi ele”, “meio dia e meio”, “tô meia cansada”, “menas preocupação”, “fazer uma colocação”, “subir para cima”, “descer para baixo”. Nomes insultuosos ditos em tom amistoso: “Boa-vida”, “Vigarista”, “Vagabundo”, “Pilantra”. Uso de palavras sérias em tom jocoso: “Chefinho”, “Mestre”, “Meu amo”, “Filósofo”. Expressões que constituem flagrantes ou desafios mal dissimulados: “Você está completamente enganado!”, “Isso é o que você pensa!”, “Quero ver se você é capaz de…” . Palavras repetidas constantemente:
“Né”, “Tá”, “OK”, “Oká”, “Tá bom”, “Veja só”, “Daí”, “Tá certo”, “É ou não é”, “Veja bem”, “Então”, “Daí”, “Realmente”, “Com certeza”. Palavras muito familiares e que denotam intimidade inexistente:
“Meu bem”, “Minha querida”, “Meu anjo”, “Amor”, “Minha flor”, “Minha deusa”, “Bem”, “Fofa”, “Linda”.
8. Em qualquer comunicação. Convide o outro para ouvi-lo, mostrando-se uma pessoa interessante. Tenha frases positivas sobre você, esteja pronto para arriscar e surpreenda o interlocutor!
Como avaliar sua competência comunicativa? Mara Behlau sugere o espelho e uma fita gravada como bons termômetros. Outras opções são os comentários dos outros, ajuda profissional fonoaudiológica e até preencher um questionário de auto-avaliação. Aqui mesmo você encontra 2 questionários: o de Apresentação de gênero na Comunicação e o de Auto-avaliação de competência na Comunicação.
O importante é ter sempre uma idéia de como está o seu aperfeiçoamento, porque como já disse o consultor Luiz Carlos Cabrera, citado por Mara no final da palestra, “Competência é uma qualidade que um indivíduo tem e que é percebida pelos outros”.

Avalie:

Comentários 0 comentário

Os comentários estão desativados.