Carreiras | Empregos

por Camila Micheletti
Este é o tema do mais novo manual lançado pelo Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, produzido em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). O Manual é uma abordagem abrangente do relacionamento entre micro / pequenas e grandes empresas, procurando contribuir para que os empresários levem em conta os critérios de responsabilidade social empresarial ao se relacionar uns com os outros. Por responsabilidade social entenda-se identificar e qualificar micros e pequenos fornecedores, apoiar os pequenos negócios do entorno, rejeitar práticas de corrupção e propina, além de respeitar e manter valores como ética, confiança e respeito, entre outros valores.
De acordo com Paulo Itacarambi, diretor-executivo do Instituto Ethos, a idéia da responsabilidade social na cadeia do processo produtivo vem sendo desenvolvida há mais de um ano pela entidade. “Um bom relacionamento entre as empresas é a base para o crescimento sustentável. Hoje em dia, a responsabilidade social é mais uma competência na gestão do negócio. Ser ético e transparente em todas as ações é um benefício mútuo e que cria valor para todas as organizações”, analisa.
Dividido em três grandes capítulos, o manual “lista medidas que estão sendo adotadas para favorecer o tratamento às empresas de pequeno porte, como a tributação específica do Simples, o acesso ao crédito e o estímulo à cooperação, concretizado em arranjos produtivos locais e em núcleos setoriais. Há ainda a visão das próprias empresas, revelada pelas respostas de 46 grandes e pequenas organizações empresariais a uma consulta realizada pelo Instituto Ethos sobre seu relacionamento com parceiros de outro porte”, descrevem os autores no ínício do material.
Outro capítulo mostra de que forma os Indicadores Ethos de RSE podem ser utilizados como ferramenta importante para orientar o relacionamento entre empresas de tamanhos diferentes. Já a última parte do Manual registra métodos e instrumentos focados no relacionamento que vêm sendo empregados atualmente, como as certificações SA8000 e AA1000, o Comércio Justo (Fair Trade) e a ouvidoria do fornecedor. Também são relatadas 14 experiências que estão contribuindo para que o relacionamento entre grandes e pequenas empresas seja expressão de responsabilidade social.
O manual está sendo distribuído, desde maio de 2004, em todas as unidades do Sebrae. Também pode ser baixado pela Internet, no site do Instituto Ethos. Vale lembrar que todas as publicações produzidas pela entidade são gratuitas.
MPE´s registram crescimento e geram empregos
De acordo com dados do IBGE, do DIEESE e do SEBRAE, as micros e pequenas empresas (MPE) brasileiras representam 98% dos empreendimentos registrados na indústria, comércio e serviços. Concentram 45% dos empregos formais do país e são o segmento com maior capacidade de geração de novos postos de trabalho. “De 1995 a 2000, as pequenas e médias empresas foram as responsáveis por 96% dos empregos criados”, destaca Paulo. Ou seja, a ampliação do mercado consumidor depende do fortalecimento das MPEs.
O Ethos afirma que este fortalecimento, no entanto, é determinado, em grande medida, pelas ações das grandes empresas. Elas respondem pela viabilização de milhares de pequenos negócios. “Poucas são as grandes empresas que têm políticas baseadas na construção de relacionamentos duradouros, que não sejam baseadas apenas no preço e na qualidade”, afirma o diretor-executivo. Reconhecer esta interdependência é o ponto de partida para aprimorar o relacionamento entre grandes e pequenos e, daí, colher vantagens para ambos os lados, com benefícios estendidos para o conjunto da sociedade. Como o leque de interações é bastante variado (grandes e pequenos podem ser consumidores, fornecedores e clientes em diferentes etapas do processo produtivo), não se tem pronta uma “receita” de relacionamento socialmente responsável.
Mas, é possível indicar um caminho de construção conjunta, que resulte numa nova configuração de mercado, baseada mais na parceria do que na subordinação. Muitos avanços já foram obtidos com medidas simples que, no entanto, exigiram mudança de mentalidade e alterações em práticas tradicionais de negociação. Paulo diz que é esta transformação que o manual pretende registrar: o relacionamento socialmente responsável entre grandes e pequenas empresas baseado em parcerias efetivas, fundamentadas na confiança e na sustentabilidade, de modo que todos possam ganhar e crescer. “A grande novidade do Manual é que, mais do que nunca, hoje o comportamento da empresa perante os seus fornecedores, concorrentes, parceiros e a comunidade é fator de produção. A qualidade deste relacionamento faz o diferencial no mercado”, conclui ele.

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