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“Eu que já não quero mais ser um vencedor, levo a vida devagar, pra não faltar amor”. Ao contrário da música O Vencedor, da banda de rock Los Hermanos, a grande maioria das pessoas quer mesmo é vencer na vida. Ter um ótimo emprego e ser reconhecido pelo seu talento, formar uma família com a pessoa amada, poder desfrutar de pequenos ou grandes prazeres em seu tempo livre, como viajar e ir ao cinema. Enfim, ser feliz e bem-sucedido, tanto na vida pessoal como na profissional.
Mas, apesar das intenções serem as melhores possíveis, nem sempre os objetivos são plenamente alcançados. Você trabalha com Contabilidade mas adora Psicologia; tem filhos lindos mas seu grande amor ficou para trás e acaba não se realizando por completo. Por que isso acontece? É possível transformar as nossas atitudes?
Tudo é questão de treino, garante o conferencista Carlos Hilsdorf, autor do livro “Atitudes Vencedoras”, que já está na quarta edição e foi lançado em 2003 pela Editora Senac. Qual foi a sua atitude quando você saiu do último emprego? E como reagiu àquela discussão interminável com os pais ou com o parceiro? Hilsdorf ensina que sair “chutando o cachorro” e brigando com todo mundo não é a única opção, muito menos a mais inteligente. “A vida é feita de escolhas. Você escolhe como reagir a situações e como as pessoas afetarão seu humor: é a sua escolha que define a sua vida”.
O que caracteriza uma atitude vencedora, segundo ele, “é toda e qualquer escolha que contribua com o nosso crescimento pessoal, com a expansão das nossas possibilidades, com a plena utilização das nossas potencialidades e do nosso talento. São atitudes que nos trazem benefícios na esfera da integração do ser, tornando-o pleno, comportamento, realizado”.
Carlos Hilsdorf é conferencista, economista, pós-graduado em Marketing pela FGV, consultor de empresas e também é colunista da ComunidadeRH, do Empregos.com.br. Confira a entrevista exclusiva que Carlos concedeu ao site e aprenda a transformar suas atitudes e trilhar o caminho rumo ao sucesso:
Empregos.com.br: Qual é o objetivo do livro?
Carlos Hilsdorf: O objetivo do livro é proporcionar uma reflexão de autoconhecimento. Você começa a descobrir mecanismos de defesa e adaptação que nos protegem e defendem, mas nem sempre facilitam a vida. Um bom exemplo é a procrastinação, que é a tendência de adiar as coisas, deixar para depois. Em momentos determinados, adiar algo pode ser até bom, principalmente quando você vai em busca de conhecimento, prefere não começar o projeto antes de ler livros e conversar com pessoas experientes no assunto. Mas o problema é quando isso se torna um hábito, você passa a adiar projetos e decisões de maneira crônica e repetitiva. Você sabe qual é a diferença entre defeito e virtude? O defeito é uma virtude mal-orientada. Por exemplo, tem o sujeito teimoso e o persistente. A essência de comportamento é a mesma, a diferença é que, enquanto o teimoso anda em círculos, o persistente acha um objetivo e vai em frente. Tudo é questão de escolha, você sempre tem dois caminhos a seguir: pode optar por uma atitude limitadora ou vencedora. O livro mostra que o ser humano se habitua com alguns comportamentos limitadores e orienta sobre como livrar-se deles. Alguns exemplos são o preconceito, a generalização, a procrastinação.
Empregos.com.br: Qual o perfil do profissional que tem atitudes vencedoras na vida pessoal e profissional?
Carlos Hilsdorf: O indivíduo vencedor é aquele que maximiza as escolhas de maneira vencedora. Quanto mais consciência eu tenho das minhas atitudes, mais poder eu possuo para controlá-las.
Empregos.com.br: Como o líder pode motivar seus subordinados a terem atitudes vencedoras?
Carlos Hilsdorf: O líder ideal é aquele que tem muito senso crítico. É severo consigo mesmo, firme com os problemas e amável com os liderados. Ele motiva a equipe através do exemplo. Como cada ser é um universo diferente, é importante saber como funciona a política de recompensas da empresa e o que ela representa para quem a recebe. O líder também deve ter uma forma de agradecer e parabenizar cada um pelo trabalho, mostrando como está satisfeito com a meta atingida, preferencialmente de forma personalizada. O grande problema dos líderes atuais é que eles até agradecem, mas não valorizam o trabalho da equipe.
Empregos.com.br: Como a Lei do Efeito Reverso pode prejudicar a vida profissional?
Carlos Hilsdorf: Esta lei diz que o excesso de energia que deposito na dificuldade prejudica a solução do problema, quando não contribui para aumentá-lo. Na hora de fazer uma entrevista de emprego, por exemplo, se você põe na cabeça que precisa daquela vaga, a tensão toma conta de você e dos seus pensamentos na hora da entrevista, e a possibilidade de você ficar confuso, não conseguir se expressar corretamente e acabar perdendo a vaga é grande. Por isso, quando precisar lembrar de alguma informação e der aquele “branco”, de nada adianta ficar tentando lembrar. A melhor coisa a fazer é esquecer dela por um tempo, não tentar lembrar. A informação vem naturalmente, quando passa a tensão e a vontade de acertar.
Empregos.com.br: É possível enxergar o desemprego apenas como uma dificuldade e não como um problema?
Carlos Hilsdorf: Sim. Mas antes é preciso entender a diferença entre dificuldade e problema. A dificuldade é um fato inerente à vida. Já o problema é criação humana. Depende das nossas escolhas (atitudes) diante das dificuldades. Por isso, tudo depende da atitude do indivíduo em relação ao emprego. Entrar em desespero só piora as coisas. A saída é mapear oportunidades, identificar o que sei fazer e começar a agir: mandar currículos, entrar em contato com pessoas da minha relação e avisar que está procurando uma recolocação, pesquisar em jornais e na internet.
Empregos.com.br: Esta forma de ver as coisas está relacionada com a Resiliência?
Carlos Hilsdorf: Sim. A resiliência é um termo tirado da Engenharia: é a capacidade que determinados sólidos têm de resistir à pressão. Na vida pessoal e profissional, resiliência é a capacidade que a pessoa tem de suportar pressões sem explodir. O tamanho da minha crise reflete o tamanho da oportunidade. As crises tendem a ser preenchidas por soluções sempre melhores que as anteriores. Quando tiver um momento de crise, receba bem esta visitante. Se você fizer isso, ela fica e vai embora logo, sem traumas.
Empregos.com.br: Qual a importância do fator “sorte” no sucesso profissional?
Carlos Hilsdorf: Há dois tipos de sorte: a sorte da probabilidade, quando você não sabe o que vai acontecer, e a sorte do profissional, que é um conjunto de comportamentos que você faz para que as coisas aconteçam efetivamente. Exemplificando: quanto mais diferenças eu consigo administrar, mais fico tolerante e bem aceito pelos outros também. Quando você faz um esforço extra, faz além do que os outros esperam de você, as chances de que as coisas boas aconteçam são muito maiores.
Empregos.com.br: Recentemente, as empresas começaram a privilegiar a diversidade, com pessoas de diferentes credos, valores e nacionalidades trabalhando em conjunto, em prol de um objetivo comum. Como trabalhar bem em equipe, quando comportamentos e valores diferentes estão em jogo?
Carlos Hilsdorf: Apesar dos avanços em todas as áreas do conhecimento, o ser humano ainda tem muita dificuldade de se relacionar e conviver com pessoas diferentes. Isso ocorre porque a maioria dos indivíduos não é madura nas atitudes e nos comportamentos. Num momento de discussão, por exemplo, quem está errado não quer dar razão para o outro. Será que ele acha que a razão nunca mais vai voltar a ser dele? (risos). Ficamos em um estado de comparação e competição constantes. A melhor equipe nem sempre é a que tem os melhores talentos, mas aquela que trabalha melhor em conjunto, usando a diversidade a favor do trabalho. O sucesso é um esporte coletivo, ensinamento que muitas pessoas e empresas ainda não aprenderam. Ótimo exemplo disso é a Seleção Brasileira de Futebol, que tem talentos brilhantes, que jogam muito bem nos seus respectivos times, mas quando se unem, por muitas vezes fazem uma partida mediana e não conseguem vencer. A lição que podemos tirar da Seleção é que o individualismo acaba falando mais alto. Só quando as estrelas estiverem conscientes do seu papel na equipe as coisas poderão melhorar de fato.
Empregos.com.br: Se você tivesse que tirar um único pensamento importante do livro, qual seria ele?
Carlos Hilsdorf: São muitos a destacar, mas fico com a frase de Aristóteles, que diz: “Somos aquilo que repetidamente fazemos”. Sabemos disso desde pequenos, mas ainda assim insistimos em comportamentos e atitudes que muitas vezes só limitam, dificultam e atrasam a nossa vida, e acabamos nos esquecendo das atitudes vencedoras, que conduzem ao sucesso e auto-realização.

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