Carreiras | Empregos

por Camila Micheletti
Apesar do otimismo que tomou conta do País após a histórica vitória de Lula nas eleições presidenciais, é bom o brasileiro ficar bastante atento e não cultivar muitas esperanças – pelo menos no que diz respeito a criação de empregos.
De acordo com o secretário do Desenvolvimento, Trabalho e Solidariedade da Prefeitura de São Paulo, Marcio Pochmann, o primeiro trimestre de 2003 deverá ser dificílimo em matéria de desemprego, em consequência da última decisão do Copom, que aumentou a taxa básica de juros, a Selic, de 25% para 25,5%. “O aumento da taxa de juros tem uma correlação direta com a evolução do desemprego. Portanto, será uma exceção se o desemprego não aumentar”.
Pochmann divulgou um estudo realizado pela Secretaria que mostrava que a cada um ponto percentual de elevação real da Selic houve, de dezembro de 1999 a dezembro de 2002, um aumento de 0,7 ponto percentual na taxa de desemprego medida pela Fundação Seade/Dieese na Grande São Paulo. O secretário prevê que a taxa de desemprego na região metropolitana chegue a 21%, superando os 19% registrados em abril de 2002. “Para tentar amenizar o quadro, a Prefeitura realiza os programas sociais, que beneficiaram 286 mil famílias em 2002. O problema é que quando a economia não anda bem, os programas sociais não são suficientes”, acrescenta ele.
Mesmo assim, o secretário afirma que, sem os programas, o desemprego na cidade seria ainda maior, com a taxa de desempregados em dezembro beirando 1, 095 milhão, 85,4 mil a mais que os 1,009 milhão estimados. O poder aquisitivo também seria, em média, 4,1% inferior ao de novembro de 2002.
Viabilização de empregos é desafio para novo governo
O cenário do emprego no Brasil é preocupante – e Lula e sua equipe terão que se esforçar muito para cumprir a promessa feita durante a campanha, de 10 milhões de empregos criados durante os quatro anos do governo. Hoje o país tem 7,7 milhões de desempregados – ou 9,4% da população economicamente ativa, segundo levantamento do PNAD – Pesquisa Nacional por Domicílios, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com notícia publicada no início de Fevereiro no jornal Estado de São Paulo, a Pesquisa Mensal de Emprego (PME), também do IBGE, calculou, em dezembro de 2002, o número de desempregados nas seis regiões metropolitanas – Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre. “Nessas regiões, que têm um contingente de pouco mais de 20 milhões de pessoas economicamente ativas, o número de desempregados é de 2,118 milhões, ou seja, 10,5% do total”, informa o gerente do projeto de pesquisa, Cimar de Azeredo Pereira. Os dados são conflitantes, em comparação com os da Seade-Dieese – que apontam 1,788 milhão de pessoas desocupadas na Região Metropolitana de São Paulo, contra 999 mil da PME – porque são usadas metodologias diferentes.
Ainda segundo a reportagem, “o quadro é preocupante porque o País enfrenta muitas dificuldades externas e internas, que dão pouca margem de manobra para o governo em 2003”, observa o diretor técnico do Dieese, Sérgio Mendonça. A crescente ameaça de guerra no Iraque, a elevação das taxas de juros, a alta do dólar e o risco de recessão nos EUA, Japão e Europa são fatores que, segundo economistas e empresários, terão reflexos imediatos no Brasil.

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