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Ele começou como auxiliar do departamento pessoal de uma pequena empresa. Interessou-se pelas relações humanas e acabou criando um vínculo forte com a área de RH. Hoje, ele atua como gerente de RH da Logistech – uma das maiores empresas do País prestadoras de serviços para concessionárias de distribuição de energia elétrica, gás e saneamento (leitura e entrega de contas, corte e religação de unidades consumidoras, combate a fraudes, ligações novas e cadastro de consumidores) e em logística de distribuição de produtos editoriais como jornais, revistas, listas e guias, malas diretas, panfletos e pequenas encomendas.
Estamos falando de Carlos Pivoto, um profissional que vibra ao falar da sua carreira. Para se ter uma idéia do trabalho diário desse RH, ele precisa conviver com cerca de três mil colaboradores e 64 unidades operacionais instaladas em seis Estados brasileiros: São Paulo (sede), Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Mato Grosso do Sul e Paraná. Na sua bagagem, Pivoto carrega consigo a graduação em Direito pela FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas), especialização em administração pela PUC (Pontifícia Universidade Católica), pós-graduação em Direito do Trabalho, pela FMU, e mais 19 anos de experiência na área de administração de pessoal e Recursos Humanos. Em entrevista concedida ao RH.com.br, o gerente de RH da Logistech conta como iniciou sua carreira e se qualificou profissionalmente.
RH.com.br – Como a área de Recursos Humanos passou a fazer parte da sua vida?
Carlos Pivoto – A princípio, comecei a trabalhar num departamento pessoal como auxiliar. Isso foi no início dos anos 80, esse foi meu primeiro emprego, minha primeira escola, em uma pequena empresa. Tive um bom chefe que me ajudou e fiquei atuando nessa função durante quase cinco anos. Fui aprendendo no dia-a-dia a me identificar com a área de relações humanas e comecei a tomar carinho pela atividade.
RH – Como qualquer outro profissional, o senhor deve ter enfrentado dificuldades no início de sua carreira. Como isso foi superado?
Carlos Pivoto – Como a área de RH é de staff é preciso que o profissional goste realmente de pessoas, pois isso é fundamental. RH é a área de escape, a área humanitária, é o coração da empresa e por isso é necessário gostar de estar cercado por pessoas. Para superar os obstáculos, como qualquer outro profissional, tive que me qualificar tecnicamente e comecei meu aprendizado com meus chefes. Eles foram fundamentais para a minha formação. Mas não parei por aí. Formei-me em direito e me dediquei a uma pós-graduação em Administração. Paralelamente , fiz vários cursos sobre Gestão de Pessoas e passei por todos os setores de RH. Por que agi assim? Porque quando observava o mercado, e observo até hoje, via que as empresas buscavam um profissional que soubesse abrir um leque de conhecimentos e que entendesse de tudo um pouco. Até hoje, busco me manter atualizado na área e recorro aos cursos, à Internet, aos livros, às revistas especializadas e outras fontes de informação. Só dessa forma o RH torna-se determinado, pragmático e humano, pois afinal ele precisa ser um ponto de equilíbrio, já que necessita entender os dois lados da moeda: a empresa e o colaborador.
RH – Quando e como surgiu a proposta de assumir a gerência de RH da Logistech?
Carlos Pivoto – Eu cheguei à Logistech em 97 com o propósito de organizar o departamento pessoal da empresa, ou seja, implantar folha de pagamento, informatizar os serviços. Mas depois desse trabalho realizado, eu tinha a promessa de que poderia implantar a área de Recursos Humanos. Confesso que implantar a área de RH numa empresa operacional não foi uma tarefa fácil e esse processo foi feito aos poucos. Primeiro implantei a área de treinamento, depois a de salários e benefícios. Foi um desafio muito grande para a minha carreira e a área só veio a ser consolidada mesmo no ano de 2001.
RH – O senhor comentou que sentiu dificuldades de implantar a área de RH na Logistech, por ser uma empresa operacional?
Carlos Pivoto – É verdade, por ser uma organização operacional enfrentei alguns obstáculos. Tivemos que mudar a mentalidade da liderança e fizemos um grande investimento em treinamento, afinal de contas as pessoas constituem o principal ativo da empresa. Por isso, existe a necessidade de conscientizar as organizações sobre a importância dos funcionários.
RH – E como o senhor venceu a resistência das pessoas que estavam desde a fundação da empresa?
Carlos Pivoto – A primeira estratégia foi o diálogo e atuei em dois pontos básicos. Primeiro mostrei que o mercado estava exigindo que as empresas se qualificassem ou, caso contrário, iriam morrer. Com os recursos que tinha disponível, procurei ter uma área de RH bem alinhada com o negócio. Mostrei que os líderes eram a cabeça do negócio e era preciso que as pessoas tivessem paixão para trabalhar na empresa. Todos os colaboradores precisam, a partir de então, terem o olho do dono. Afinal, hoje são as pessoas que fazem a diferença, ou seja, para as pessoas, o trabalho é a maior fonte de identidade pessoal.
RH – Quando o senhor fala sobre o seu trabalho, dá para notar um forte sentimento com a área. Por que ser um profissional de RH o encanta tanto?
Carlos Pivoto – Já tive várias experiências na vida profissional e o maior atrativo que sinto é fazer aquilo que gosto. Eu gosto de ser RH. O profissional precisa se sentir bem com aquilo que faz, tem que ter brilho nos olhos, ele precisa saber que o tijolo que colocou não tem preço.
RH – Se o tempo voltasse aos anos 80, o senhor escolheria outra profissão?
Carlos Pivoto – Hoje não me vejo mais atuando em outra área. Se fosse para escolher outra profissão, meu sonho seria ser médico, mas não tive condições. Confesso que é difícil ser um RH, pois sempre temos que demonstrar um diferencial na nossa gestão. Nossa peculiaridade, nossa característica é a flexibilidade, estamos sempre nos adaptando às mudanças. Pessoalmente, posso dizer que conto com uma equipe que sempre me ajuda a realizar esse trabalho. Hoje, por exemplo, conto com cerca de 15 pessoas que integram minha equipe de RH.
RH – No Brasil, é difícil ser um RH estratégico?
Carlos Pivoto – Posso afirmar que para sermos um parceiro estratégico, temos que pensar a empresa como um todo. E para isso, é preciso que a alta direção também esteja comprometida, dando apoio à área. Mas, para conseguir esse apoio, o profissional de Recursos Humanos precisa ser atuante, precisa tomar iniciativa, precisa ser flexível para se adaptar às mudanças. No Brasil, não é fácil alinhar a área ao negócio e isso dificulta o RH tornar-se um parceiro estratégico. Por isso, aqui na Logistech temos seis premissas estratégicas básicas que são: escute, reconheça, festeje; não economize tempo ao selecionar o pessoal; treine, treine e volte a treinar; ofereça incentivo a todas as pessoas; proporcione segurança e qualidade de vida às pessoas; pratique e incentive ações de responsabilidade ética e social.
RH – Quais as suas expectativas para a área?
Carlos Pivoto – Minha expectativa é que os profissionais invistam mais no aperfeiçoamento e na inovação, pois quem não inova morre. Procurem sempre ajudar a organização a alcançar seus objetivos e realizar sua missão. Agregue valor à organização, aos clientes e aos parceiros. Isto significa que RH deve ser um órgão de enriquecimento de talentos e não mais de controle e fiscalização. A missão básica de RH passa a ser investimento em capital intelectual.
RH – Já que estamos falando de expectativas, quais os seus planos para a Logistech nos próximos meses?
Carlos Pivoto – A empresa tem tido um crescimento acentuado nos últimos anos. Porém, nosso maior desafio em Recursos Humanos está ligado diretamente à parte de segurança do trabalho, à qualidade de vida das pessoas. O Brasil pode ser campeão em acidentes de trabalho, mas aqui temos condições de combater essa realidade. Além do mais, investir nessas duas vertentes já se tornou uma exigência do nosso ramo de atuação.

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