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Há 2 meses fiz uma dinâmica de grupo para uma grande empresa e estava me saindo super bem. Chegaram a me elogiar até que pergutaram-me “o que te deixa irritada ou nervosa?”. Minha resposta foi “conviver com pessoas desleais, arrogantes, não gosto de pessoas mal-educadas”. Fui desclassificada e fiquei arrasada. Como devo me comportar diante de algumas perguntas como esta? O que realmente eles buscam numa dinâmica de grupo? Por que pedem pra vendermos coisas absurdas e, quando conseguimos, eles nunca aceitam a nossa proposta?
Obrigado
Célia Cristina
Resposta
Olá Célia,
Suas dúvidas também são as de inúmeras pessoas que vivenciam processos seletivos. Vamos ver, juntas, algumas possíveis respostas.
Pela sua observação, sua desclassificação do processo seletivo citado foi devido ao fato de ter sido sincera ao responder que não apreciava pessoas desleais, arrogantes e sem educação. O que isto tem de errado? Aparentemente nada… a não ser que a empresa em questão esteja repleta de pessoas com estas características. Você já conheceu ou ouviu falar de “chefes” irritadiços, mal humorados, prepotentes, que só sabem gritar com as pessoas e exigem eficácia na base da punição? Infelizmente ainda existem muitos, muitos profissionais – e empresas – com este perfil.
Vejamos pelo lado da organização: por melhor que tenha sido sua performance nos exercícios propostos, de que adiantaria contratá-la pensando na possibilidade de você desistir do trabalho logo de início? São informações que só a área de Recursos Humanos tem: qual é o perfil do cliente interno (postura, interesses, grau de agressividade, de receptividade, tipo de liderança, nível de exigência, etc.). Com base nestes dados (aliados aos da empresa e ramo de negócio), traça-se um perfil do candidato. Neste exemplo, dentre outras características ele precisa ser muito resistente à frustração, saber ouvir sem se irritar, ter grande capacidade de concentração e foco (que será testada a todo momento por este “incrível chefe”), conseguir manter sua qualidade de vida no trabalho independente do gestor.
O que as empresas esperam? Sinceridade por parte do candidato e a certeza de que podem se flexibilizar e adaptar às intempéries que virão. Se o profissional não demonstrar isto no processo seletivo, dificilmente será contratado.
Você também quer saber por quê, nos processos seletivos, as empresas pedem que se vendam produtos “absurdos”. Algumas possibilidades:
1. “Retirar” o candidato do seu lugar-comum, do seu costume, da sua prática usual, para que demonstre com maior facilidade características e competências como adaptabilidade, flexibilidade, criatividade, resolução de problemas, conhecimentos em técnicas de vendas. Exemplo: é difícil para os profissionais de Seleção observarem estas características em um vendedor de carros, solicitando que venda este produto na dinâmica de grupo. Já, se solicitarem que venda livros, ele terá, naquele momento, que buscar todo seu potencial e conhecimento e demonstrá-los à empresa.
2. Os produtos “absurdos” também levam o candidato a desenvolver algo que não existe ou que apresente grande dificuldade de comercialização. Quando isto ocorre, o candidato necessita desenvolver o produto culminando por demonstrar seus conhecimentos técnicos: observação; definição de características, benefícios e diferenciais do produto; formação de preço; elaboração de “script” de venda.
As empresas optam, nas dinâmicas de grupo, por facilitar momentos em que o profissional pode demonstrar suas reais competências e características. Tenho observado exagero de ambas as partes: o candidato está cada vez mais profissional neste “cargo” (função atual: candidato), levando as organizações a, cada vez mais, exagerarem nas técnicas utilizadas nos processos seletivos.

O que se busca, ao final de tudo, é a equação perfeita:
processo seletivo adequado =
candidato certo + vaga certa + chefia certa + empresa certa.

Sucesso e paz profunda a você!
Dra. Izabel Failde

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