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Por Priscila D’Amora
Quando o assunto é poupar dinheiro ou economizar não existem milagres e nem saídas mirabolantes. Planejar e não cair em armadilhas de consumo é o que pode garantir um futuro mais seguro.
Que gastar é uma das atividades mais prazerosas que existe isso é verdade. A felicidade de ter um sonho realizado é inexplicável, e nem precisamos chegar tão longe, gastos corriqueiros já fazem parte dessa satisfação.
Salvo exceções, a grande parcela dos brasileiros ainda não sabe poupar. Segundo o consultor financeiro Gustavo Cerbasi, alguns dos principais motivos é a questão cultural: “somos um País muito pobre que enriqueceu de uma hora para outra e isso dificulta a economia”.
Um dos grandes responsáveis por esse enriquecimento mais rápido é à entrada da mulher no mercado de trabalho e a sensação de estabilidade com a qual lidamos de alguns tempos para cá. Sensação essa trazida com a facilidade de crédito e a confiança em investimentos, por exemplo. Resultado disso: “um povo deslumbrado com tanto crescimento e oportunidade para o consumo. É a sensação do dinheiro mais fácil”, explica Gustavo.
Resistir às tentações do marketing, das ofertas e propagandas não é uma tarefa muito fácil, mas como sempre, temos que perder a mania de colocar a culpa nessa ou naquela ação. É preciso enxergar as possibilidades e lidar da melhor maneira com elas, por mais irresistíveis que sejam as ofertas. “Não podemos ver isso de uma maneira negativa, o crédito é positivo, bem como empréstimos, mas isso para quem tem planejamento e dinheiro”.
E como usualmente caímos em armadilhas ou gastamos sem pensar, principalmente com pequenas despesas diárias e não programadas, quais seriam as atitudes corretas para minimizar os gastos supérfluos que fazem toda a diferença no final do mês?
Veja a seguir alguns dos erros mais recorrentes e devem ser evitados!
Falta de referência: Essa é a principal armadilha. As pessoas não sabem o porquê de estarem poupando e, assim, depois de um mês ou de determinado período param de guardar, ou gastam na compra de um televisor ou com uma viagem familiar, por exemplo.
Algumas das dificuldades encontradas pelas pessoas são que elas vêem vantagem em economizar, já que não traçam planos e nem projetos futuros para investir seu dinheiro, além de não conseguirem gastar menos do que ganham.
Dificuldade: Essas atitudes se devem fortemente a uma cultura de inflação pela qual passamos tempos atrás. As pessoas tinham medo de perder suas economias e por isso gastavam tudo que tinham. A famosa cultura do estoque.
Ir ao supermercado e fazer aquela compra enorme, ir ao posto de gasolina e encher o tanque. “Se você tiver dinheiro para isso não tem problema algum. Agora, o problema é encher o tanque ir ao supermercado e fazer dívida para isso, usar o cheque especial, ou estourar o seu limite e ficar devendo no banco”, explica Cerbasi. Gastar o necessário e evitar dívidas e os altos juros ajuda a não se enforcar com tanta despesa.
E para não cair ou tentar escapar dessas armadilhas, gaste diante das necessidades. “As pessoas se preocupam em ganhar o mês, mas na realidade tinham que se preocupar em ganhar a vida. Como a qualidade de vida está aumentando, viver mais e ter uma vida longa implica na necessidade de poupar e pensar a longo prazo”, recomenda o consultor.
Investindo desde cedo: Acesso à informação, entrada no mercado de trabalho, a compra do primeiro carro ou apartamento são alguns dos quesitos que levam a crer que cada vez mais os jovens estão preocupados com seu dinheiro e com o futuro. Em contrapartida, esse pensamento não se estende a todos. A verdade é: muitos jovens não sabem lidar com o dinheiro.
“Muito disso se deve aos pais que, para compensar a ausência, passam a dar dinheiro sem limite. Valorizam o consumismo e o excesso de conforto, fazendo com que os jovens tenham dificuldade para lidar com o dinheiro”, alerta Cerbasi.
Para modificar esse quadro, a receita inicial seria a educação. Se envolver mais na faculdade, ir a palestras, entrar em sites específicos, enfim, se interessar pelo assunto e desenvolver aos poucos a noção desse valor.
No pain no gain: Um ano de aperto sim! Para colocar as finanças em ordem, t er um ano de cautela e começar um planejamento para chegar ao final de ano sem dívidas é a melhor estratégia.
Com todas as dificuldades de se manter e com remunerações muito aquém do necessário, é preciso jogo de cintura para conseguir chegar até o final do mês com as finanças em dia. No entanto, uma dose de esforço é necessária para quem não quer se ver daqui a algum tempo desamparado. Os gastos do dia-a-dia em princípio podem parecer insignificantes, mas não se enganem! Na somatória do final do mês, eles desequilibram o orçamento.
Esqueça o 13º: Contar com o 13º para “tapar buracos” é um erro. Planeje os gastos extras. Se isso não for feito, você estará alimentando cada vez mais as suas dívidas.
Uma saída é guardar reservas para datas especiais, que devem ser devidamente planejadas. “O brasileiro já conta com esse benefício antes do Natal porque já gastou em cima disso com outros compromissos”.
Com tantas atitudes equivocadas que cometemos, será que é possível mudar esse quadro? A resposta é sim, mas não de um dia para o outro.

Dicas para quem quer começar:

  • Não cultivar a ilusão de que de hoje para amanhã você vai mudar de vida e vai se tornar um grande investidor;
  • Simplifique e automatize seus investimentos;
  • Faça um plano de previdência a longo prazo;
  • Busque informação, vá a cursos e eventos. Procure as diversas ferramentas existentes hoje em dia.

E, por último, mas não menos importante, a regra básica é: disciplina. Não adianta investir uns trocados a cada mês. Você precisa saber a real dimensão e o tamanho daquilo que vai investir. Poupar 10% do seu rendimento é o ideal. Aplicação programada, fundos, enfim, assim que receber seu salário projete seu futuro.

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