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por Camila Micheletti
De uns tempos para cá, a sigla MBA (Master in Business Administration) tornou-se uma febre no mundo dos negócios, virou um símbolo de status. Não há quem não queira fazer um MBA, e por isso, opções de escolas e cursos não faltam.
Em todo o mundo, mais de 2 mil escolas oferecem cursos de MBA. Para guiar os estudantes e mapear onde estão os melhores cursos, existem vários rankings de escolas e universidades, como o da revista Business Week e do jornal britânico Financial Times. Ambos apontam como top de linha os cursos oferecidos nas escolas de negócios dos EUA, como a de Wharton, na Pennsylvania, e Harvard. Mas aos poucos, escolas européias também começam a se destacar na lista, como a francesa Insead, a London Business School e a suíça IMD. É preciso analisar qual localidade e qual escola correspondem aos seus objetivos para então fazer a escolha.
De acordo com Maria Tereza Gomes, jornalista e autora do livro “O Guia dos MBAs – O roteiro completo dos melhores MBAs: Estados Unidos, Europa e Brasil”, o crescimento da importância dos cursos de MBA ocorreu por dois importantes fatores: primeiro porque é um fenômeno mundial, que começou no início da década de 90 com o boom da economia americana. E depois porque a competitividade nas empresas aumentou ainda mais, forçando os executivos a buscar maior especialização e aprimoramento profissional. “Na Europa e nos Estados Unidos, o mestrado em administração de negócios tornou-se um pré-requisito para a maioria dos cargos executivos. No Brasil, estamos caminhando para uma situação similar. Vejamos por quê: no passado, MBA era uma sigla conhecida apenas entre o pessoal das consultorias e bancos de investimentos. Hoje, empresas dos mais diferentes setores já contratam MBAs e algumas até financiam os funcionários dispostos a tirar o diploma. Já não é raro encontrar empresas que pagam total ou parcialmente o curso para seus melhores talentos”, explica Maria Tereza, na introdução do livro.
No começo, os MBAs restringiam-se aos cursos de Economia, Finanças, Marketing, Tecnologia da Informação e Recursos Humanos. Hoje a opção de cursos é muito maior e é possível fazer um MBA em Saúde, Jornalismo, Agronomia, Direito, Hotelaria, Turismo e muitos outros. Os cursos também se aprimoraram e trazem hoje, além do conteúdo básico, demonstrações de como o aluno pode ter uma boa habilidade de relacionamento, como trabalhar em equipe e como gerenciar em tempos de crise. Pode-se dizer, inclusive, que os cursos pretendem preparar os executivos para ter sucesso em qualquer empresa ou área onde queiram trabalhar. O resultado dessas mudanças, segundo Maria Tereza Gomes, é que os alunos saem do curso muito mais preparados para enfrentar o mundo real, o dia-a-dia dos negócios. “Os alunos trabalham em times, ganham uma visão global da empresa e aprendem a analisar problemas sob múltiplas perspectivas. Uma coisa, porém, nunca muda: o MBA continua dando ao aluno a capacidade de se adaptar às mudanças, de aceitar a ambiguidade e de liderar outros com visão e confiança no aprendizado contínuo”.
Como concorrer
Para se candidatar a um curso de MBA no exterior é preciso, antes de mais nada, muita disposição para estudar, já que o ritmo é puxado e o processo é muito concorrido. A autora do “Guia dos MBAs” mostra que a luta já começa na hora da seleção. Segundo ela, Harvard, Columbia e MIT só aceitam 13% dos candidatos. Stanford recebe pelo menos 7% e Cornell e Indiana aceitam pouco mais de 30% dos candidatos. Dos 127 brasileiros que se candidataram a Wharton em 1998, só 20 passaram. “A pior competição, entretanto, é com os americanos. Eles, obviamente, sabem inglês melhor do que você e ainda têm acesso a um número bem maior de vagas – chega a 70% em algumas escolas”, comenta Maria Tereza. Para saber mais de cada curso e escolher o que mais se adequa à sua necessidade, você pode contar com a ajuda da internet, já que todos os MBAs hoje em dia têm páginas na Web. Depois de pegar todas as informações úteis nos sites, você deve entrar em contato diretamente com a escola, que poderá lhe fornecer informações mais precisas.
Você também vai precisar ser fluente em inglês e passar por testes de proficiência, como o TOEFL (Test of English as a Foreign Language), o TOEIC (Test of English In Communication), o IELTS (International English Language Testing System) ou oCPE (Cambridge Proficiency in English). Cada escola define o teste que prefere. Além do teste de proficiência, há ainda o temido GMAT (Graduate Management Test), exame em inglês que testa conhecimentos em matemática e administração e é pré-requisito para admissão nas melhores escolas estrangeiras.
Outro quesito fundamental é o financeiro. Dois anos de um curso de MBA em uma faculdade americana de renome geralmente não sai por menos de US$ 100 mil. Com o dólar cada vez mais instável, essa quantia pode chegar a US$ 200 mil. Justamente por envolver um alto investimento e ser uma decisão difícil, deve ser algo muito bem pensado. Há dois tipos de custos para os quais você precisa se preparar, segundo a obra de Maria Tereza Gomes:

  • Custos diretos: São as cobranças feitas pelas escolas, mais as despesas de alimentação e aluguel.
  • Custos indiretos: São despesas sobre as quais você pode ter algum controle, como os gastos pessoais, livros e transporte

Você não tem US$ 100 mil guardados debaixo do colchão? Não precisa se desesperar. Tendo metade do dinheiro, você já pode viajar com segurança, sem medo de ficar debaixo da ponte. Mas, claro, vai ter que trabalhar duro para conseguir a outra metade, que pode vir em forma de empréstimos, trabalho no verão e bolsas por desempenho acadêmico.
Para quem não tem dinheiro realmente, há duas saídas possíveis: uma é através das bolsas de estudo, oferecidas por instituições brasileiras ou pelos governos dos países, interessados em receber profissionais qualificados. A outra forma de se conseguir fazer um MBA sem grandes reservas financeiras é pela empresa em que você trabalha. O lado ruim de ser financiado pela empresa é que você fica amarrado a ela, ou seja, geralmente precisa cumprir a promessa de permanecer lá por algum tempo e não pode render-se às inúmeras oportunidades de trabalho que podem surgir, tanto no Brasil quanto no exterior. Maria Tereza Gomes sugere que, antes de aceitar o dinheiro da empresa, você responda a seguinte pergunta: Por que você quer fazer MBA? Ela afirma: “Se a resposta for para mudar de carreira ou abrir seu próprio negócio, sugiro que você peça demissão, raspe a poupança, venda o carro e tome dinheiro emprestado do pai, tio, irmã ou avó. Se a resposta, no entanto, for crescer dentro do que você já está fazendo, tudo bem. Aceite o financiamento e boa viagem”, conclui.

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