Carreiras | Empregos

Vera Sylos*
A questão referente à ética observada em processos seletivos tem sido um tema pouco analisado sob o ponto de vista formal, mas muito comentado por empregadores, headhunters e candidatos no dia a dia. Esta questão é fundamental, pois a ausência de ética em processos seletivos pode desgastar seriamente a imagem do empregador e do headhunter, bem como comprometer a carreira dos candidatos envolvidos.
Alguns cuidados devem ser observados por todas as partes para evitar problemas desta natureza, como segue:
Empregador
Definir claramente o perfil do candidato a ser selecionado, analisando não somente a experiência profissional, formação acadêmica, mas também o perfil pessoal desejado de acordo com as características do superior imediato, pares e subordinados.
Caso um headhunter seja contratado para dar andamento ao processo, o empregador deve certificar-se de que este parceiro terá a capacidade de representá-lo perante os candidatos entrevistados.
A empresa deve preparar seus entrevistadores, para que estes consigam agir de forma produtiva, extraindo ao longo das entrevistas as informações que servirão de base para a definição do(s) candidato(s) finalista(s), sem perder de vista os padrões éticos e de bom senso esperados. Neste quesito vale lembrar que se deve iniciar a entrevista no horário previsto, ouvir atentamente o que candidato tem a dizer e tratá-lo com respeito.
Não fazer julgamentos com base em preconceitos.
Manter as informações dos candidatos sob total sigilo durante todo o processo.
Não omitir problemas ligados à empresa e cargo ao candidato finalista, para que este possa ponderar os prós e contras de uma mudança em sua carreira. A transparência nesta fase do processo promove uma melhor integração do candidato finalista e por consequência sua retenção.
Headhunter
Respeitar a busca dos candidatos de acordo com o perfil do cargo previamente descrito pelo empregador. Caso o perfil do cargo não esteja de acordo com a realidade do mercado, este problema deve ser comprovado através de fatos e dados.
Dizer apenas o que sabe ao candidato, não alimentando falsas expectativas quanto à empresa cliente, área, superior imediato, remuneração e quaisquer outros pontos relevantes.
Cumprir os prazos estipulados no início do projeto e manter o cliente atualizado sobre o status do processo.
Desenvolver análises coerentes e isentas sobre os candidatos envolvidos.
Tratar os candidatos com educação, mantendo-os informados sobre o status do processo.
Caso o headhunter participe das negociações do pacote de compensação oferecido ao finalista, este deve manter o empregador ciente de quaisquer alterações nos itens ou valores do pacote.
Manter as informações sobre o candidato de forma sigilosa.
Candidato
Assegurar que as informações descritas no currículo são absolutamente verdadeiras. É comum supervalorizar a formação acadêmica e fluência em idiomas, ocultar as datas de início e término em empresas e mencionar cargos superiores ou diferentes dos efetivamente ocupados.
Durante as entrevistas, os candidatos devem dizer sempre a verdade. Os entrevistadores estão preparados para conduzir entrevistas e identificar inconsistências. Os candidatos também devem saber que suas referências poderão ser levantadas a qualquer momento. Inventar, omitir fatos ou supervalorizar determinadas características pessoais costuma prejudicar o próprio candidato, que poderá ser descartado do processo.
O candidato finalista deve também evitar desgastes ao longo do processo de negociação do pacote de compensação oferecido. Ele deve dizer suas expectativas, analisar prós e contras e definir com o empregador um prazo de resposta, caso necessite de mais tempo para pensar. Entretanto, não deve utilizar os processos como “leilão”, pois se isto num primeiro momento pode trazer promoções ou reajustes salariais em seu emprego atual, poderá desgastar a sua imagem perante o mercado como profissional.
A condução de processos seletivos seguindo padrões éticos assegura a preservação da imagem institucional e contribui para o desenvolvimento profissional dos candidatos, que podem ampliar a sua visão sobre o mercado e refletir sobre sua própria carreira.
*Vera Sylos é diretora da Alexander Mann Brasil, empresa que atua no segmento de seleção de executivos para empresas multinacionais e nacionais de grande porte.

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