Carreiras | Empregos

Por Leila Navarro
Parece incrível, mas houve um tempo em que bastava seguir o plano de carreira da empresa para fazer sucesso na profissão. Geralmente esses planos estabeleciam o tempo mínimo para ocupar cada cargo, os cursos que deviam ser feitos, as habilidades que precisavam ser desenvolvidas, tudo bem explicadinho. Um profissional competente, aplicado e ambicioso podia alcançar um alto posto na hierarquia em 20 ou 30 anos. Era como se tivesse apenas que galgar os degraus de uma escadaria que levava ao topo da organização.
Hoje, devido à realidade do mundo corporativo, quem sonha com uma carreira de sucesso já tem de começá-la com uma lista de diplomas, idiomas, competências e habilidades – e sabe que terá de aumentar a lista com o passar dos anos. Nessa ânsia de ser super qualificadas, supercompetentes e super diferenciadas, as pessoas vivem se queixando de falta de tempo, é claro, porque acham que têm de fazer curso atrás de curso, participar do maior número possível de projetos da empresa e ainda absorver uma quantidade enorme de informação.
Reclamam de stress, é óbvio, porque vivem nessa correria, cobram de si mesmas o mais alto desempenho e se comprometem com objetivos cada vez mais difíceis de conquistar. Lamentam que, apesar de todo esforço, não chegam aonde desejam. E concluem, desencantadas: fazer sucesso é complicado. Mas será que o sucesso é mesmo complicado… Ou são as pessoas que complicam demais o sucesso?
O fato é que ao se guiar pela necessidade de competir, as pessoas acabam fazendo o que todo mundo faz para atingir determinado resultado. Sente-se quase que na obrigação de ter os mesmos cursos, treinamentos e informações que os outros têm, pois não querem ficar em situação de desvantagem. E assim, motivadas a fazer o que todos estão fazendo, acabam adquirindo informação e qualificação sem nem refletir se aquilo será realmente útil para sua carreira. Criam um acúmulo de atividades, interesses e focos de atenção que pode mais atrapalhar do que melhorar seu desempenho no trabalho. Depois se queixam do stress, das pressões, da falta de tempo…
Sei que isso soará como blasfêmia em um mundo que valoriza a competição, mas acredito que competir não leva ninguém ao sucesso. O que conduz ao sucesso é clareza do que é importante para nós, de acordo com nosso referencial interno. Se escolhermos fazer o que tem a ver conosco, e não o que os outros fazem, optamos naturalmente por adquirir as competências de que precisamos para isso. Escolhemos aprender um idioma, fazer uma pós-graduação desenvolver determinadas habilidades somente se estivermos convencidos de que isso é importante e coerente para nós.
O importante não é competir, mas concorrer – correr com, correr junto. Concorrer é ter consciência de somos únicos em nossas habilidades, potenciais, pontos fortes e fracos. É reconhecer e explorar o nosso diferencial, o traço pessoal inimitável, a marca registrada que nos distingue dos outros. Se entendermos que somos únicos, não teremos a necessidade de ficar nos comparando com ninguém, nem medindo nossas competências ou resultados com os dos outros. Porque assim como cada um de nós é único, nossa trajetória de desenvolvimento também é única, nossas oportunidades e necessidades são únicas… Nosso sucesso é único.

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