De acordo com dados da Associação Nacional de Transvestis e Transsexuais (Antra), estima-se que apenas 4% de pessoas trans e travestis têm empregos formais.
O 1º Mapeamento de Pessoas Trans na Cidade de São Paulo desenvolvido pelo Centro de Estudos de Cultura Contemporânea (Cedec) em parceria com a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo (SMDHC) foi realizado em 2021 e contou com 1.788 respostas de pessoas trans e travestis:
- 58% responderam que possuíam trabalho informal ou autônomo;
- 27% disseram trabalhar com carteira de trabalho assinada;
- 10% atuavam como microempreendedor individual,
- 3% como profissionais liberais, e
- 2% como funcionários públicos.
Capacitação e oportunidades são os pilares para a mudança
Um dos principais desafios que as pessoas trans e travestis enfrentam em relação à empregabilidade é a capacitação, pois muitos não completam os estudos. Isso tem muita relação com o preconceito vivido na escola ou violência familiar.
Entrar no mercado de trabalho formal se torna mais desafiador justamente pela falta de escolaridade. Por isso, um dos trabalhos que uma empresa pode realizar é recrutar e investir na capacitação desses profissionais. Além disso, faz parte do papel da área de RH ou People and Culture (Pessoas e Cultura) das empresas trabalhar com processos seletivos mais inclusivos. Vale ressaltar que esse trabalho de inclusão e diversidade não se limita a apenas durante o processo seletivo. É papel de todos e não apenas de um setor, tornar o ambiente corporativo mais acolhedor e justo para todos.
Recrutamento inclusivo é nova meta de corporações
Em 2013 foi criado o projeto TransEmpregos com o objetivo de fazer a mediação do processo de contratação destes profissionais. Dessa forma, gerando oportunidade de renda. Atualmente a plataforma conta com mais de de 2,2 mil empresas parceiras e é considerada a maior e mais antiga iniciativa voltada à empregabilidade no país. Grupos como TIM e Ambev já criaram programas específicos para população trans, com oferta de oportunidades e bolsas de estudo.
Também é necessário preparar e capacitar o time de recrutamento e seleção, uma vez que essas pessoas serão responsáveis não apenas pela seleção e aprovação no processo, mas também por explicar os benefícios e garantir a inclusão na área onde a pessoa for alocada, buscando criar a melhor experiência possível de acolhimento.
Projetos de lei
Nos últimos anos, três Projetos de Lei foram submetidos e tramitam na Câmara de Deputados, buscando garantir oportunidades de emprego para pessoas trans. São eles:
PL 5.593/2020
Prevê a alteração da consolidação das Leis de Trabalho para reservar, pelo menos, 50% das vagas destinadas à contratação de aprendiz para a contratação de negros, mulheres e LGBTQI+
PL 144/2021 (encontra-se apensado a PL 5.593/2020)
Trata sobre a reserva de vagas de emprego, ou estágio para mulheres transexuais, travestis e homens transexuais nas empresas privadas e dá outras providências
A proposta garante o respeito à autodeclaração de identidade de gênero no ambiente de trabalho, ou seja, o respeito ao uso do nome social; ao modo de vestir, falar ou maneirismo; ao uso do banheiro do gênero com o qual a pessoa trans se identifica; e a realização de modificações corporais e de aparência física. Com esse projeto, também foi determinado que o nome civil da pessoa trans seja utilizado apenas para fins administrativos internos.
PL 2.345/2021
Institui a Política Nacional de Emprego e Renda para a População Trans (TransCidadania), destinada à promoção da cidadania de travestis e transexuais em situação de vulnerabilidade social.
Entrevista
Quer conhecer mais sobre como funciona o processo de contratação de pessoas trans e travestis? Convidamos a Analuh, profissional na área de Pessoas e Cultura para falar mais sobre o papel do RH na inclusão de pessoas trans no mercado de trabalho. Clique no vídeo abaixo e veja a entrevista completa.
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