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Por Camila Michelett
Confira a seguir a entrevista exclusiva que Richard Bolles concedeu ao Empregos.com.br. Descubra como buscar seu emprego sem usar os métodos tradicionais, porque os currículos são tão populares e muito mais.
Empregos.com.br: Você fez alguma pesquisa antes de escrever o livro? O que você sabe sobre o mercado brasileiro?
Richard Bolles: O livro é uma versão compacta do livro “What color is you parachute”, que fez sucesso em todo o mundo e é conhecido como a bíblia do emprego. A razão deste sucesso universal é que a caça ao emprego reflete muito da natureza do ser humano de ir atrás das oportunidades, e isso não muda de país para país.
O processo de buscar emprego não varia muito, tanto que até no outro lado do mundo, como Japão e China, o livro foi muito bem aceito e teve aplicabilidade imediata. Se foi preciso alguma adequação à língua portuguesa e ao cenário brasileiro, ela foi feita na tradução.
Pessoalmente, eu não faço pesquisa sobre os costumes de cada país, mas tenho uma equipe, baseada nos Estados Unidos, que vem trabalhando comigo pelos últimos 32 anos. E eu estou sempre por dentro das estatísticas e pesquisas mais recentes. Eu gasto de duas a três horas por dia estudando e entendendo os fatos relativos ao mercado de trabalho e emprego.
Empregos.com.br: Você diz no livro que mandar currículos para todo mundo, como se fosse uma metralhadora, é uma técnica errada, que melhor seria ir até as empresas pessoalmente.
Qual é a diferença? Você acredita que o contato pessoal ainda é usado pelas empresas? Normalmente se escuta, pelo menos no Brasil, que isso também é errado, porque muitos empregadores não gostam de ser incomodados sem que haja uma razão específica ou uma indicação.
Richard Bolles: Antes de mais nada, não podemos generalizar. Cada selecionador trabalha de forma diferente. Há os que odeiam os currículos, por causa do volume que recebem todos os dias e do trabalho que dá ler um a um; há aqueles que adoram, principalmente porque facilita a busca e seleção dos candidatos.
Enquanto gastam 8 segundos para conhecer as pessoas pelo currículo, gastam cerca de 20 minutos numa entrevista pessoal. De qualquer forma, ambos os processos são trabalhosos. A indicação é o melhor caminho para chegar a um empregador, desde que o candidato tenha feito a “lição de casa” e estudado sobre a empresa.
Empregos.com.br: Enviar currículos para todo mundo é bem comum no Brasil e em outros países. Por que, na sua opinião, os currículos são tão populares?
Richard Bolles: Empregadores adoram os currículos porque, como já disse, eles reduzem o trabalho deles em buscar um candidato. Já os caçadores de emprego preferem mandar o CV para não correrem o risco de serem rejeitados. Para eles, ser preterido pelo currículo é menos doloroso do que receber um “não” pessoalmente.
Empregos.com.br: Por que, na sua opinião, procurar emprego nas grandes empresas é errado? Devemos esquecê-las e tentar as companhias menores, mesmo que estas não ofereçam tantas oportunidades e tenham políticas de benefícios e remuneração menos atraentes?
Richard Bolles: Eu não acho que ir às grandes seja “errado”. Com melhores salários e benefícios, empresas grandes podem ser lugares muito atraentes para se trabalhar; se você quer trabalhar em um lugar como este, acho que deve ir em busca dos seus objetivos.
O problema é: o que você pode fazer se as grandes organizações ou mesmo algumas que você está interessado não estiverem contratando? Bem, nós sabemos que isso não é impossível de acontecer, principalmente nestes tempos de economia difícil. Por outro lado, empresas menores, com 100 ou menos empregados, continuam contratando, ao contrário das grandes. Como um plano B, empresas pequenas podem ser um alvo muito interessante e com possibilidades reais de emprego.
Empregos.com.br: Os americanos procuram emprego da mesma forma que os brasileiros? Você vê alguma diferença entre as culturas?

Richard Bolles: Eu não sei o suficiente para responder esta questão. O que eu sei é que qualquer país grande e muito habitado, como Estados Unidos ou Brasil, poderá demonstrar todos os tipos de comportamento na caça ao emprego que você imaginar, uma vez analisada a população total que está procurando emprego.
Existem muitas culturas e subculturas instaladas dentro de uma grande população, cada uma pode ter uma forma mais ou menos diferente, mas no fundo a essência é a mesma.
Empregos.com.br: Qual é o futuro do trabalho? Pessoas continuarão a trabalhar em empresas e receber seus salários todo mês? Você acredita que haverá alguma mudança na dinâmica organizacional e estrutura do trabalho?

Richard Bolles: Especular sobre o futuro do trabalho é uma coisa que sonhadores, autores e jornalistas adoram fazer. Mas eu não acredito que isto tenha um valor prático. Em muitos casos, previsões acabam indo ao lado oposto do que realmente acontece.
Por exemplo, falou-se muito alguns atrás que os profissionais iriam acabar trabalhando por conta própria. Naquela época, 10% dos americanos trabalhavam assim. Hoje, percebe-se que pouca coisa mudou: apenas 10,1% dos americanos trabalham desta forma. Muitas mudanças nos empregos podem acontecer devido à tecnologia. Mudam e atualizam-se os telefones, os computadores, a forma como as músicas são distribuídas…
Mas o trabalho básico continuará igual. O que todos nós devemos parar e pensar é: Qual é o trabalho que eu mais gosto de fazer? Com pessoas? Com informação? Ou com produtos? Eu gosto de trabalhar mais com as mãos, com a mente ou com o coração? Nós devíamos procurar pelos tipos favoritos de trabalho, por uma ocupação que realmente desperte a paixão. Identificar o que você gosta de fazer e fazê-lo bem é melhor do que ficar tentando adivinhar como será o trabalho no futuro.
Nossos desejos e a visão que temos sobre isso ajudarão a delinear a natureza do trabalho de amanhã.

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