Carreiras | Empregos

por Camila Micheletti
Você é um intraempreendedor? Conceito cada vez mais difundido nas organizações, o intraempreendedorismo é a versão em português do termo francês “intrapreneur”, que significa empreendedor interno. De acordo com a dissertação de mestrado de Luís Ricardo Uriarte, intitulada “Identificação do Perfil Intraempreendedor” e apresentada na Universidade Federal de Santa Catarina em 2000, para a obtenção do título de Mestre em Engenharia de Produção, o intraempreendedor é aquele profissional que “a partir de uma idéia, e recebendo a liberdade, incentivo e recursos da empresa onde trabalha, dedica-se entusiasticamente em transformá-la em um produto de sucesso. Não é necessário deixar a empresa onde trabalha, como faria o empreendedor, para vivenciar as emoções, riscos e gratificações de uma idéia transformada em realidade”.empreendedorismoecadavezmaisvalorixzadonasempresas2
Desta forma, os empreendedores são importantes não apenas na implantação de novos negócios, mas também nas organizações já consolidadas, já que trazem inovação e fazem as idéias e projetos virarem realidade. De acordo com Makoto Yokoo, Gerente de Apoio aos Empreendedores da Endeavor Brasil, ONG de apoio a empreendedores, o intraempreendedorismo é fortalecido e estimulado nas empresas através dos mecanismos de remuneração variável, onde o profissional ganha a partir dos resultados que apresenta. “A competitividade nas empresas e no próprio mercado é muito grande. Vence quem consegue fazer a diferença”, afirma ele.
Será que o espírito intraempreendedor é um atributo ensinável, que pode ser adquirido com tempo, experiência e esforço? Ou será como vocação, que nasce com a pessoa? Na opinião de Luiz Scistowski, consultor de carreiras, especialista em marketing pessoal e diretor-executivo da Personal Hunter Consultores Associados, o profissional pode desenvolver um espírito empreendedor, mas é necessário que ele tenha aspectos de sua personalidade que sejam compatíveis com esse perfil. “Mudar o perfil psicológico é impossível. É preciso entender que algumas pessoas definitivamente não servem para atuar como realizadores vorazes e não tem curso ou treinamento que mude isso”, ressalta o consultor.
Luiz explica que, apesar de ser uma competência importante, nem todos os profissionais precisam, necessariamente, atuar como líderes empreendedores. “Você pode fazer um ótimo trabalho mesmo assim. Mas vislumbrar uma vaga como gerente ou diretor, por exemplo, já fica bem mais difícil”, esclarece.
Scistowski conta o caso de um ótimo profissional que chegou ao cargo de supervisão de uma grande empresa, mas não era flexível e tinha muita dificuldade em trabalhar em equipe. “Ele viu que não conseguiria exercer as funções na sua plenitude e preferiu mudar de empresa, para um cargo menor, onde se sentiria mais à vontade e conseguiria atingir os resultados”, lembra ele.
Como saber se você é ou não um intraempreendedor? Para os especialistas ouvidos pelo Empregos.com.br, este profissional apresenta algumas características que fazem-no diferente dos demais, tais como:

  • Tem atitude de dono na empresa: não tem olhos apenas para o seu departamento, mas para a companhia como um todo. As organizações podem estimular isso com um plano de obtenção de stock options (ações) da empresa, fazendo com que os funcionários virem sócios do negócio.
  • Tem paixão pelo que faz: tanto pelo trabalho como pela empresa onde atua. Isso inclui acreditar no negócio e ter a sensação de que a experiência está valendo a pena.
  • Habilidade de transformar iniciativa em “acabativa”: implanta projetos com começo, meio e fim.
  • É persistente: faz de tudo para que o negócio dê certo e dissemina a idéia para os outros colaboradores, atuando como líder da equipe e encorajando-os a continuar.
  • Tem prazer em ensinar aos outros o que sabe: gera efeito cascata e forma outros executivos empreendedores. Este tópico é importante porque é praticamente impossível a empresa funcionar com apenas um único empreendedor.
  • É pró-ativo e se antecipa ao futuro: é a capacidade de ver na crise uma oportunidade de crescimento e de aprendizado.
  • É um profissional extra-muros: ele excede os limites, vai além do pré-estabelecido e realmente faz acontecer.

Para estimular o espírito intraempreendedor nos seus funcionários e colegas, uma boa opção é usar as ferramentas de Treinamento e Desenvolvimento disponíveis, hoje em dia cada vez mais acessíveis a todo tipo de empresa. O Instituto MVC, em parceria com a Mentor Tecnologia, desenvolveu um curso on-line que visa formar líderes empreendedores dentro das empresas. O curso pode ser feito durante um mês e meio, se o aluno dedicar meia hora por dia ao treinamento. Há ainda duas aulas presenciais, feitas com os consultores do Instituto. Para saber mais, acesse o site do instituto.
Barreiras são inúmeras

Dificuldades, é claro, não vão faltar na vida do profissional intraempreendedor. De acordo com Makoto Yokoo, da Endeavor Brasil, o primeiro grande obstáculo é cultural, já que o Brasil não cultiva a cultura do empreendedorismo nas empresas. Depois vem a fase de amadurecer a idéia e iniciar o novo projeto.
Makoto comenta que qualquer empreendimento enfrenta a chamada “escada da desesperança”, que passa pelas seguintes etapas: “A primeira fase é a idealista, depois você passa a ser otimista e em seguida já passa para o estágio da inércia, porque pára de pensar no projeto e começa a ver tudo como uma grande utopia. Você entra então na fase realista e pensa na questão financeira e na viabilidade do negócio. Depois passa a agir como um pessimista, achando que as coisas não vão dar certo e, com a mesma rapidez que aderiu ao projeto, passa a pensar e agir como um cético. O último degrau dessa escada é o da indiferença. Você simplesmente abandona ou adia o projeto e tudo fica do jeito que está”, explica.
A importância dos profissionais empreendedores está no fato de que eles são os verdadeiros agentes de mudança nas empresas. Segunda a tese de Luís Ricardo Uriarte, “a experiência mostra que as empresas bem-sucedidas são aquelas que iniciaram mudanças em tecnologia, marketing ou organização e conseguiram manter uma liderança em relação aos concorrentes. Portanto, os empreendedores são necessários não somente para iniciar novos empreendimenos em pequena escala, mas também para dar vida às empresas existentes, em especial as grandes”, conclui ele.

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