Carreiras | Empregos

Por Leila Navarro
Quem tem mais de 20 anos de profissão lembra (geralmente com saudades) dos tempos em que as empresas ofereciam planos de carreira. Bastava ser ambicioso e dedicado, desenvolver as competências e fazer os cursos indicados para subir os degraus que levavam ao topo da organização. Hoje, tudo é muito diferente. Cabe ao profissional administrar sua carreira, definindo os objetivos que deseja alcançar e como chegar lá.  E por falar nisso, como você planejou a sua? Se ela tem algo a ver com o organograma da empresa em que trabalha, sinto muito dizer, mas isso não é plano de carreira – não da forma como a carreira deve ser encarada nesses inconstantes e imprevisíveis tempos pós-globalização, onde tudo, a começar pelas empresas, muda a cada dia.
Eis porque tantos profissionais se queixam das dificuldades em progredir na profissão: eles vinculam sua ascensão à estrutura de cargos da empresa. Por exemplo, alguém que trabalha como vendedor almeja assumir o cargo de supervisor de uma equipe de vendas, para então chegar a gerente regional, depois gerente geral e, por fim, conquistar o objetivo de ser diretor comercial. Ou seja, vive sempre de olho no cargo acima do seu. O problema é que se houver uma reestruturação nos cargos e departamentos da empresa, se ela for incorporada ou fundida com outra, o profissional perde as referências de carreira e é obrigado a mudar seu plano. Pior ainda se, em uma dessas mudanças, acabar sendo dispensado: ele tem a sensação de que a carreira foi interrompida e que terá de começar tudo de novo em outro lugar.
Agora, vamos imaginar um projeto de carreira que não é atrelado à conquista de cargos, mas sim à aquisição competências e responsabilidades. O vendedor que começa administrando uma carteira de clientes almejaria administrar as vendas de uma equipe, depois as de um território e por fim as de toda uma empresa. Que produto irá vender, que equipe ou território irá coordenar, até mesmo em que empresa irá trabalhar, tanto faz, pois essa estratégia permite adaptar-se facilmente tanto a mudanças de estrutura como de empresa. Permite inclusive fazer carreira fora das organizações, como autônomo ou empreendedor do próprio negócio.
Conclusão: hoje, a carreira deve ser considerada uma trajetória de desenvolvimento pessoal, que independa de onde se estiver. Na prática, sei que essa mudança de enfoque não é tão simples, pois significa abandonar o objetivo profissional de “ter” alguma coisa e abraçar o de “ser” alguma coisa.
Volto agora à pergunta que fiz no começo deste artigo: e você, como está conduzindo sua carreira? Ela é vulnerável às mudanças do mercado ou pode desenvolver-se não importa onde nem como? Se até hoje você não parou para pensar nessas questões, chegou a hora de refletir sobre o rumo que tem seguido. Para isso, faça muitas outras perguntas a si mesmo. Questione qual é o seu objetivo, onde está sua motivação, o que faria se fosse dispensado amanhã, se tem atitude de empreendedor, se sabe se vender. Questione para onde está indo, o que quer, o que está fazendo com você mesmo. O objetivo de fazer perguntas não é propriamente obter respostas, e sim voltar a atenção para si mesmo.
No seu lugar, eu começaria a me questionar agora mesmo, porque amanhã nunca se sabe o que pode acontecer….
*Leila Navarro é Conferencista, Especialista Comportamental. É também autora de 13 livros, ganhou por duas vezes o Prêmio de “Palestrante do Ano” (2005 e 2009). Acesse também www.leilanavarro.com.br e Blogwww.leilanavarro.com.br/blog

Avalie:

Comentários 0 comentário

Os comentários estão desativados.