Carreiras | Empregos

Por Rômulo Martins
É comum hoje profissionais formados em determinadas áreas seguir outras profissões. Com o surgimento de novas carreiras e as exigências do mercado globalizado, atuar em três, quatro profissões ao longo da trajetória profissional passou a ser tendência. Ter identidade de carreira, isto é, focar a vida profissional em dado campo e seguir adiante o seu plano construindo um caminho linear é uma raridade. Mas isso não ocorre apenas por conta de outras oportunidades de emprego que batem à porta dos profissionais ou por forças externas, como as pressões do mercado de trabalho. Grande parte das pessoas descobre que a carreira escolhida não traz a satisfação desejada quando já esta atuando. Há quem goste da profissão na qual apostou, mas quando esta não traz o retorno financeiro esperado parte para outra área.
Quando o dilema vem à tona surge a pergunta: “E agora, devo investir na carreira atual ou arriscar em uma nova atividade?”.Consultores e especialistas em carreira são unânimes: o sucesso profissional se alcança com o prazer de fazer aquilo que se gosta junto com as habilidades – natas ou adquiridas, desenvolvidas – que se têm para realizar dada função.
Em Sua Carreira: planejamento e gestão, obra publicada pela editora Pearson Education do Brasil, Ricardo de Almeida Prado Xavier ressalta a importância de o profissional saber o que quer e manter-se focado nos objetivos. O autor discorre ainda sobre a necessidade de o indivíduo ouvir o que os especialistas e os estudiosos falam a respeito das competências requeridas para lidar com o mundo do futuro .
Segundo ele, a carreira ideal é aquela que está relacionada à missão pessoal. “A missão é uma espécie de objetivo maior que orientará as demais escolhas da vida profissional. A elas ligam-se os objetivos, que assinalam realizações mais concretas e definidas, alvos orientadores que deverão balizar as ações”, escreve Xavier.
Perfil Profissional
Formado em psicologia, o orientador profissional Leonardo Fraiman afirma que optar por focalizar a carreira ou por atuar em duas ou mais áreas ao longo da trajetória profissional vai depender do perfil de cada pessoa. De acordo com o psicólogo, indivíduos inquietantes, criativos, que possuem características empreendedoras tendem a mudar de profissão de modo rápido e fácil, sem que isso necessariamente prejudique a imagem profissional, sob o ponto de vista mercadológico. Fraiman, contudo, faz algumas ressalvas: “Antes de mudar de carreira o profissional deve se perguntar: eu já dei tudo de mim em relação a minha própria formação? Ou seja: eu estudei, investi, me preparei ao máximo para alcançar êxito na carreira escolhida?”. Em segundo lugar, é preciso questionar se você quer mudar de carreira ou de ocupação, diz o psicólogo: “Às vezes, são a área ou a empresa em que trabalha, e não a profissão, que lhe trazem insatisfação.”
Para ter certeza, é necessário experimentar
Enquanto o senso comum diz que primeiro é preciso saber o que você quer para depois agir, Herminia Ibarra no livro Identidade de Carreira: a experiência é a chave para reinventá-la (Editora Gente), sustenta que a transição de carreira não é um caminho em linha reta que nos conduz a uma identidade predeterminada, mas assemelha-se a uma estrada sinuosa ao longo da qual testamos múltiplas das possíveis identidades que podemos assumir.
Segundo a autora, para o profissional em dificuldades, uma miríade de livros de autoajuda e conselheiros especializados podem oferecer instrumentos de avaliação para identificar interesses ou tipos de personalidade relevantes, ajudando-lhes a responder à questão “Quem sou eu?”.
No entanto, Ibarra afirma que apesar de alguns profissionais terem um pouco mais de direcionamento e estarem equipados com uma longa lista de carreiras possível, mesmo quando se tem uma noção clara do que buscar, as pessoas tendem a mudar de ideia à medida que compreendem melhor no que realmente isso implica.
A psicóloga e coach Cássia Franco declara que ainda é muito comum o indivíduo construir a carreira com base no retorno financeiro ou nas promessas de sucesso que omercado de trabalho vende para determinadas áreas. Há também aqueles que se orientam pela família, diz ela, e acabam optando pela profissão dos pais por acreditarem que terão o mesmo êxito que eles. “Quando começa a atuar a pessoa percebe que não sente paixão pela atividade escolhida, porque, na verdade, comprou uma praia que não era a dela”.
Na visão de Cássia, a escolha profissional deve ser feita com base nas habilidades e no prazer que o indivíduo sente em realizar tal atividade. Para ela, ao mesmo tempo em que opta por certa profissão, a pessoa deve experimentá-la, por meio da implementação de projetos em empresas públicas, privadas, do terceiro setor ou na própria comunidade onde se está inserido. “Haverá equívocos? Certamente. Porém, à medida que eles surgirem o profissional vai se adaptando e realizando mudanças que o aproximarão da identidade que ele busca”, diz a psicóloga.
 

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