Carreiras | Empregos

por Camila Micheletti
São cinco bolas, sendo que apenas uma é de borracha e todas as outras são de vidro. Não, não estamos falando de nenhum novo jogo para crianças. A cultura das cinco bolas representa as bases da vida do ser humano, e foi exatamente sobre essas bases que Vicky Bloch, presidente da DBM para a América Latina, falou em sua palestra no último dia da Career Fair, feira de carreira produzida pela revista Você SA em São Paulo.
De acordo com Vicky, as bolas de vidro representam a família, a saúde, o conhecimento e a espiritualidade, enquanto que a única de borracha é a do trabalho; se deixamos cair ela volta. Todas as demais são de vidro. Se caem quebram ou trincam e se tentamos controlá-las de novo elas cortam nossas mãos, lembrando nossos erros. Ou seja, não se desespere demais com o seu trabalho e dedique mais tempo aos seus valores, a sua saúde, a espiritualidade e, claro, aos seus familiares pois, se você deixar de lado algum deles, o processo pode ser irreversível.
Como Vicky contou na Career Fair, diz a metáfora que todos nós somos como malabaristas que temos de controlar cinco bolas ao mesmo tempo: a de nosso trabalho, de nossa vida, de nossa
saúde, de nossa família e a da nossa alma.
A história das cinco bolas é de autoria de um ex-presidente da Coca-Cola e foi citada pelo consultor Luiz Carlos Cabrera no auditório sobre Carreira e Vida, patrocinado pela DBM na ExpoManagement do ano passado.
A presidente da DBM na América Latina comentou que as pessoas têm buscado integrar cada vez mais todos os papéis que desempenham na vida – de pai, mãe, amigo (a), esposa, marido, executivo (a), etc – já que, se um deles for deixado de lado os outros sem dúvida sofrerão as consequências. Por exemplo, um executivo que dedica-se 24 horas por dia ao trabalho e esquece-se de cuidar do lado pessoal pode se tornar uma pessoa amarga e infeliz. Vicky explicou que hoje as empresas buscam profissionais que têm o conjunto de papéis bem harmonizados, daí a importância de cuidar da carreira e também da vida.
Segundo a palestrante, isso tem a ver com o conceito da disponibilidade: “é a capacidade de estar presente com todo o seu conjunto de papéis em cada momento”. Essa disponibilidade é válida para a vida toda, em todas as nossas relações. “Uma pessoa que está em uma reunião ou em um encontro entre amigos e fica com os pensamentos em outro lugar não está disponível para aquelas pessoas naquele momento”, exemplificou a executiva. Outro conceito importante, que muitas vezes é esquecido, é o da intensidade. “É preciso fazer escolhas e ter sempre em mente seu conjunto de valores, jamais fraquejar nos princípios. A quebra da integridade acaba gerando uma divisão entre vida e carreira”, afirmou ela.
Como saber se minha carreira está indo para o rumo certo? Segundo Vicky Bloch, isso só nós mesmos podemos responder. Mas, de uma forma geral, o sucesso na carreira pode ser definido por dois fatores: a posição que a pessoa ocupa na trajetória profissional e o tempo que levou para alcançá-la e, em alguns casos, também a quantidade de dinheiro acumulada nesse período. “Digo que o sucesso profissional é um conjunto de satisfações que se acumula ao longo da vida profissional. Uma carreira de sucesso é feita de ciclos completos e, normalmente, você logo identifica esse profissional: é aquele com brilho nos olhos, que tem tesão pelo que faz”, disse Vicky.
Com relação à empregabilidade, a executiva afirmou que pode ser medida por três fatores:

  • Competência e conhecimento
  • Princípios e valores morais
  • Rede de relacionamentos

Os três pontos são igualmente importantes e se complementam. “Mas é bom lembrar que pelo menos 70% das chances de você dar certo depende da sua rede de relacionamentos”, garantiu.
O equilíbrio entre vida pessoal e profissional – que garante que profissionais de sucesso também possam ter qualidade de vida – foi o tema de uma pesquisa realizada em 2001 pela Fundação Dom Cabral de Belo Horizonte. Os dados mostram que 68% dos profissionais de nível de gerência utilizam seu e-mail e celular para trabalhar nos finais de semana. Apenas 26% dos gerentes e 22% dos diretores acham que a tecnologia alivia seu serviço, enquanto que entre os presidentes esse número sobe para 62%.
A pesquisa revelou também que os executivos brasileiros são workaholics e dedicam um tempo desproporcional ao trabalho: eles gastam 71% do seu tempo e 74% de sua energia com a carreira. O resultado é óbvio: insatisfação e problemas pessoais. Já 66% dos entrevistados estão insatisfeitos com esta distribuição, 70% percebem insatisfação do cônjuge e 30% notam indiferença.
A principal lição que se pode tirar de tudo isso é que gastar a maior parte do seu tempo com o trabalho ou então com questões pessoais é sinal de desequilíbrio. Carreira e vida são coisas que devem caminhar juntas, porque o sucesso, em ambos os campos, depende da estabilidade emocional e profissional. Não busque soluções exagerando em qualquer uma das pontas, porque o que era para ser uma solução pode se tornar mais um problema na sua vida.

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