Carreiras | Empregos

Por Izabel Cristina

Internet
Depois de uma desordenada euforia de investimentos durante os anos de 1998 e 1999, a segunda metade do ano 2000 marcou o fim de um grande movimento especulativo dentro das bolsas de valores americanas, quando critérios mais tradicionais de avaliação das empresas, bem como previsões mais realistas dos modelos de negócios adotados passaram a nortear as decisões de investimento nas chamadas empresas pontocom.
Neste contexto, 2001 foi um ano de revisão de estratégias, fusões e demissões. “As contratações diminuíram e as demissões aconteceram, pois o ritmo de investimentos caiu. As equipes formadas durante o boom tornaram-se ociosas e as empresas tiveram que se adequar ao mercado para sobreviver”, afirma Aline Zimermann, vice-presidente da ASAP Executive Recruiters.
Apesar das demissões em massa que ocorreram em empresas como Motorola, UOL, AOL, StarMedia, Ericsson, Siemens, Nortel, Telefônica, IG, 3Com, Xerox, entre outras, Aline Zimermann avalia que as contratações irão continuar em 2002. “O volume caiu, mas as contratações continuarão acontecendo numa escala menor, pois as empresas estarão num momento pós-crise”, conclui.
Empresas que investem pesado em tecnologia, como Globocabo (PLIM4) e Embratel (EBTP4) tiveram desvalorização considerável em suas ações, bem como algumas empresas de Internet tiveram de rever seus quadros de funcionários ou seus modelos de negócio- é o caso dos sites de leilão, que sofreram um processo de fusão e passaram de serviços gratuitos a serviços comissionados.
Esses efeitos tiveram reflexo no Brasil. Alguns nomes conhecidos e respeitados no mundo virtual foram parar no cemitério. Outros, que estavam em início de carreira, simplesmente não conseguiram resistir. Os exterminados: GuiaLocal, Canal Web, Tantofaz.net, Click One, SportsJá, Campo21, Zeek, Baquía, Kelkoo, ZeroZeroZero, Fera.com, Agrupate.com, Zip.Net.
Apesar desse período de recessão, outros sites conseguiram se reestruturar e continuam no mercado, com projetos de crescimento para 2002. O IG passou a operar dentro de parâmetros aceitáveis de rentabilidade e, num recurso simbólico converteu sua logomarca de vermelho para azul. “A palavra de ordem para o próximo ano é monetizar. A contenção de custos continua e os resultados estarão voltados para audiência, aumentar a receita e concorrer no mercado”, afirma Adriana Naves, diretora de novos negócios do IG. Os investimentos deverão se concentrar nas áreas que apresentam melhores resultados no site como o Babado, Último Segundo, Fliperama, Morango e Chique.
Turismo
Depois do atentado ao World Trade Center, em 11 de setembro, o número de viagens ao exterior despencou este ano, favorecendo o turismo interno no país. Essa tendência deverá continuar em ascensão em 2002. “Será um setor em expansão em 2002. Com todos os problemas e as crises internacionais, como a da argentina e americana, as pessoas darão preferência ao turismo regional. Mesmo que as novas oportunidades sejam, na maioria, temporárias, as projeções são positivas para novos postos de trabalhos”, afirma Sérgio Mendonça, diretor do Dieese.
O potencial turístico do Brasil atrai grandes grupos internacionais e investidores locais. Para 2002 serão investidos 6 bilhões de dólares na construção de resorts, hotéis e pousadas. É uma quantidade significativa que vai gerar nada menos do que meio milhão de novos empregos e oportunidades de negócios para pequenas e grandes empresas.
Segundo a Associação Brasileira das Agências de Viagem (Abav) deverá ocorrer um crescimento de 30% nas viagens nacionais e uma queda de 40% nas internacionais na próxima temporada.
Durante anos, a Embratur gastou dinheiro para vender um produto sem saber ao certo como garantir a entrega. A boa notícia é que há algum tempo começou a se cristalizar no país a noção de que o turismo é um setor que, a exemplo de qualquer outra atividade, só dá retorno se for bem planejado e tiver uma estratégia clara.
Isso significa investir em infra-estrutura básica, qualificar mão-de-obra para melhor atender ao visitante, identificar e explorar novos roteiros e implementar nos municípios com potencial de desenvolvimento turístico a noção de que seu produto tem valor, desde que bem trabalhado.
Prova disso são os investimentos que as marcas como Sofitel, Mercure, Novotel e Ibis estão destinando para o setor. Até 2003, o grupo Accor deve adicionar outros 69 empreendimentos à sua carteira de 94 hotéis, com recursos de 300 milhões de reais, em parceria com investidores privados. Em outras palavras, haverá mais empregos e postos de trabalhos para o setor.
Telemarketing
Atualmente, as centrais de atendimento, também conhecidas como Call Centers, movimentam 65 bilhões de reais, empregam 300.000 pessoas e atraem grandes competidores de dentro e de fora do Brasil.
O setor passou a ganhar força com a adoção do Código de Defesa do Consumidor, em 1990. Com ele, as empresas brasileiras automaticamente foram obrigadas a ter canais de comunicação com os clientes.
A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) prevê que até o ano 2005 deverão estar em funcionamento no país 116 milhões de telefones fixos e móveis. Em 1995, esse número era de apenas 16 milhões de aparelhos. Isso significa que as empresas prestadoras de serviços de telemarketing hoje adquirem linhas facilmente (não era tão simples no passado), e que o número potencial de pessoas que podem ser atingidas pelos serviços de centrais de atendimento aumentou drasticamente.
Com isso, o setor pôde expandir e atualmente é uma das áreas que mais oferece postos de trabalhos. Contudo, os números de crescimento esbarram na realidade brasileira. A maior dificuldade é encontrar mão-de-obra qualificada. Atualmente, as companhias de centrais de atendimento procuram por jovens que tenham, de preferência, nível universitário. O salário varia entre 400 e 700 reais por mês nas empresas paulistas, por uma jornada de 36 horas semanais em média.
Moda
O setor está em crescimento. Segundo o guia de Profissões em Alta no Mercado de Trabalho, do CIEE (Centro de Integração Empresa Escola), atualmente a área conta com 22 mil empresas, que empregam 1,6 milhão de pessoas. A perspectiva é que, de olho nas exportações, indústria e comércio criem sete mil vagas nos próximos cinco anos.
O Morumbi Fashion e o Casa de Criadores, em São Paulo, e a Semana Barra Shopping de Moda, no Rio de Janeiro, são eventos que têm atraído investimentos e promovido profissionais brasileiros. Mas não pense que o setor pára por aí. Atualmente, na cidade de Goiânia fica concentrado o quarto maior pólo de moda do país, que emprega 35 mil pessoas e está em franco crescimento.
Há ainda perspectivas de que o governo de Goiás incentivará a mineira Horizonte Têxtil, antiga Companhia Industrial de Tecidos de Belo Horizonte, a ocupar as antigas instalações da Vicunha, na cidade de Anápolis. Com isso, o governo goiano concretizará o projeto de fechar o ciclo do algodão dentro do Estado, que atualmente produz a matéria-prima necessária para o setor.

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