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Duda Teixeira, especial para Salutia

O prazer sexual está sujeito às mais diversas interferências. Medos, inseguranças, dúvidas, nervosismo e ansiedade podem levar o desempenho ao Olimpo ou aos infernos. No caso do homem, uma de todas as possíveis variáveis parece se destacar: o trabalho. Especialistas em sexualidade concordam que ele interfere diretamente na satisfação sexual.

Na opinião do neurofisiologista clínico Martin Pörtner, que há 20 anos atende homens com disfunções sexuais em seu consultório em Porto Alegre, essa também é uma questão de qualidade. Um trabalho repetitivo, por exemplo, pode minar a auto-estima e prejudicar o sexo. Mas, se for algo envolvente, criativo e emocionante, tende a enaltecer o jogo da sedução. Pörtner deu a seguinte entrevista a Salutia:

Salutia – Como o sr. explica a relação entre vida sexual e profissional?
Martin Pörtner – Tanto a satisfação profissional como a excitação sexual são formas de energia, impulsos conduzidos pelas células nervosas. Assim, muito antes de a relação sexual começar, o homem precisa ter uma sobra de excitação. Ela é alcançada quando o trabalho é desafiador, envolvente, criativo e reconhecido pelos demais.

Salutia – E quando isso não acontece?
Pörtner –
Um serviço desestimulante e monótono tem efeito contrário. É o caso dos que passam oito horas do dia enchendo uma planilha de dados. Esse é o protótipo do homem que se queixa de sexualidade pobre. Para ele, a solução é fortalecer o trabalho. Quando isso ocorrer, a sexualidade vai melhorar naturalmente.

Salutia – E o estímulo erótico não conta também?
Pörtner –
O estímulo erótico, sensorial, é quase tudo para um jovem. Mas para um homem maduro só entra na reta final. É a ponta de uma pirâmide. Isso porque antes de fazer sexo, o homem deve estar abastecido por sentimentos e emoções proporcionadas pela profissão. Se ele conseguir isso sempre, o prazer não vai terminar nunca. Conheço casais de 70 anos que têm uma vida sexual muito feliz. São pessoas dinâmicas, que trabalham muito e gostam do que fazem. Para eles, a fantasia erótica é supérflua.

Salutia – As emoções proporcionadas pelo lazer, pela família e por outras atividades também não entrariam nessa pirâmide?
Pörtner
– O trabalho tem um fator de destaque porque é nele que ocorrem as principais realizações. Alguns homens podem até consegui-las por meio do lazer ou de um hobby qualquer. Mas a maioria dos homens adquire essa energia por meio do trabalho. Isso é uma característica masculina. Salutia – Em seu livro Inteligência Sexual, o sr. diz que o sexo também pode ajudar o homem a ser criativo no trabalho. Como isso acontece? Pörtner – No momento do orgasmo, a pirâmide é totalmente desmanchada. Toda a energia é queimada. É preciso, então, reconstruir essa pirâmide. Dessa necessidade de edificar novamente é que vem a criatividade. Em geral, o problema dos homens não é ter novas idéias, mas esquecer as velhas, zerar a energia que pode ter sido acumulada por dias seguidos.

Salutia – E o trabalho excessivo não pode ser prejudicial?
Pörtner –
Sim. Depois que obtêm essa energia de motivação, muitos homens se sentem compelidos a gastá-la com o trabalho. Assim, ficam até tarde no escritório, por exemplo. Mas o ideal é economizar essa energia e levar um pouco da motivação para casa. É assim que se consegue a criatividade. Tem que existir um equilíbrio, do contrário não dá certo.

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