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Há 20 anos, dizer que estresse poderia ter alguma relação de causa ou efeito em doenças provocaria risos entre profissionais da saúde. De lá para cá, houve uma reviravolta. Hoje, boa parte das doenças que, aparentemente, não apresentam uma causa genética ou hereditária são associadas ao que a Organização Mundial da Saúde diagnosticou como o “mal do terceiro milênio”.
No dia-a-dia, frases como “estou estressado”, ou “isto me estressa” são usadas para qualquer situação que fuja do controle. É o trânsito infernal, o computador que não funciona, o celular que não pára de tocar, a crise financeira mundial. Em meio ao caos do desemprego, trabalhar além do limite virou questão de sobrevivência. Relaxe, respire fundo e encare: você pode estar realmente estressado!
“Vivemos uma guerra de metas no interior das companhias”, lembra Ana Maria Limongi França, psicóloga da Faculdade de Economia e Administração da USP. As conseqüências de mudanças nas empresas têm sido traumáticas: aumento das lesões por esforço repetitivo (LER), desordens mentais, maior incidência de uso de drogas e mortes súbitas, especialmente devido a infartes em executivos da alta gerência.
Mentalmente desencadeado por mudanças, o estresse é um estado orgânico do corpo – por isso, não escolhe suas vítimas. A pergunta que se impõe é: como controlar essas reações?
Estresse-se e, em sete segundos, adrenalina e outras substâncias químicas são jorradas no sangue, que faz o coração bater mais forte e a respiração acelerar. O fígado passa a produzir glicose para dar energia ao organismo. Enquanto isso, outras funções, como a digestão, são deixadas em segundo plano. Depois de alguns minutos, se a situação exigir mais forças, o cérebro aciona um mecanismo mais potente, as supra-renais, que liberam três hormônios – a cortisona, o cortisol e a corticosterona. Se esse processo de nutrição orgânica tiver como resultado uma boa idéia, a conclusão de um trabalho, a superação de uma dificuldade, o corpo volta ao normal. Mas se a ebulição passar dos limites, a saúde começa a ser ameaçada.
Tensões musculares, dores de cabeça, azia são alguns dos sintomas mais comuns do primeiro nível de estresse. Num segundo estágio, os sintomas já se transformaram em inflamações como tendinite, bursite e gastrite. A terceira fase do estresse é caracterizada por distúrbios graves, como úlcera, depressão e enfartes.
“O problema é que empresas e pessoas só acordam mesmo quando o nível de tensão estoura em casos agudos, como a morte de alguém da alta direção”, aponta Ana Cristina França. Foi o caso de uma grande empresa de telecomunicações cujo diretor “morreu de estresse” em 1993, conforme declaração do médico no atestado de óbito – prática incomum entre os profissionais de saúde. A tragédia levou a empresa a implantar um programa de qualidade de vida no trabalho.

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