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por Beto Gomes*
Para muitos jogadores de futebol, dia de treino é um martírio. Fazem de tudo para driblar a rotina diária de exercícios e estão sempre reclamando do rigor imposto pelos preparadores físicos. Mas este não é o caso dos jovens atletas do Pequeninos do Jóquei, clube tradicional de São Paulo que disputa competições infanto-juvenis.
Pelo menos não durante o ano em que foram treinados e analisados pelo professor de educação física Mário César de Oliveira. Autor de um estudo realizado pelo Cemafe (Centro de Medicina da Atividade Física e do Esporte), da Unifesp, ele mostrou que música durante os treinamentos aumenta o rendimento dos esportistas.
O trabalho de Mário César foi feito com 23 jogadores de 16 anos. Depois de adaptar todos os fundamentos do futebol (cabeceio, passe, drible, chute etc) ao ritmo de música eletrônica (techno music), o fisiologista verificou que a agilidade dos atletas aumentou 13%, em média. “Antes desse tipo de treinamento, eles faziam os exercícios em 11’44”. Depois, baixaram a marca para 9’97”, conta.
Recordes e condicionamento físico
Para medir o índice, o professor de educação física aplicou uma atividade conhecida como shuttle run duas vezes por semana, com duração de 60 minutos cada sessão. Essa atividade consiste em medir o tempo que o jogador leva para percorrer uma distância de 9,14m, pegar a bola no final de uma linha pré-estabelecida e voltar com ela nos pés.
“As marcas atingidas depois dos treinos com música foram muito elevadas, principalmente se considerarmos que os testes foram realizados com atletas. A partir do momento em que se atinge um determinado condicionamento físico, fica cada vez mais difícil quebrar recordes”, diz Oliveira.
Batida marcante
O segredo do treinamento, segundo ele, está na velocidade da música. Quanto mais rápida a batida, melhor o desempenho. Por isso, justifica, o estilo mais indicado é o techno. “Esse também é o gênero que mais agrada aos jovens. Eles ficam mais dispostos e descontraídos”, avalia. Apesar da preferência, Oliveira acredita que outros tipos de música podem melhorar a performance. “Basta que ela tenha um ritmo marcante. Se for acelerado, melhor”, acrescenta.
A experiência de incorporar a música aos treinos dos jogadores já foi testada há muito tempo, quando o autor da pesquisa trabalhou com a equipe de preparação física do São Paulo Futebol Clube, em 1989. Naquela época, a maratona de jogos do time do Morumbi prejudicou o condicionamento físico dos atletas.
“Nossa objetivo era apenas descontraí-los. Não fizemos nenhum tipo de avaliação”, revela Oliveira. Mas agora que obteve resultados satisfatórios, o fisiologista pretende estender a idéia aos grandes clubes do país. “Vamos divulgar o trabalho, para que seja incorporado por outros profissionais”.
*Matéria cedida pelo site Planeta Vida

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