Carreiras | Empregos

Por Leila Navarro
Diz o senso comum que se queremos progredir na carreira, a primeira coisa a fazer é definir um objetivo e traçar uma rota para alcançá-lo. Então devemos planejar bem cada passo dessa trajetória e nos empenhar em segui-los até que, um belo dia, chegamos lá. Que bom seria se as coisas funcionassem mesmo assim, não?
Na prática, o  caminho da ascensão profissional mais parece com aquelas escadas do filme Harry Potter que mudam de lugar a todo instante. Também, não é para menos: para responder rapidamente às transformações do mundo dos negócios, as organizações têm de mudar organogramas, repensar estruturas e cargos com frequência. Só isso já é capaz de tumultuar o plano de carreira de qualquer um… E quando a empresa em que trabalhamos é comprada por uma daquelas transnacionais poderosas, que já chegam mudando tudo e nos colocam em um departamento ou cargo que não tem nada a ver com nossos planos?
Realmente, o projeto de carreira de qualquer profissional hoje em dia está sujeito a esses imprevistos e, de repente, a pessoa pode ver-se ocupando uma função bem diferente da que gostaria de exercer. É compreensível que isso a aborreça e ela tente de todas as maneiras sair daquela situação. Sou a primeira a achar que ninguém é obrigado a se conformar com algo que não o deixa satisfeito; por outro lado, enquanto as coisas não se resolvem, por que não aproveitar a situação para  aprender alguma coisa?
Acredito que nada nos acontece por acaso e há sempre uma razão para estarmos onde estamos. O fato de ter ido parar no lugar “errado” pode ser um teste para o nosso senso de oportunidade e nossa persistência, ou talvez seja a chance de aprendermos algo completamente novo, que jamais aprenderíamos por conta própria.
Foi o que se passou com uma publicitária, apaixonada pelo trabalho criativo. Empregada em uma agência de médio porte, onde havia muitas perspectivas de crescimento, ela progredia de vento em popa na carreira. Tudo ia bem até que, de uma hora para outra, a agência foi incorporada por outra maior – e, como infelizmente acontece nesses casos, a publicitária “sobrou”. Ofereceram-lhe uma vaga no setor de pesquisa de mercado, que ela só aceitou para não ficar desempregada. No começo, achou que não conseguiria ficar um mês no novo departamento, que era o reino das metodologias e análises, o oposto do setor criativo onde trabalhava antes. Com o tempo, porém, começou a ver alguns atrativos na pesquisa de mercado e acabou ficando lá por quase um ano, enquanto procurava emprego em sua área. Um dia, recebeu uma proposta de trabalho na criação publicitária de numa pequena agência. O aprendizado na interpretação de pesquisas de mercado foi considerado um diferencial importante.
No final das contas, a publicitária fez como diz aquele provérbio: se a vida lhe dá um limão… Não é que eu seja fã de frases escritas em para-choques de caminhão, mas comigo é assim: quando algo não acontece do jeito que eu gostaria que acontecesse, não fico brigando com a situação. Em vez disso, me pergunto o que posso aprender com ela.
Essa é uma das dicas que dou no livro “Como manter a carreira em ascensão”, publicado pela Editora Saraiva: se por algum motivo seus planos de carreira sofrerem algum desvio, procure tirar proveito da situação, pois deve haver alguma coisa que você possa aprender com ela. Isso não quer dizer que você tenha de desistir de seu projeto, mas adequá-lo às novas circunstâncias. Transformar adversidades em oportunidades é uma habilidade preciosa para a carreira de qualquer pessoa. Pense nisso!

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