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por Camila Micheletti
“Redução de quadro é algo que não existe na Ouro Fino”. Quem afirma é o gerente de RH, Ruben Guimarães. Especializada em produtos veterinários, a empresa apresentou em 2003 um faturamento de R$ 70 milhões, enquanto que as exportações, somente no ano de 2004, já renderam US$ 2,5 milhões – números válidos até agosto de 2004. A empresa exporta para 24 países, sendo que México, Colômbia e Venezuela são os principais mercados compradores. São 320 colaboradores internos, situados na fábrica de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, e 120 colaboradores externos, que representam a empresa em praticamente todos os estados brasileiros. Em 2003, a empresa teve um crescimento de 30% em relação ao ano anterior.
Um dos destaques da Ouro Fino é o seu projeto de endomarketing, que engloba uma série de atividades que estimula a troca de informação entre os colaboradores, com o objetivo de melhorar o atendimento ao cliente e aumentar a produtividade da empresa. “Com o crescimento acelerado da empresa nos últimos anos, tivemos que encontrar um meio para que todos tivessem mais informações sobre a organização e também para que a integração dos novos com os antigos colaboradores também fosse mais intensa”, explica Guimarães.
Atualmente é a décima companhia no ranking das empresas que operam no mercado de medicamentos veterinários. De acordo com Ruben, muitas políticas de Recursos Humanos vêm sendo implantadas para reter os talentos. Como atua num setor muito específico e com grandes concorrentes, este tem sido o grande desafio da empresa. Saiba como nesta entrevista:
Empregos.com.br – Qual é o market-share da empresa?
Ruben Guimarães – Produtos veterinários em geral. Nosso campeão de vendas é o Colosso, um carrapaticida.
Empregos.com.br – A que se deve o crescimento de 30% em relação ao ano anterior?
Ruben Guimarães – Deve-se a divisão da área comercial em unidades de negócio, mudança realizada em 2004. São cinco unidades: Ouro Fino Saúde Animal (grandes animais), Ouro Fino Bem-Estar Animal (pet), Ouro Fino Animal Health (exportação), Ouro Fino AgroSciences (sementes forrageiras), Ouro Fino Cuidados Domésticos (pragas domésticas). O lançamento de novos produtos e a reestruturação da área comercial também contribuíram para esse crescimento.
Empregos.com.br – Que produtos foram lançados?
Ruben Guimarães – Em 2000 fizemos o lançamento de toda uma linha de produtos veterinários, a linha PET. Os produtos vêm obtendo destaque no mercado interno, especialmente na região Sudeste, mas ainda não são exportados.
Empregos.com.br – Quanto foi investido na nova fábrica? Porque vocês decidiram ampliar o parque industrial?
Ruben Guimarães – Investimos 15 milhões de reais. A empresa atua no segmento de medicina veterinária, e a nova fábrica vem ampliar o trabalho e atuação. Hoje, a empresa tem uma unidade produtiva, onde também acontecem as pesquisas e produção de várias áreas, ou seja, de todas as unidades; e a unidade administrativa. Na nova fábrica, as duas unidades (fábrica e administração) estarão integradas. A unidade de parasiticidas é a primeira que será transferida para a nova fábrica. Depois serão transferidas as outras.
Empregos.com.br – Há a previsão de novas contratações?
Ruben Guimarães – Ainda não temos previsão. Já contratamos 60 pessoas e, como há a estimativa de crescer 35% em 2004, pode ser que existam novas admissões. Mas uma coisa é certa: redução de quadro é algo que não existe na Ouro Fino. A expectativa é que tenha aumento de produção, e as contratações fiquem estáveis por enquanto.
Empregos.com.br – Qual é a importância dos talentos humanos nesse processo de crescimento?
Ruben Guimarães – Fundamental, é impossível crescer sem os talentos. O nosso grande desafio atual tem sido esse: conservar os talentos atuais, através do desenvolvimento e das políticas de benefício, e atrair novos profissionais.
Empregos.com.br -O que vocês fazem pela retenção de talentos?
Ruben Guimarães – Os benefícios e a remuneração são muito agressivos. O melhor plano de saúde, odontológico, vale-refeição e transporte, semana de cinco dias, mesmo na fábrica, investimento em cursos. Para os líderes (supervisores, gerentes e diretores), pagamos de 40 a 45% dos cursos de MBAS. Além, é claro, da motivação de estar trabalhando em uma empresa em franco processo de crescimento.
Empregos.com.br – A fábrica está trabalhando de acordo com os critérios reconhecidos de qualidade?
Ruben Guimarães – A Ouro Fino sempre esteve de acordo com as regras de qualidade, solicitadas pelo MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). Com a nova fábrica, a empresa estará preparada a atender exigências também do mercado norte-americano e europeu, que são diferentes das exigências de qualidade brasileira e de outros mercados que a Ouro Fino já exporta.
Empregos.com.br – Responsabilidade social, o que a empresa faz neste sentido?
Ruben Guimarães – Já temos o selo Abrinq há alguns anos. Além disso, ajudamos financeiramente algumas instituições e temos uma parceria com uma escola para deficientes mentais. São 12 jovens, que trabalham embalando produtos da Ouro Fino. Os que se destacam nessa atividade acabam sendo contratados para a linha de produção, e nós repassamos o valor dos produtos para a escola. Também temos uma parceria com a cavalaria da polícia de Ribeirão Preto: uma educadora física, que trabalha aqui na OF, faz um trabalho com eqüoterapia, com crianças e jovens deficientes. A cavalaria cede os cavalos, em troca eles podem tratar dos animais com os produtos da empresa.
Empregos.com.br – Como funciona o programa de endomarketing?
Ruben Guimarães – O projeto teve início em 2001, com uma série de atividades que estimula a troca de informação entre os colaboradores, com o objetivo de melhorar o atendimento ao cliente e aumentar a produtividade da empresa. Com o crescimento acelerado da empresa nos últimos anos, tivemos que encontrar um meio para que todos tivessem mais informações sobre a organização e também para que a integração dos novos com os antigos colaboradores fosse mais intensa. Para isso, foi estruturado um trabalho em que os representantes de cada setor fizessem apresentações sobre as funções de cada departamento para todos os colaboradores. Hoje, além da apresentação dos negócios para quem entra na empresa, existem reuniões para discussão de ferramentas sobre gestão de pessoas. São líderes que se reúnem uma vez por semana para debater assuntos estratégicos e que depois precisam ser multiplicados aos outros colaboradores, como melhorias no plano de participação nos lucros e resultados, por exemplo, projetos de responsabilidade social, entre outros.
Empregos.com.br – Como surgiu o Programa Interno de Aprimoramento Técnico (PIAT)?
Ruben Guimarães – Tivemos um retorno muito bom com o programa de endomarketing, mas sentimos que ainda estava restrito aos íderes. Eles estavam muito envolvidos, os colaboradores, nem tanto. Foi então que decidimos levar o endomarketing para todos os colaboradores, e criamos o PIAT. Funciona assim: a cada mês, um departamento da empresa apresenta o seu trabalho aos outros colaboradores. A primeira equipe que se apresentou foi a que trabalha na produção, no setor de antiparasitários, formada por 21 pessoas. Os colaboradores receberam a proposta do programa e tiveram duas semanas para se preparar. A idéia é que cada equipe faça a sua apresentação da forma que achar mais adequada. Assim, para todos da empresa, cada apresentação será uma surpresa. Nós disponibilizaremos materiais que eles precisarem, mas não vamos interferir em nada. A criatividade para agradar as outras pessoas e explicar aquilo que fazem é totalmente deles. Os 21 integrantes da equipe participaram da apresentação. Cada um abordou um aspecto do trabalho, como as tarefas e objetivos do setor, produtos desenvolvidos, processo de produção, segurança do trabalho, avanços tecnológicos, entre outros. O grupo abordou os passos do trabalho de forma simples e, para ajudar, levaram cartazes com explicações sobre determinados procedimentos. O ciclo de treinamentos vai ocorrer toda 2ª sexta-feira de cada mês. Cada equipe tem entre 30 e 45 minutos para mostrar seu trabalho. Todos os setores participarão do PIAT.
Empregos.com.br – Como tem sido a aceitação deste projeto?
Ruben Guimarães – Tivemos apenas uma apresentação, estamos no primeiro mês, mas já deu pra sentir um retorno muito bom. Acho que a grande maioria dos trabalhadores da base (da fábrica) nunca havia se apresentado em público. De repente eles precisavam fazer uma apresentação para toda a empresa, cerca de 250 pessoas, incluindo gerentes e diretores. A motivação e satisfação deles em estar ali era muito grande, sem dúvida. Fizemos questão de que não houvesse lideranças entre os colaboradores, estava tudo a cargo do pessoal mais básico mesmo. Pode ter faltado um pouco de conhecimento para fazer a apresentação, claro, mas isso não foi avaliado.
Empregos.com.br – O RH é uma área estratégica na Ouro Fino?
Ruben Guimarães – Temos tentado ser estratégicos, ainda que isso seja muito difícil. Cerca de um ano, um ano e meio para cá, começamos a atuar de forma mais estratégica na empresa, participando das decisões financeiras, porpondo alternativas para aumentar o parque industrial e melhorar a mão-de-obra. Como fazemos parte de um mercado em crescimento e com concorrentes muito competitivos, temos que fazer uma força muito grande para reter as pessoas. Não somos os líderes, atualmente a Ouro Fino é a décima companhia no ranking das empresas que operam no mercado de medicamentos veterinários. Daí a importância de se investir cada vez mais no ambiente de trabalho e nas pessoas. Uma das nossas maiores lutas é reter o pessoal bom, e o RH tem um papel fundamental neste processo.
Empregos.com.br – Podemos afirmar que o RH na Getronics é estratégico?
Luiz Claudio Amaral – Como toda empresa multinacional, temos políticas mestras concebidas pela matriz da empresa. Cabe a nós entender a política e saber como ela vai interagir com as políticas locais. Mas a grande maioria das políticas são globais, originadas da matriz.
Empregos.com.br – Você pode dar um exemplo de política local que foi aceita com sucesso na matriz?
Luiz Claudio Amaral – O programa de multiplicadores é um bom exemplo. Selecionamos pessoas-chave da organização, que fazem alguns treinamentos e repassam para o conhecimento para a equipe. Começou no Brasil e virou estratégia mundial da empresa.
Empregos.com.br – Qual é o seu grande desafio na direção de RH da empresa?
Luiz Claudio Amaral – Acredito que não tem como ser unânime em RH, porque as pessoas têm objetivos muito diferentes, seja em treinamento, seja em remuneração e benefícios. Nós oferecemos treinamento para quer o profissional se desenvolva, e possa vislumbrar oportunidades no futuro.
Empregos.com.br – A empresa cumpre a cota de contratação de deficientes?
Luiz Claudio Amaral – Estamos abaixo da cota. Pretendemos focar as novas contratações em profissionais portadores de deficiência. Pela Lei precisamos ter 11 PPDs, hoje só temos quatro. Um grande dificultador é a questão do trabalho terceirizado, nem sempre as empresas clientes têm a estrutura disponível para receber essas pessoas.
Empregos.com.br – O mercado de TI vem crescendo acima da expectativa?
Luiz Claudio Amaral – O mercado de tecnologia acompanha a economia. Quando o País começa a crescer, a tendências é que as empresas comecem a investir.
Empregos.com.br – Qual segmento de TI será o mais promissor, na sua opinião?
Luiz Claudio Amaral – Acredito que a área de serviços especializados, que envolve aplicações e gerenciamento de redes corporativas, segurança e mobilidade de dados, apresente bons negócios e resultados nos próximos meses.

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