por Isabel Maria Antunes Joffe*
O maior patrimônio de uma empresa, ao lado de seus clientes e fornecedores, é seu corpo de funcionários. São eles a melhor vitrine da imagem da corporação e da qualidade de seus produtos perante o consumidor. Para isso, precisam estar profundamente envolvidos com a filosofia da empresa e vivenciar como próprios os seus ideais. Precisam trabalhar satisfeitos e comprometidos.
O processo de seleção enfrentou profundas mudanças nas últimas décadas, com a multiplicação de especialistas e a proliferação de teses sobre as melhores técnicas de busca e escolha do funcionário perfeito. No afã de sofisticar as ferramentas de recrutamento, a maioria dos departamentos de recursos humanos privilegiou o conhecimento, a inteligência, o raciocínio, enfim, a capacidade de gerar resultados (lucro).
A técnica substituiu os sentimentos, ignorou o humano. A conseqüência foi a formação de equipes quase robotizadas. É impressionante, hoje, o nível de insatisfação no trabalho.
Qualquer enquete mostrará funcionários estressados e unânimes em afirmar que são submetidos a insuportáveis pressões internas para cumprir metas. Isso pode explicar o aumento da rotatividade da mão-de-obra nos últimos anos. A maioria dos funcionários perdeu a identificação com os ideais de sua empresa e, pior, com seus próprios ideais. Falta alma, prazer.
Não sem motivo, portanto, verifica-se nas corporações um movimento de retomada de valores esquecidos ou suplantados pela concorrência predatória que se instalou a partir da globalização da economia. Os especialistas em RH batizaram esse movimento com o pomposo nome de endomarketing, que nada mais é do que um trabalho de revalorização do funcionário como pessoa, com seus problemas pessoais e familiares.
Cada vez mais vão ficando para trás técnicas de seleção questionáveis e que beiram o ridículo, como a que pretende (ou pretendia) testar a capacidade de segurança do candidato com uma pergunta – se ele fechou a porta ao entrar para a entrevista. É lógico que a maioria olha para trás. O que isso tem a ver com segurança ou capacidade decisória?
Ao lado de um diploma, de uma especialização, do domínio de línguas estrangeiras e outras qualificações, em maior ou menor nível, o bom candidato é aquele que se sente afinado com os ideais, as metas e a filosofia da empresa na qual pretende trabalhar. Por isso, no processo de seleção, o primeiro passo é mostrar “a cara” da empresa, seu passado, seu presente e as metas futuras. Tanto melhor – deveria ser a regra – se essa empresa for eticamente correta e socialmente responsável. Nesse sentido, me atrevo a afirmar que, mesmo com a crise de emprego que afunila as possibilidades de escolha, o candidato tem o direito e o dever de analisar se a companhia é a ideal para a missão de vida que ele se propõe a cumprir.
Envolvimento pleno com os ideais da empresa se traduz em satisfação, em naturalmente vestir a camisa. Nesse ambiente, imposições de cima para baixo se tornam desnecessárias. As relações interpessoais melhoram e a produtividade é uma conseqüência.
Essa nova filosofia de valorização do ser humano foi adotada com sucesso na rede Mundo Verde, maior franquia de produtos naturais, dietéticos e esotéricos da América Latina, com 106 lojas no país. Esse é o caminho e a nossa contribuição.
*Isabel Maria Antunes Joffe é presidente e ombudsman da Mundo Verde.
RH: valores esquecidos
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