Carreiras | Empregos

As punições adotadas pelas empresas geralmente são arcaicas e abalam profundamente a estrutura psicológica do empregado. Conseqüentemente, o rendimento e a produtividade no trabalho são prejudicados. Margarida conta que um trabalhador foi proibido de tomar café porque não atingiu a meta estipulada pela empresa. Outro funcionário de uma indústria têxtil mudou de função pelo mesmo motivo. Ele operava na linha de montagem, mas foi obrigado a lavar o banheiro. Alguns ainda tiveram a cesta básica cortada.
Entre o turbilhão de sentimentos que os humilhados demonstram, a médica notou que a maioria sentiu-se indignada, traída e magoada. A pesquisa mostrou que esse tipo de reação é comum, principalmente entre os demitidos, porque eles acham que não tiveram seu trabalho reconhecido. “São pessoas que ficaram anos na empresa, vestiram a camisa e fizeram o melhor que puderam. Mas foram rebaixados por ignorância dos chefes. Muitos sentiam dores no peito, por exemplo, por causa do trabalho braçal. Nesses casos, ouviam respostas como: ‘lugar de fresco é em casa, você não pode trabalhar aqui’”, diz ela.
Para a médica, essa atitude dos patrões é uma forma de demonstrar poder e impor-se pela força e pelo medo. “É a maneira que encontram para mostrar sua autoridade. Em geral, os comentários procuram atingir a virilidade dos empregados. Para completar, esse comportamento é adotado somente quando há testemunhas. E o pior é que os próprios companheiros acabam repetindo a piada ou permanecem indiferentes em relação ao problema”, avalia.
Intervenção dos sindicatos
Para evitar os abusos na relação entre patrões e empregados, Margarida diz que os sindicatos deveriam estar mais atentos para o problema e abrir um espaço para ouvir o trabalhador. Ela cita como exemplo as associações contra a violência no trabalho que já existem na Europa, onde estima-se que 10% da população apresente distúrbios da saúde mental, como depressão e ansiedade, por causa da humilhação que sofrem no trabalho.
Um estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT), divulgado em outubro, chamou a atenção para o psicoterror. “É preciso dar visibilidade para essa questão e tratá-la como um problema de saúde. Só assim as centrais sindicais vão intervir de fato nas empresas para evitar a humilhação dos empregados”.

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