por Laerte Cordeiro*
Os consultores de contratação de executivos e profissionais (na gíria empresarial, “headhunters”, com tradução simpática para “caçadores de talentos”) já atuam no Brasil há cerca de 50 anos. Às vezes pouco entendida, a atividade consolidou-se com o tempo e teve o seu auge nos anos 70 e 80. Facilmente, em São Paulo, podem-se encontrar consultorias com mais de 30 anos de atuação. São empresas nacionais e multinacionais de porte, algumas destas de chegada mais recente ao nosso meio.
Headhunters e outplacers
“Headhunting” é o trabalho de buscar no mercado um profissional que a empresa-cliente deseja admitir e “outplacement” é o trabalho do consultor de orientar e apoiar um profissional em sua busca de emprego ou de outras alternativas profissionais.
Consultorias e agências
Os escritórios de contratação de executivos (headhunters) trabalham, em geral, com seus excelentes bancos de currículos de profissionais e, principalmente, com apoio de seu círculo de relações profissionais (network) que lhes permite os contatos diretos com os perfis procurados ou com outros profissionais ou empresas que tenham condições de poder recomendar candidatos compatíveis com a vaga. O headhunter sabe ajudar seu cliente a definir o perfil do executivo procurado e em geral é bastante qualificado para realizar a pré-seleção dentre os muitos candidatos. Sua atuação é muito diferente da das agências de emprego, que normalmente trabalham nos níveis mais básicos da hierarquia das empresas e que, no mais das vezes, apenas mandam fichas e currículos ao cliente, sem maior seleção preliminar e deixando a avaliação para a empresa interessada.
Toda empresa deve estar sempre preparada para trazer do mercado os profissionais de que precisa. Mesmo sendo importante aproveitar o talento interno através de treinamento, desenvolvimento e promoção, há momentos nos quais é preciso oxigenar o sangue organizacional com gente de fora ou em que é preciso mudar, inovar e buscar novas alternativas estratégicas, para as quais o talento da casa nem sempre está disponível.
A atuação dos headhunters
Para o trabalho de identificar e atrair os necessários profissionais do mercado, as pequenas empresas, via de regra, não têm equipe suficiente ou qualificada, ficando tais funções por conta dos próprios sócios ou do Setor de Pessoal. Embora ocorram exceções, é pouco freqüente o uso de consultores (“Headhunters”) pelas empresas de modesta estrutura organizacional, salvo, quem sabe, no setor de Serviços.
As organizações de porte médio, embora já tenham uma estrutura organizacional definida e precisem realizar um bom trabalho na busca de profissionais para seus quadros, nem sempre estão organizadas internamente, na área de Recursos Humanos, para realizar os trabalhos necessários à contratação de executivos. Um consultor pode ser um parceiro de grande utilidade para tais empresas, sem o ônus de um custo fixo para a organização.
As empresas grandes, com estruturas organizacionais mais elaboradas, estão, em geral, bem armadas para fazer seus trabalhos de recrutamento e seleção de executivos e freqüentemente só precisam de um consultor diante de circunstâncias especiais, a saber:
1. Quando a procura do executivo/profissional desejado deva ser feita de forma confidencial para os públicos interno e externo da empresa.
2. Quando o recrutamento deva ser conduzido junto a profissionais empregados e a ação direta da empresa interessada seja delicada e difícil.
3. Quando se esgotam os recursos internos da empresa e não se consegue sucesso na busca do profissional desejado.
4. Quando a busca deva se fazer fora da cidade, região, estado ou país onde a área de Recursos Humanos da empresa pode atuar.
É importante que a direção das empresas e, principalmente, a área de Recursos Humanos perceba que a consultoria deve ser convocada e contratada como parceira, facilitadora e colaboradora, nunca como competidora, com o objetivo de ajudar a empresa a encontrar os homens certos para as posições certas.
Mas é importante, também, que as consultorias, para terem qualidade e contribuição, encarem sua atuação como parte de um esforço conjunto e integrado, de atenção constante e de aplicação máxima de sua competência para benefício de seus clientes. Embora para a maioria das consultorias atuantes no mercado brasileiro esta colocação sobre sua missão não seja novidade, é sempre importante ratificar o conceito, principalmente para aqueles que estão iniciando sua atuação no mercado.
* Laerte Leite Cordeiro é Presidente da Laerte Cordeiro Consultores em Recursos Humanos e especialista em Busca de Emprego do Empegos.com.br. Possui 20 anos de atuação como Consultor Sênior em Empregos e Carreiras. Economista com Mestrado em Administração e especialização em Recursos Humanos nas Universidades de Michigan State, Harvard e Stanford, Laerte é co-autor dos livros “Comportamento Humano na Empresa” e “Administração Geral e Relações Industriais na Empresa Brasileira”.