por Erasmo Vieira*
O tema qualidade de Vida está sendo muito debatido atualmente. Mas, afinal, o que é necessário para se ter hoje uma boa qualidade de vida?
Vários fatores ligados a esse assunto interferem diretamente no bom desenvolvimento do nosso trabalho. Na verdade, é preciso ter várias “saúdes”: mental, física, profissional, social, espiritual, sexual. Todos esses campos da nossa vida e do nosso corpo precisam de equilíbrio, mas ainda assim, não é suficiente.
Se a saúde financeira, pessoal e familiar, não estiver bem, todo o resto é comprometido. Um funcionário pode sair de um programa de treinamento altamente motivado, porém, se ao chegar em sua mesa receber uma ligação do gerente do banco a respeito de problemas “vermelhos” na conta corrente, parte da motivação vai embora por água abaixo.
Nós, brasileiros, não temos inserido em nossa cultura o hábito do planejamento financeiro, o que é fruto de décadas de inflação – época em que realmente era muito difícil planejar alguma coisa. Porém, felizmente temos hoje uma nova realidade, na qual independente de quanto ganhamos, é possível aprender a viver bem, com qualidade de vida e planejando o futuro.
Não se trata aqui de um planejamento para ganhar mais, e sim de um planejamento para aproveitar mais aquilo que estamos conseguindo gerar. Hoje, somos atacados por apelos consumistas a todo momento: quando ligamos a televisão, há sempre um comercial de produto ou mensagens de merchandising em programas e novelas; ao acessar a internet, entramos no mundo dos maravilhosos supermercados e shoppings centers virtuais, onde podemos comprar no meio da madrugada, de pijama ou até sem roupa.
É uma delícia não ter limites. Mas, muitas vezes, nos esquecemos de que o nosso limite existe sim, e se chama renda. “Ah, mas podemos parcelar, fazer crediário e gastar mais do que nossa renda”, você pode estar pensando. E eu pergunto: Alguém come juros, bebe juros, dirige juros, viaja juros? Então por que pagar juros nos financiamentos intermináveis?
Será que vale a pena andar em carro do ano, ou com roupa da moda e ao mesmo tempo estar usando o cheque especial ou pagando juros no cartão de crédito? Como está a qualidade de vida neste momento? Você consegue trabalhar o dia todo concentrando suas energias e seu potencial nos problemas financeiros? Quão prejudicada está a sua produtividade e quão ameaçada estão a sua carreira e a sua vida pessoal nesse momento?
Ao manter um padrão de vida material acima das reais possibilidades financeiras, você prejudica sua qualidade de vida, uma vez que pode ficar estressado, não conseguir concluir seus planos, pode nem conseguir dormir direito e até adquirir problemas mais sérios como úlcera ou gastrite.
Boa parte das pessoas endividadas ficam assim devido a inexistência do planejamento financeiro. O profissional liberal, por exemplo, que tem renda variável, está muito sujeito a contrair uma “enxaqueca financeira” e precisa ter muito cuidado. Quanto mais problemas, mais o trabalho, que depende só dele, fica comprometido.
Portanto é necessário que façamos um processo de reeducação financeira, para que possamos “viver em paz com o dinheiro” e para que a questão financeira não seja um problema em nossa vida.
* Erasmo Vieira é palestrante e consultor em finanças pessoais, sócio-proprietário da Planner Finanças Pessoais