Carreiras | Empregos

por Clarissa Janini
Diversidade. Essa é a palavra que melhor define a formação do profissional de Recursos Humanos da atualidade. Antes conhecida como uma carreira voltada especificamente para psicólogos e administradores, a área de RH abriga hoje uma gama de profissionais com as mais variadas formações. Uma pesquisa feita ano passado pela SFHRM (Society for Human Resources Management) com mais de 4 mil profissionais do mundo todo revela que, no Brasil, eles são formados em, respectivamente: Administração com Ênfase em RH (18%), Administração (16%), Psicologia (12%) e Direito (8%). Os outros 46% são formados nos mais distintos cursos em pequenas porcentagens. Será que existe um curso de graduação mais adequado para quem deseja atuar no setor de RH?
“Não”. É o que diz Luiz Edmundo Rosa, membro do conselho administrativo nacional da ABRH – Associação Brasileira de Recursos Humanos. Ele, que é psicólogo, acredita que nos dias de hoje “a faculdade perdeu a hegemonia do conhecimento. A globalização tornou o ensino universitário insuficiente para garantir êxito na vida profissional, ainda mais na área de humanidades, onde está inserido o RH.”.
A consultora de carreiras da Mell Coaching e Desenvolvimento, Maria Emília Leme, tem formação acadêmica em pedagogia, curso mais voltado para a área de educação, e ingressou no universo de RH ainda na faculdade. “Lembro-me de um professor sugerindo que eu deveria ir além da pedagogia. Um pouco mais tarde comecei a estagiar no RH de uma grande empresa”. Ela garante que o curso universitário escolhido não é o fator principal no currículo de um profissional da área. “O que vai contar é a bagagem da pessoa. E isso se consegue não só através da graduação ou pós, e sim estando atualizado com a carreira e o mercado”.
Há quem tenha entrado na área “acidentalmente”, como a gerente de RH da SOS Computadores Esmeralda Queiroz, formada em Publicidade e História. “Estava difícil conseguir emprego nas áreas em que eu havia me formado. Um dia uma amiga que havia cursado história comigo me convidou para trabalhar com ela no departamento pessoal de uma indústria automotiva.” Ela conta que sua formação a ajudou no relacionamento humanístico com os outros funcionários, porém teve certa dificuldade nas partes técnica e financeira. Resolveu os problemas com atitudes pró-ativas: “a primeira coisa que fiz foram diversos cursos em administração e gerenciamento. Além disso, lembro-me de ter pedido ajuda a outros profissionais de RH de empresas próximas ao meu local de trabalho.” Também é o caso da advogada Nanci Bartos, hoje diretora de RH da Aon Corporation, empresa de soluções integradas de seguros. Ela cursou Direito planejando trabalhar em sua área de formação, mas as circunstâncias a levaram a mudar seu rumo. “Trabalhava em uma empresa no departamento de Direito Trabalhista e um dia me convidaram para fazer parte da equipe de RH. Gostei muito, não trocaria o que faço por nada”.
E o que têm a dizer os formados em Administração e Psicologia sobre a atual pluralidade dos profissionais da área? A gerente de RH da Samcil Vilma Guilherme, psicóloga, acredita que essa multidisciplinaridade é um fator positivo para as empresas. “É preciso apenas haver alinhamento entre os profissionais. Já vi muitos conflitos entre pessoas com visão mais humana e outras com perfil técnico. É preciso ser flexível e assim a complementaridade da formação dos indivíduos irá agregar mais valor à empresa.” Meiry Kamia, também psicóloga e consultora, acredita que existe um pouco de competitividade entre os RH’s de formações diferentes, “mas isso é um fator importante para a empresa não estagnar e não parar de crescer.”, pondera. Ela também acredita que a principal causa para a atual diversidade na formação dos profissionais foi a conscientização das empresas, que “perceberam a importância da motivação e satisfação dos funcionários e começaram a humanizar o RH. Isso fez com que se abrisse espaço para novas tendências e pessoas das mais diversas áreas.”
Formada em administração de empresas, Maria Teresa Merino não tinha muita idéia da área em que pretendia seguir nos tempos de faculdade. Quando entrou na Lilly do Brasil começou a trabalhar no departamento financeiro, com o qual tinha muita afinidade. “Depois de algum tempo convidaram-me para trabalhar em Recursos Humanos. Disseram que eu tinha características necessárias para o cargo, como saber trabalhar em equipe e conseguir resultados através de pessoas”. Hoje diretora de RH da empresa, ela conta que, em sua equipe, há profissionais com formações diversas e que isso “torna as discussões mais ricas e, conseqüentemente, mais fácil a busca por soluções.”
RH na veia
Algumas pessoas começam a trabalhar em RH antes de cursar uma faculdade. É o caso de Ester Sato, diretora de RH da Schering-Plough Coopers, que entrou na área com apenas 14 anos. “Queria ter independência financeira e fui procurar emprego em uma fábrica. No início era auxiliar de escritório, mas depois de dois meses pedi para meu chefe me transferir para o setor de RH.” Ela optou mais tarde por cursar Administração, após pesquisar com colegas de trabalho qual o curso que consideravam mais completo para a função.
O consultor Fernando Dias, da Career Center, também começou a trabalhar com RH antes da faculdade, o que não o impediu de querer cursar Economia, carreira com pouca tradição na área de Recursos Humanos. “Foi uma escolha pessoal, mas que acabou me ajudando a conseguir entender a empresa por inteiro.” Fernando diz que, mesmo sendo economista, ele se considera uma pessoa generalista e com a cabeça aberta para novidades.

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