Carreiras | Empregos

Por Taís Targa*
Na minha biografia profissional como psicóloga atuante há 12 anos na área de Recursos Humanos, especificamente com Recrutamento e Seleção, Planejamento de Carreira, Treinamento e Desenvolvimento, tenho observado a carreira de muitos psicólogos organizacionais e profissionais de diferentes formações da área de Recursos Humanos e gostaria de dividir com os leitores algumas reflexões sobre possíveis causas de sucesso e/ou insucesso de nossos colegas psicólogos.
Apontarei duas razões que proporcionam maior notoriedade aos profissionais da área de Recursos Humanos e que nem sempre são abordados em cursos de bacharelado em Psicologia. Tenho consciência de que as variáveis para o sucesso dos psicólogos na área de Recursos Humanos são inúmeras, mas devido ao formato deste artigo abordarei somente duas questões que de acordo com a minha percepção têm dificultado ou facilitado a carreira dos psicólogos organizacionais.
A primeira delas é a capacidade do psicólogo organizacional atuar com os famosos “indicadores” no ambiente organizacional. Entendo como indicadores os índices para monitorar fatores como os custos de pessoal e análise da produtividade. Estes são úteis na tomada de decisões, monitoramento da produtividade da área em questão e são balizadores para a gestão de ambientes organizacionais. Impreterivelmente, o psicólogo que atua no universo corporativo deverá utilizar da linguagem “padrão” do ambiente em que atua e conseqüentemente mostrará resultados por meio de recursos gráficos e planilhas eletrônicas.
Os acionistas, presidentes e diretores muitas vezes não têm tempo, interesse e nem obrigação de ler ou ouvir informações textuais com termos técnicos da área de psicologia ou mesmo de caráter subjetivo e sem respaldo quantitativo. Frente a um executivo, temos obrigatoriamente, o dever de utilizar termos que façam parte do cotidiano do mundo corporativo e também de empregar recursos que facilitem a compreensão do interlocutor. Portanto, capacidade de elaborar planilhas de Excel e apresentações em Power Point são habilidades que farão muita diferença na hora de “vender o seu peixe”, mostrar resultados alcançados e muito mais do que isto: apontar a importância do trabalho do psicólogo dentro da lógica empresarial.
Uma segunda habilidade, que inclusive engloba a capacidade de trabalhar com indicadores, é a afinidade com tecnologia. Entendo que, bem utilizada, a tecnologia serve, dentre outras utilidades, para facilitar a comunicação, aumentar a performance, facilitar a gestão do tempo e das pessoas. Não há mais como fugir do impacto das redes sociais, da microinformática e dos veículos de comunicação como skype, msn e e-mail.
Vejo muitos profissionais que falam com orgulho “Eu nunca entrei no Orkut, nem sei como funciona”, ou ainda, “prefiro olho no olho, nem me mande e-mail que eu não respondo” e outras afirmações que apenas revelam que estas pessoas muito em breve serão excluídos digitalmente e que, ao invés de aliarem-se à tecnologia e aproveitarem seus benefícios, acabam utilizando de idéias pré-concebidas e mostrando-se inflexíveis às diferentes e novas formas de comunicação.
Não podemos ignorar o fato de que as empresas estão sendo obrigadas a utilizar recursos tecnológicos como forma de aumentar sua produtividade e vencer a concorrência. Dentro deste contexto, precisarão cada vez mais de profissionais digitalmente evoluídos, que antevejam tendências e ferramentas para aperfeiçoar e otimizar o trabalho. Os psicólogos devem estar atentos a este fato, despindo-se de preconceitos quando o assunto é tecnologia. Somente por meio de uma familiaridade com o mundo digital é que o profissional de Recursos Humanos tem condições de discernir “o joio do trigo”. Ou seja, é necessário um conhecimento mínimo da tecnologia para poder tecer qualquer tipo de opinião sobre o assunto.
Muitas empresas inclusive aboliram o cargo de “Psicólogo Organizacional” e contratam “Analistas de Recursos Humanos”, sendo que estes podem ter qualquer formação superior. Na hora do processo seletivo ou de uma promoção interna tem muito mais vantagem aquele profissional que possui domínio de ferramentas tecnológicas que lhe propicia uma melhor propaganda de sua imagem e resultados atingidos. Por inúmeras vezes os psicólogos que possuem uma capacidade de “escuta” melhor e uma formação mais adequada para lidar com questões do “fator humano” acabam ficando em desvantagem e perdendo espaço no mercado para profissionais cuja formação e interesses permitem maior adesão à linguagem da organização.
Quem optou por atuar como psicólogo da área organizacional e pretende ter uma carreira de sucesso, deve imperativamente aliar-se aos recursos tecnológicos e apontar indicadores que mostrem ao mundo corporativo a importância do psicólogo no contexto corporativo.
*Taís Andrade Targa é Psicóloga e mestre em Educação pela UFPR, Coordenadora da Central de Carreiras da Universidade Positivo e Manager Partner da ttarga Career Consulting.

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