Esse foi mais um dia rotineiro para a Primeiro-Tenente Feminino Ruth Satsuki Kiryu Müller, ajudante de ordens do comandante do Corpo de Bombeiros de São Paulo. Incêndios, resgates, desabamentos fazem parte da vida de Ruth, que seguiu a carreira militar por influência da família. “Meu avô era fuzileiro naval no Japão durante a Segunda Guerra. Acho que já está no sangue!”
As primeiras mulheres a integrarem o serviço do Corpo de Bombeiros estavam mais concentradas no resgate, atividade próxima à enfermagem. Depois, a participação feminina foi ampliada até abranger todos os trabalhos da corporação. Hoje são mais de 40 bombeiras (sem contar aquelas em treinamento), das quais cinco são tenentes.
Assim como a atividade de Ruth, maquinistas de trem, operadores de metrô, agentes penitenciários também são considerados serviços estressantes, de certa forma perigosos e que não têm nada a ver com o universo feminino, certo?
Errado! Há cada dia que passa, as mulheres estão quebrando tabus e conquistando espaço em carreiras que exigem coragem e responsabilidade, mostrando que essas áreas não são restritas aos homens.
Mas e o medo de exercer estas profissões perigo? “Sentir medo é importante, ele nos faz agir com prudência e impede de cometer erros primários. O trabalho exige dedicação, treinamento e estudo, mas a compensação está nas vidas que podemos salvar”, diz Ruth.
Estes sentimentos também fazem parte do cotidiano da agente de segurança do presídio feminino do Tatuapé, Irma de Britto Makiyma, uma ex-dona de casa que começou a trabalhar no presídio depois que o marido faleceu, há nove anos. “Temos de ter muito jogo de cintura para trabalhar aqui. Receber ameaça de morte é uma coisa comum e devemos permanecer calmas.”
As agentes penitenciárias respondem pela disciplina das internas do presídio e não podem perder o controle da situação nem quando há tentativa de fuga. “Trabalhamos sob constante tensão aqui, temos de estar sempre alertas para qualquer problema e, acima de tudo, ter muito sangue frio!”, completa Irma.