Por João Florêncio Bastos Filho*
O mercado de trabalho tem valorizado, cada vez mais, o conhecimento em poder dos profissionais que estão nas organizações e que também participam de projetos em grupos de pesquisa independentes. Esses profissionais desenvolvem redes de relacionamentos que extrapolam os limites das organizações, seus clientes e seus fornecedores.
Os líderes já perceberam que alguns profissionais questionam o tradicional contrato de trabalho com carteira assinada e a presença física diária nas instalações das organizações. As relações entre as empresas e os profissionais estão passando por grandes mudanças porque a dependência transforma-se em parceria e abre novas oportunidades para o desenvolvimento de carreiras inéditas no setor.
A palavra carreira se origina do latim via carraria e significa estrada ou curso sobre o qual uma pessoa ou veículo passa. No final do século XIX a palavra carreiracomeça a significar o curso (trajetória) da vida profissional que permite oportunidades de crescimento e desenvolvimento para as pessoas no mercado de trabalho.
As pessoas, quando trafegam por uma estrada com os seus veículos, devem respeitar a sinalização, obedecer aos limites de velocidade e ter a devida habilitação para dirigir. Se estas condições não forem respeitadas, as pessoas ficam sujeitas às penalidades que serão aplicadas pelos órgãos responsáveis pelas leis de trânsito.
Por analogia, os profissionais, ao longo de suas carreiras nas organizações, também devem respeitar os sinais emitidos pela cultura organizacional, os limites dos territórios entre os departamentos, a hierarquia formal, o fluxo de poder informal e ter a devida qualificação e, mais recentemente, possuir algumas certificações que são oferecidas por determinados fornecedores.
Nas estradas, as pessoas podem trafegar de carro, de ônibus, de bicicleta ou mesmo a pé. Ao longo do trajeto vão se deparar com outras pessoas com veículos, velocidades, habilitações e destinos diferentes. Nas organizações, os profissionais iniciam as suas trajetórias em momentos diferentes, objetivos específicos e também com qualificações e certificações distintas.
Michael Arthur e Robert DeFillipi, no artigo The boundaryless career: a competency-based perspective, publicado em 1994 no Journal of Organizational Behavior,afirmam: carreira é o caminho que cada um de nós escolhe para encontrar o significado de nossas vidas. Esta abordagem sugere uma trajetória profissional autogerida, não mais limitada a empregos em seu formato tradicional, conforme as leis trabalhistas. Sugere também a opção por uma carreira sem fronteiras, ou seja, uma seqüência de oportunidades de trabalho que vão além do cenário de um simples emprego.
Colaborar no planejamento da carreira sem fronteiras dos profissionais, que questionam o tradicional contrato de trabalho, tem sido o grande desafio para os líderes que já estão no topo de suas carreiras, na medida em que o ambiente de trabalho é, constantemente, influenciado por redes de relacionamento ou informações que estão fora das organizações que, em algum momento, podem representar a fronteira a ser transposta.
*João Florêncio Bastos Filho, CMC, Consultor em Gestão de Carreiras por Competências, Professor do Curso de Capacitação em Consultoria do IBCO e autor do livroPlanejamento de Carreira – Segure firme o timão de sua carreira! – Ed.ÁrvoredaTerra, 2009.
Planejamento de Carreira para Profissionais sem Fronteiras
O grande desafio para os líderes no Brasil.
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