Carreiras | Empregos

por Laerte Cordeiro
Como pode em oferta de trabalho para um estagiário exigir-se um ano ou mais de experiência? O Estágio não serve justamente para adquiri-la?
Luiz Teixeira
:: RESPOSTA
Prezado Luiz,
Você tem toda a razão. É uma incoerência total pedir a um Estagiário que apresente experiência anterior, qualquer que seja a área de atuação.
O Estágio é, sem dúvida, um momento de aprendizado, de reconhecimento de situações, de vivência sem maior responsabilidade, é parte de um processo de formação do profissional futuro.
Claro que se estivéssemos falando de experiência em estágios anteriores, em outras empresas, outras atividades, outras culturas organizacionais, não haveria maiores problemas. Visões de diferentes ambientes pode ser uma variável importante na formação do estudante. Creio mesmo que essa é a grande razão para a exigência do estágio para a conclusão dos cursos superiores.
O que me parece é que estamos falando de emprego disfarçado e não de estágio. Se a empresa quer – por exemplo – uma “estagiária” de Psicologia para atuar na seleção de pessoal, na verdade pode não ser uma estagiária que ela quer, mas, sim, uma mão-de-obra barata para substituir uma profissional já formada e mais qualificada, porém mais cara para a organização.
É claro que se a empresa busca alguém já gabaritado para fazer trabalhos em tempo parcial e a custo menor, será necessário verificar se a pessoa tem experiência para realizar a tarefa pretendida. Obviamente, para esse emprego disfarçado será melhor aquele “profissional” que tenha a maior experiência. Nesse caso, então, por que não exigir 1 ano ou mais?
A outra pergunta que cabe, neste momento, é por que as empresas às vezes recrutam estagiários para empregos disfarçados? E a resposta talvez seja a de que com o desemprego e a falta de oportunidades no mercado para os jovens iniciantes de suas carreiras, os estudantes também têm, muitas vezes, que aceitar uma situação chamada de Estágio, mas que na realidade é um emprego, e até disputam ardorosamente essas vagas, que lhes permitem receber salários e benefícios.
Você Luiz, poderia perguntar: mas no emprego disfarçado de estágio o estudante também não aprende, para se tornar um bom profissional? Claro que sim, mas é preciso lembrar que o estágio tem por objetivo permitir uma visão do mundo prático, mas com muito sentido de análise, avaliação crítica, dúvidas. O emprego disfarçado obriga a uma identificação com aquela empresa, com aquele chefe, com aquela cultura organizacional. O Estagiário tem certa isenção que o funcionário não tem.
O tema nos faz indagar sobre vários assuntos relativos ao trabalho dos jovens. Algumas empresas e alguns jovens usam bem a oportunidade do estágio. Outros, nem tanto.
Um abraço do
Laerte Leite Cordeiro
:: QUEM É LAERTE CORDEIRO
Especialista em Busca de Emprego
Laerte Leite Cordeiro é Presidente da Laerte Cordeiro Consultores em Recursos Humanos, uma empresa de consultoria brasileira com 20 anos de experiência e dedicada a atuar na área de empregos e carreiras de executivos e profissionais. Uma das atividades mais importantes da Empresa é a orientação e o apoio para a busca de novo emprego, preparando seus clientes para o sucesso de seus projetos de recolocação. Economista, com Mestrado em Administração e especialização em Recursos Humanos, nas Universidades de Michigan State, Harvard e Stanford, Laerte é co-autor dos livros “Comportamento Humano na Empresa” e “Administração Geral e Relações Industriais na Empresa Brasileira”, além de inúmeros artigos em jornais e revistas especializadas.

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