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Você já pensou sobre o que o trabalho representa para você e para as outras pessoas? Já imaginou que para trabalhar em um ambiente saudável e de maneira agradável é importante que você conheça a importância e o peso que o trabalho tem em sua vida?
Para ajudar os participantes do Congresso Brasileiro de Qualidade de Vida a elucidar essas questões e fazer a relação entre qualidade do trabalho e qualidade de vida, Maria José Tonelli, psicóloga e doutora em Psicologia Social, apresentou durante sua palestra alguns dados de seus estudos e suas pesquisas sobre os sentidos do trabalho.
Uma das primeiras definições que as pessoas dão ao trabalho, segundo a palestrante, é “meio de sobrevivência”. Esse sentido do trabalho foi por muito tempo encarado de forma negativa, e para muitos o é até os dias de hoje. Isso porque nos séculos XVII e XVIII a nobreza não trabalhava e tinha garantida sua inserção social pelo título que carregava. O trabalho não era importante, digno ou necessário. Só a plebe trabalhava.
“Com a revolução burguesa e a industrial, o trabalho adquiriu outro sentido: continuou sendo um meio de sobrevivência para muitos, mas tornou-se um veículo para o reconhecimento da identidade social. Assim, nos sentimos mais ou menos aceitos socialmente de acordo com o cargo que ocupamos”, disse Maria José.
Isso é tão forte em nós até hoje que mesmo sabendo que estar desempregado não tem necessariamente ligação direta com capacidade e competência, ainda assim é fonte de sofrimento para nós.
A partir dessas considerações, a palestrante, que também é professora do curso de especialização em Psicologia do Trabalho na Universidade do Paraná, mostrou que o trabalho pode ser percebido como:

  • Atividade útil
  • Atividade com objetivo
  • Associado ou não a trocas econômicas
  • Prazer associado à sua execução
  • Inserção social
  • Socialmente organizado

Porém, o sentido do trabalho se altera novamente quando consideramos que as sociedades ocidentais são organizadas em torno do trabalho – organizam seu tempo e seu lazer em função dele – e que essa organização está em crise, principalmente no Brasil. Essa crise ameaça diretamente a qualidade de vida das pessoas. Os motivos já foram detectados:

  • Menos empregos estáveis e bem remunerados
  • Formas de gestão dominadas por preocupações financeiras, em detrimento da qualidade de vida no trabalho
  • Declínio da ética do trabalho (as pessoas se perguntam “por que trabalhar tanto se não consigo progredir e se não sou reconhecido?”)
  • Sistemas de formação em crise (a educação brasileira é fraca)
  • Os horizontes profissionais estão estreitos
  • Superqualificação X trabalho abaixo da média

De acordo com Maria José Tonelli, as conseqüências dessa crise atingem diretamente a nossa qualidade de vida, da seguinte forma:

  • Perda da auto-estima e de fontes de identificação
  • Destino profissional depende também de fatores externos
  • Desejos de identidade, de inserção social, liberdade e autonomia não desapareceram do indivíduo
  • Ambientes mais competitivos
  • Desintegração da vida familiar
  • Vínculos sociais superficiais
  • Repressão dos pensamentos e da imaginação
  • Comprometimento da criatividade e do envolvimento com as tarefas

Considerando esses fatores, a especialista em psicologia social mostrou que o trabalho que faz sentido e garante a qualidade de vida para as pessoas é:

  • Feito de maneira eficiente e leva a algo
  • Satisfatório
  • Moralmente aceitável
  • Garante segurança e autonomia
  • Mantém a pessoa ocupada
  • É fonte de expressão de relações humanas satisfatórias

Com a palestra de Maria José Tonelli conclui-se que é fundamental que o profissional de hoje conheça o sentido do trabalho para si mesmo e para a sociedade onde está inserido, a fim de buscar atividades e locais de trabalho que correspondam aos seus anseios e proporcionem qualidade de vida sempre.

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