Carreiras | Empregos

Por Gutemberg Macedo
“Quando estou me preparando para convencer uma pessoa, passo um terço do tempo pensando em mim, no que vou dizer, e dois terços pensando no meu interlocutor e no que ele vai falar”.  (Abraham Lincoln)
Durante todo o curso da civilização humana, os homens têm procurado ler a mente de outros homens, a fim de determinar que pensamentos agitem e movam a sua mente e alma. Esse esforço pode ser encontrado em todas as civilizações: a antiga, medieval, moderna e a pós-moderna.
A telepatia, termo usado pela primeira vez em 1882 por Frederic W. H. Myers, fundador da Society for Physical Research, definida na parapsicologia como “a habilidade de adquirir informação acerca dos pensamentos, sentimentos ou atividades de outra pessoa” é uma dessas tentativas e também aquela que ganhou maior notoriedade, a despeito da oposição empreendida por muitos cientistas. Não podemos esquecer ainda dos adivinhos, astrólogos, cartomantes, magos, figuras encontradas ao longo de toda história do mundo até mesmo nos palácios reais. Quem desconhece o episódio envolvendo os sábios judeus e o rei da Babilônia, Nabucodonosor, na antiguidade?
Os motivos comumente associados a esse desejo são de origem múltipla: eles ambicionam se proteger da maldade alheia; exercer influência e controle sobre as pessoas e suas ações; bisbilhotar; adivinhar e ler com precisão, o que elas estão pensando, entre outras razões.
Quem nunca ouviu expressões como: “Ah, se eu soubesse o que ele ou ela estava pensando fazer quando chegou aqui” e “Ah, se eu pudesse ter lido a sua mente. Com toda certeza, eu não teria cometido tantos erros na escolha das pessoas com as quais vivi, trabalhei e me relacionei”.
Há inúmeros momentos na vida de uma pessoa em que a habilidade de ler a mente humana é um ato de extrema importância e determinante para seu sucesso, quer na condução de uma negociação, na escolha de um amigo(a), parceiro ou sócio(a), na escolha de um jurado, do cônjuge, entre tantas outras escolhas feitas ao longo da vida. Essas escolhas são frutos de nossa capacidade de perceber – ler a mente – e fazermos deduções.
Como consultor especializado e com mais de trinta anos de experiência profissional orientando executivos em sua transição de carreira, “Outplacement”, de gerentes a presidentes, posso afirmar que se há um momento na vida de uma pessoa que exige habilidade para empreender a leitura da mente, esse momento é o da entrevista. Perceber os pensamentos que povoam a mente do entrevistador o beneficiará tremendamente, visto que poderá desenvolver estratégias vencedoras – a conquista do novo emprego.
Como a maioria dos profissionais não tem o dom de adivinho, a capacidade mediúnica, ou desenvolvido o poder mental telepático, o melhor e o mais recomendável é que se preparem para a entrevista. Se fizerem o exercício de casa, serão capazes de lerem a mente de seus entrevistadores e futuros empregadores. A razão é muito simples: estarão capacitados para perceberem os sinais, os significados e o modelo mental. Decifrarão melhor a linguagem verbal e corporal.
A lição ministrada por Abraham Lincoln é muito clara: “eu gasto dois terços do meu tempo pensando no meu interlocutor e no que ele vai dizer”. Esta é certamente a melhor maneira de se preparar para ler a mente humana – inteirar-se sobre omodus operandi do processo seletivo, conhecer o entrevistador e se aprofundar na busca do conhecimento de si mesmo. Todo e qualquer profissional que deseje conquistar seu lugar no mercado de trabalho deve se orientar por seu próprio juízo, conhecer as peculiaridades de seus entrevistadores e agir de acordo com a natureza daqueles com quem se dispõe a conversar.
As palavras de Baldassare Castiglione (1478-1529) são significativas e atuais: “Não seja tagarela, frívolo ou mentiroso, contador de vantagens nem adulador inepto, mas sim modesto e prudente. Por isso é preciso que cada um conheça a si mesmo e suas forças”. Em outras palavras, não seja displicente.
Eis alguns princípios que poderão torná-lo bem-sucedido em uma entrevista de emprego:

  • Coloque-se no lugar do entrevistador e diga apenas o que ele quer e espera ouvir de você. Em outras palavras: o que você pode fazer pela empresa – que valor você agregará? Por que você acha que se ajusta à cultura, aomodus operandi e atual equipe da organização? Que nível de conhecimento você tem sobre a empresa? Não minta, pois fatalmente será desmascarado!
  • Comporte-se com elegância, humildade e genuíno interesse para ouvir o que o entrevistador quer realmente saber sobre você – sua formação acadêmica, sua experiência, progresso empreendido em sua carreira até o presente, traços de personalidade mais marcantes, habilidades transferíveis, nível de comprometimento nos trabalhos que realizou, realizações mais importantes ao longo da carreira, vulnerabilidades mais visíveis e que podem comprometer seu desempenho e os erros que cometeu. Neste quesito, cuidado para não ser ingênuo.
  • Tenha as perguntas prontas e na ponta da língua. Perguntas inteligentes e que demonstrem seu nível de sabedoria e interesse em aprender coisas novas sobre a empresa, a posição, o mercado e as pessoas. Para encontrar as respostas certas você somente precisa fazer as perguntas certas. Afinal, como diz o provérbio chinês, “É melhor perguntar e parecer ignorante do que permanecer ignorante”.
  • Vá a uma boa livraria e compre os melhores livros que puder adquirir sobre a arte da entrevista. Leia-os e aplique seus ensinamentos em suas entrevistas. Muitas vezes, desperdiçamos grandes oportunidades simplesmente porque não nos preparamos adequada e completamente.

 
Boa leitura e muito sucesso em sua busca por nova posição.
 

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