Carreiras | Empregos

Se você tem conhecimentos avançados de Internet, informática, possui inglês fluente e é um expert em todas as ferramentas e teorias específicas da sua área, parabéns. Você é um forte candidato ao prêmio de “queridinho do mercado” em 2004. Mas, de acordo com especialistas em carreira e Recursos Humanos, você só será um profissional completo e requisitado pelas empresas se apresentar também competências comportamentais. As mais citadas foram, por ordem de importância: flexibilidade de se adaptar às mudanças; capacidade de trabalhar em equipe e manter um bom relacionamento com os colegas; comprometer-se de fato com os objetivos; ser um empreendedor mesmo dentro da empresa; gerar resultados efetivos; ser assertivo; ser um líder eficaz; ser ético; entre outras.
Isso vale para todas as áreas, porque cada vez mais as organizações estão descobrindo que não basta ser excelente tecnicamente, é preciso também que o profissional seja maduro emocionalmente e apresente as competências descritas acima.
Uma pequena amostra de que isso não tem sido assim até agora é o resultado da pesquisa feita pela consultoria Andrade Naufal, que entrevistou 300 profissionais ao longo do ano de 2003. O resultado mostrou que 30% do total – todas pessoas com experiência – ficaram de fora de processos seletivos por problemas atitudinais. “Verificamos que muitos não sabiam expor as suas idéias, outros não apresentavam iniciativa de fazer o que precisava ser feito, alguns não demonstravam comprometimento e outros tantos não tinham maturidade mesmo”, diz Iracema Andrade, sócia-diretora da consultoria.
A pesquisa não tem embasamento científico, mas demonstra com clareza uma situação cada vez mais latente no mercado de trabalho: profissionais com ótima bagagem técnica não conseguem permanecer por muito tempo no emprego por problemas de comportamento.
Houve uma grande e gradual mudança nas relações de trabalho: aquele técnico que resolvia todos os problemas e alcançava todas as metas, mas não falava com ninguém e sequer aceitava um almoço com a equipe, não existe mais, está morto. “O tempo das estrelas solitárias acabou, a nova onda no mundo do trabalho é formar equipes com multicompetências, onde cada um agrega um pouco do que sabe”, alerta Sönge A. Böge, sócio-diretor da Ray & Berndtson no Brasil.
As competências comportamentais estão tão em alta porque “é difícil lidar com pessoas no ambiente corporativo e manter bom relacionamento com elas em um período de crise e instabilidade como o atual”, destaca Elaine Saad, da Right-Saad-Fellipelli. Daí a necessidade de ter profissionais qie vençam essa dificuldade e sejam flexíveis, que aceitem as mudanças e saibam trabalhar sob pressão em ambientes novos. “Você não pode mais esperar pela verba da empresa para o treinamento, principalmente porque isso está ficando cada vez mais raro. Tem que batalhar para se manter atualizado e treinar as competências que você não tem, sejam elas técnicas ou comportamentais”, acrescenta a consultora.
Quantos Ronaldos você vê atuando em sua empresa? Você pode se considerar um profissional que marca o gol, que faz as coisas acontecerem? Que inova, inventa um jeito diferente de fazer as coisas e se destaca dos demais por estar sempre a frente do seu tempo? Este é o perfil do empreendedor corporativo, profissional cada vez mais requisitado em todas as áreas de atuação. “Esta é uma característica do profissional do futuro, mas que já vem sendo cobrada e valorizada atualmente”, garante Eduardo Bom Angelo, presidente da Brasilprev e autor do livro Empreendedor Corporativo – A nova postura de quem faz a diferença, lançado recentemente pela Negócio Editora. Mas Eduardo alerta: uma empresa não é feita só de craques. Os profissionais que planejam e executam continuam sendo muito importantes, pois são eles que darão o suporte para os empreendedores.
Pesquisa mostra incompatibilidade de discurso das empresas
Se competência técnica é pré-requisito, comportamento é o fator de diferenciação. Mas será que as organizações estão preparadas para receber estes profissionais com excelência técnica e comportamental? Para responder a essa pergunta, o professor e coordenador da célula de Comportamento Organizacional da Fundação Dom Cabral, Anderson de Souza Sant’anna, realizou a pesquisa “Competências individuais requeridas, modernidade organizacional e satisfação no trabalho: uma análise de organizações mineiras sob a ótica de profissionais da área de administração” como objeto de estudo de sua tese de doutorado pela Universidade Federeal de Minas Gerais (UFMG).
A pesquisa mostrou que a prática não condiz com o discurso. “As empresas querem os melhores profissionais, mas não sabem o que fazer com eles e também não conseguem retê-los”, afirma o professor.
Anderson lembra que diversas publicações, além de gurus e consultores defendem que os indivíduos precisam ter as mesmas competências e num mesmo grau, o que não é verdade. “O nível de proatividade de um operário de chão-de-fábrica é bem diferente daquele do gestor, que tem um papel de tomador de decisões e precisa demonstrar iniciativa em muitas situações no dia-a-dia”.
No caso dos estagiários e trainees, a situação é ainda mais complicada. As expectativas de ambos – da empresa e do jovem – são muito elevadas, o que acaba levando à frustração. “Eu fui demitida pelas mesmas razões pelas quais eu fui contratada”, declarou uma participante da pesquisa, referindo-se ao nível de iniciativa que demonstrou durante o processo seletivo. O único problema é que a empresa era extremamente autoritária e possuía uma hierarquia muito rígida. Resultado: quando a jovem começou a demonstrar que queria participar das decisões e agir proativamente, foi dispensada.
Como resolver o impasse? As empresas precisam mudar de postura se quiserem reter os talentos que contratam. “Até que ponto as organizações criam um ambiente que propicia o uso desses talentos?”, questiona o professor da FDC. A solução é fazer uso da Gestão por Competências, que não pode ficar restrita à seleção e deve ser usada sempre. “Os talentos dispensados acabam gerando um custo enorme porque entram, se frustram, acabam abandonando a empresa e, num nível mais elevado, podem até acabar doentes. Se a organização prega uma coisa – o uso da criatividade, por exemplo -, mas na prática o erro não é permitido, o recém-formado pode acabar trazendo a culpa para dentro de si, achando que é o responsável por tudo aquilo. Cria-se uma espécie de esquizofrenia organizacional, com conseqüências desastrosas e desnecessárias”, conclui Anderson.
O que o futuro nos reserva?
“Não se economize”. Esta é a dica da empresária e conferencista Leila Navarro para o futuro. “Ouse sempre, arrisque. No risco você não perde, investe, porque só aprende quando faz. Experimente áreas diferentes da sua. De muita coisa você não gosta porque não conhece”.
De acordo com Leila, o homem de negócios do futuro é:

  • ágil; agressivo; amante da tecnologia
  • empreendedor; inovador; pensa no concorrente como um parceiro de negócios
  • ousado; oniprexecutivo – está presente em todos os lugares
  • mais do que um buscador, é um varredor de informações – conectado a tudo, sabe todas as informações que interessam a ele e a seu negócio

“Você não tem que seguir as tendências. Tem que estar à frente delas”, disse Leila Navarro durante o evento “Futuro Empresarial – Novos Caminhos, Novas Tecnologias, Novas Lideranças”, que aconteceu em São Paulo em novembro de 2003.
Durante o mesmo evento, Marco Aurélio Vianna, presidente do Instituto MVC e especialista em estratégia, confessou: “Não estamos preparados para o grau de complexidade que estamos vivendo”. Vianna listou as revoluções em andamento no mundo atual:

  • Tecnológica
  • Globalização
  • Gestão
  • Econômica
  • Natureza humana

E as novas revoluções, que devem povoar os pensamentos da civilização em um futuro próximo, são:

  • Biomédica
  • Sociedade civil organizada
  • Sistemas de mercado heterodoxos
  • Desenvolvimento do conceito de inteligência competitiva nas organizações
  • Humantech
  • Metademocracia
  • Desenvolvimento sustentável

Onde você deseja estar em 2010? – perguntou outro palestrante do evento, César Souza. “O papel do líder é o de inventar o futuro e não de adivinhar o mesmo”, disse.
Por tudo isso, o ideal é começar a avaliar sua carreira e planejar o futuro hoje mesmo. A gente se encontra em 2010!

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