Carreiras | Empregos

por Cristina Amorim

Imagine o seguinte quadro: um grande ambiente com várias mesas, uma ao lado da outra, e diversas pessoas trabalhando e conversando ao mesmo tempo. Bagunçado? Não necessariamente. O fim das baias (ou divisórias) é uma tendência que cresce em diversas companhias pelo mundo, em especial nas empresas “pontocom”.
José Predebon, professor e consultor em criatividade, destaca que cada vez mais empresas integram seus ambientes, adotando políticas liberais de comportamento dos funcionários. “O conceito de trabalho mudou”, teoriza o professor. “Hoje, a transparência é valorizada e, com o fim das baias, tomou uma forma física.”
O extermínio das divisórias propicia a comunicação natural entre as pessoas. Mesmo que comecem a conversar sobre o jogo do domingo, a tendência é trocar figurinhas sobre o trabalho. Com isso, o “brainstorm” (troca de idéias) informal causa intercâmbio de experiências e efervescência de idéias, sempre bem-vindas em qualquer negócio.
Há desvantagens também, e a falta de privacidade e a dificuldade de concentração são as mais comuns. Para resolver, a empresa pode disponibilizar
salas de reunião para assuntos confidenciais ou pessoais. Já em relação a concentração, o funcionário precisa aprender a se “desligar” do restante do ambiente.
De acordo com Teixeira da Silva, diretor da consultoria de criatividade Pense Diferente, “as pessoas menos concentradas podem estranhar um pouco, mas o ganho compensa”.
Os dois lados do fim das baias são:
Prós
1.
Melhor comunicação entre os funcionários;
2.
Ambiente descontraído;
3.
Menor distância entre os níveis hierárquicos;
4.
Facilidade para tomada de decisões;
5.
Interação entre diferentes áreas.
Contras
1.
Menos privacidade;
2.
Mais barulho

Quando Marcel Telles tomou as rédeas da Brahma, hoje Ambev, em 1989, a política foi implantada e as paredes quebradas. As divisórias diminuíram de tamanho, permitindo ao funcionário ter uma visão total do ambiente de 2,4 mil metros quadrados. Os diretores ficam em uma grande mesa no centro, separada dos demais por baias de vidro, sem portas. Apenas duas salas na empresa possuem paredes – o atendimento aos clientes e a mesa de operações -, e mesmo assim, feitas de vidro.
Regina Langsdorff, gerente de Planejamento Integrado da Ambev e há 28 anos na empresa, lembra que a reação inicial não foi totalmente positiva: “A adaptação foi difícil, pois saímos de uma empresa austera e formal para um clima completamente diferente.”
Mas, segundo ela, a mudança compensa. “As vantagens são diversas. A velocidade de tomada de decisão é maior e podemos conhecer melhor outras áreas.”
No Starmedia, portal horizontal de Internet, o ambiente é similar: uma sala única, sem paredes, departamentos integrados e pouquíssimas salas – com paredes de vidro. A política informal dá o tom não apenas no escritório brasileiro, mas também em outros países. “O ambiente descontraído é motivante”, reforça Rosana Brito, gerente de Recursos Humanos da empresa.
Algumas regras para o bom convívio:

a. Não falar alto ao telefone;
b.
Evitar longas “reuniões” no corredor;
c.
Avisar ao sair da mesa;
d.
Ajustar o toque do celular para o silencioso;
e. Respeitar os limites – e o trabalho – do outro

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