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Por Roberta Castro
O mundo acompanhou atônito o resgate dos 33 mineiros que passaram 69 longos dias, 700m abaixo da terra, após a mina em que exploravam, no norte do Chile, ter sofrido um desmoronamento e ter impedido a saída dos mesmos de lá. A operação de resgate se transformou em um verdadeiro reality show e mostrou dia a dia os medos e as esperanças destes trabalhadores durante o longo período de confinamento.
Imagine o que eles passaram! Insegurança, incertezas, condições precárias, fome, saudade da família… O melhor de tudo foi que todos saíram  sem maiores problemas de saúde, fato quase inacreditável. Mas quais fatores foram determinantes para a sobrevivência dos mineiros? Fé, disciplina, esperança, superação, persistência ou tudo isso aplicado à resiliência?
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Em um dos módulos da pós-graduação em Comunicação Empresarial da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), da qual sou aluna, o renomado professor Aluízio Ramos Trinta dedicou boa parte das aulas sobre o conceito de resiliência. Esta palavra, um tanto quanto desconhecida, possui um sentido que muito tem a ver com o momento de superação vivido pelos mineiros no Chile. Mas o que significa ser resiliente? Tenho certeza que, mesmo sem conhecer o seu significado, você será capaz de identificá-lo em algum momento de sua vida, em que a determinação e a perseverança foram determinantes para levá-lo a um resultado positivo e produtivo. Quer ver?
A palavra resiliência é oriunda da Física e está voltada à capacidade de resistência a choques e a pressões impostos a um material que, pressionado ou impactado, volta a seu estado original sem apresentar deformações. Quando o seu sentido é aplicado à vida social, o seu significado volta-se à capacidade de resistência de uma pessoa ou de um grupo em manter-se íntegro, funcional e operante em situações difíceis e em condições adversas – exatamente iguais as que os trabalhadores soterrados na mina chilena passaram enquanto aguardavam por resgate.
Como diria o professor Aluízio, resiliente é aquele que, como o samba de Paulo Vanzolini diz, “Reconhece a queda / E não desanima / Levanta, sacode a poeira / Dá a volta por cima”. Assim, as situações vividas pelos mineiros do Chile se encaixam perfeitamente no significado e na importância de que ser resiliente – não só na vida, mas também no convívio corporativo – pode levar o indivíduo ao sucesso. Arrisco-me a identificar algumas competências humanas comuns do mundo corporativo, que foram primordiais para o sucesso da operação de resgate dos mineiros e que, quando combinadas, também contribuem no processo de desenvolvimento da resiliência:
– Espírito de Liderança: havia um líder no meio dos trabalhadores: Luís Urzúa. Ele foi o último mineiro a ser resgatado e mostrou, desde o primeiro momento do acidente, que era preciso haver democracia, disciplina e organização para existir solução dos conflitos e do problema em si;
– Otimismo, fé, esperança, perseverança e persistência: os trabalhadores passaram 17 dias soterrados sem a menor perspectiva de resgate e não desistiram. Eles acreditaram que poderiam ser resgatados, se mantiveram unidos e contritos em uma solução para a situação. Ocorreu um sentimento contínuo de esperança, que alimentou a convicção de que tudo seria resolvido, mesmo que isto não dependesse apenas deles. O mineiro Edson Peña, por exemplo, um dos primeiros a se comunicar com o mundo exterior através de cartas entregues à BBC, se indagava: “Por que não estou morto? Porque não é justo morrer. Por que eu deveria morrer? Por que eu deveria morrer?”
– Empatia: partindo do pressuposto de que empatia é a tendência de sentir o mesmo que o outro sente, este sentimento acabou por proporcionar uma união ainda maior entre os mineiros e os tornou ainda mais resistentes às adversidades e ajudou a amenizar os conflitos;
– Trabalho em Equipe: todos (até mesmos as pessoas que trabalhavam no socorro às vítimas) dividiram as mesmas expectativas, angústias e extremas condições de sobrevivência;
– Superação: cada um buscou, à sua maneira, uma “válvula de escape” para superar o momento de clausura. Edison Peña, que ficou conhecido mundialmente como o “mineiro corredor”, por exemplo, corria dez quilômetros por dia para canalizar a sua ansiedade no esporte e, assim, conseguir suportar todo o seu sofrimento;
– Inventividade: em conjunto, os mineiros tiveram que descobrir formas de sobreviver numa situação totalmente imprevisível. Coube à equipe de resgate a capacidade de inventar uma forma inusitada de retirar os trabalhadores e que, felizmente, foi eficaz durante todo o processo de socorro;
– Disciplina: sem organização e disciplina rígida, os mineiros poderiam ter entrado em conflitos maiores, colocando as suas vidas em risco, enquanto aguardavam pelo resgate.

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