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Por Carlos Hilsdorf*
O que realmente impressiona é o salto quântico entre duas gerações na atualidade, elas não são apenas diferentes, são intensamente diferentes, em uma proporção não vista nos ciclos anteriores da nossa história.
Das tribos nômades que um dia tornaram-se sedentárias e deram origem a sociedades ribeiras herdamos o fenômeno de identificação e ressonância que explica as neo-tribos atuais.
Sim, as neo-tribos atuais que reúnem “adulescentes” (está escrito corretamente – adulescentes mesmo) com ambições horizontais que os conduzem a linhas de desejo que deixam claro o seu interesse pelo privilégio da distância em tempos de surf do ego!
Ok, tecla SAP:
Adulescentes são pós-adolescentes que se recusam a viver de acordo com sua idade. Na década de 80 isso era conhecido como a Síndrome de Peter Pan, hoje bem poderia chamar-se Síndrome de Michael Jackson, mas isso implicaria outras conotações não convenientes. Assim, adulescentes são jovens em alguma fase do início da pretensa idade adulta que mantêm um vestir e falar “maneiro”, “ligado” e se recusam a assumir responsabilidades, estão sempre “pensando” sobre um futuro que não tem pressa em definir já que pretendem viver de “paitrocínio”.
Estes adulescentes têm ambições horizontais, ou seja, ao contrário das ambições verticais (dinheiro e poder) preferem não assumir compromissos e ir experienciando a vida, tornando-se uma espécie de generalista multicultural…
Esta ambição cultural não exime os desejos que, para os adulescentes são bem claros e objetivos e, caso você se interponha a eles ouvirá algo do tipo: “Hei, você está bem no meio da minha linha do desejo e eu vou passar…”
Adulescentes manejam o privilégio da distância. Um deles munido de um telefone celular (que está diretamente conectado aos neurônios ao passo de ser impossível a remoção sem graves danos ao paciente) invade a sua área, sua zona pessoal e o faz participar das particularidades da conversa que está tendo com alguém que você jamais conhecerá.
Na época das neo-tribos, os adulescentes internautas realizam com frequência o surf do ego, coloca seu nome em todos os mecanismos de pesquisa para encontrar o máximo de cyber referências e, quem sabe, novos parceiros para a sua tribo.
E com este novo tipo de velho-jovem-moço começam todas as novas “ondas”, como, por exemplo, os chás de divórcio, que são organizados para os da geração anterior que depois de um longo período de sofrimento recuperaram a liberdade de estabelecer novos vínculos civis de relacionamento.
Mas o sonho mesmo de todo adulescente consiste em depois de ter exercido bastante a sua ambição horizontal, por algum mecanismo, de preferência legal, tornar-se um novo rico itinerante, alguém com raízes móveis, muito parecido com personagens vips de novelas que nunca são vistos trabalhando ou fazendo algo mais que sacar seu cartão de crédito, verdadeiros cidadãos globais na era da virtualidade.
Por falar em virtualidade, não poderíamos deixar de citar o casamento, hoje, mais que nunca, muito virtual. Além das relações ditas abertas, onde cada um pode fazer o que bem entender e do pan-sexualismo onde cada um transa com quem ou o que quiser, os adulescentes lançaram os créditos de infidelidade – uma espécie de acordo sobre o número de casos extraconjugais que poderão ter enquanto durar o casamento, basta avisar a outra parte previamente.
Para quem acha que isso é mera ficção na era do e-conhecimento, e-aprendizagem, e-sexo, e-etc, experimente virtualizar-se de adulescente criando um nickname (apelido virtual) para visitar alguns chats, orkut entre outros cyber-spaces ou tente acompanhar seus filhos, sobrinhos e netos em uma balada light… Você não vai acreditar… E muito antes que você se dê conta, eles vão dar um “ctrl+alt+del” em você e limpar a lixeira para terem certeza que nenhum “Norton” poderá te recuperar!
Depois os professores não entendem porque os alunos perderam o interesse pela escola e os pais reclamam que os filhos não os respeitam mais. E as respostas são óbvias, mas só estão disponíveis para aqueles que aceitarem o desafio de compreender a lógica ilógica dos adulescentes. Aceite o desafio, afinal todos nós somos afetados pelos novos comportamentos!
Alias, qual é mesmo a sua tribo?
* Carlos Hilsdorf é colunista do Empregos.com.br, economista, Conferencista, consultor, Pós-Graduado em Marketing, pesquisador do Comportamento Humano e autor do livro Atitudes Vencedoras.

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